No último domingo (29/4), o atual arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cesar Costa, foi listado entre os 21 cardeais do consistório criado pelo Papa Francisco. Aos 54 anos, Paulo tornou-se o cardeal mais novo do Colégio. Mas ele não é o primeiro Arcebispo de Brasília a receber o reconhecimento. A igreja do Distrito Federal reúne a passagem de outros bispos que foram, também, chamados para serem conselheiros do pontífice. O Correio separou o nome de alguns sacerdotes, conheça as histórias.
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Dom José Freire
O falecido Dom José Freire Falcão esteve à frente da Arquidiocese entre 1984 e 2004, quando se aposentou. Em 28 de junho de 1988, foi feito cardeal, tendo participado, em 2005, dos funerais de João Paulo II e do conclave que elegeu o Papa Bento XVI. Nascido em 23 de outubro de 1925, na cidade de Ereré, no interior do Ceará, Dom Falcão sentiu o chamado religioso aos 9 anos. “Vi um dos meus tios se tornando sacerdote. Quando ele voltou, foi recebido com muita festa por todos do povoado onde nasci. Daí em diante, eu senti essa vontade”, disse, em entrevista ao Correio, em 2015, aos 90 anos.
Filho de um vendedor e de uma costureira, ele conta que antes da mãe engravidar, rezava a Santa Teresinha pedindo que o primeiro filho fosse padre. Primogênito, entrou no Seminário da Prainha, em Fortaleza, aos 14 anos, e, em 1949, foi ordenado. Em 1967, tornou-se bispo da diocese em que havia exercido o sacerdócio por 20 anos: Limoeiro do Norte (CE). Em 1971, ascendeu a arcebispo de Teresina, no Piauí, permanecendo até 1984, quando foi transferido para Brasília e, na capital, tornou-se cardeal.
Na entrevista que concedeu aos 90 anos, Dom Falcão confessou: “Sou um homem realizado. Não preciso de nada, pois tudo o que queria, Deus me deu”. Dom Falcão foi o segundo arcebispo de Brasília, à frente da Arquidiocese entre 1984 e 2004, quando se aposentou. Em 1991, ele preparou a recepção do Papa João Paulo II, criou a Casa do Clero e estimulou os movimentos eclesiais. Morreu em 26 de setembro de 2021, aos 95 anos. O líder religioso seguia o lema episcopal In humilitate servire, que significa: servir na humildade, em tradução livre do italiano.
Dom João Braz de Aviz
Já em 2012, Dom João Braz de Aviz foi o único brasileiro e latino-americano escolhido pelo Papa Bento XVI para ser cardeal. Ele foi eleito cardeal enquanto atuava como prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, após ser arcebispo de Brasília de 2004 a 2010. Catarinense, dom João Braz de Aviz entrou no seminário aos 11 anos. Comandou a arquidiocese da capital do país por quase sete anos, quando foi convidado para morar no Vaticano e atuar como um dos principais assessores do papa.
Antes de chegar à capital federal, dom João de Aviz foi bispo auxiliar da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo, onde recepcionou o papa João Paulo II, em 1994. Comandou a igreja de Ponta Grossa, no Paraná, e foi arcebispo da Arquidiocese de Maringá, no mesmo estado. Em sete anos na capital federal, o arcebispo não hesitou em se aproximar dos políticos. Em missa campal na Esplanada dos Ministérios, condenou com veemência a corrupção. Chegou a ser criticado por “opinar demais” sobre as questões polêmicas da cidade, mas suas atitudes agradavam à maioria dos religiosos e a grande parte dos brasilienses.
Em maio de 2010, conduziu o Congresso Eucarístico Nacional, um dos maiores eventos católicos já realizados no Brasil. Nos bastidores, há quem diga que a visibilidade conquistada no encontro influenciou no convite do santo padre.
Dom Sérgio da Rocha
Em 2016, o papa Francisco anunciou a nomeação do até então arcebispo de Brasília, Dom Sérgio da Rocha, como cardeal. O cardinalato chegou às mãos de Dom Sérgio após anos de imersão em comunidades pobres. Nascido em 1959, em Dobrada (SP), ele foi ordenado presbítero na Matriz do Senhor Bom Jesus de Matão, em São Paulo, em 1984. Desde então, percorre lares, paróquias e universidades para prestar auxílio religioso e prático aos fiéis carentes.
Em 2001, foi nomeado bispo pelo papa João Paulo II, como auxiliar de Fortaleza. Em janeiro de 2007, o papa Bento XVI o designou arcebispo coadjutor da Arquidiocese de Teresina. Também pelo papa Bento XVI, em 15 de junho de 2011, foi nomeado arcebispo metropolitano de Brasília, cargo que exerceu durante nove anos, até assumir a administração da Arquidiocese de Salvador (BA).
Entre as atividades de destaque, está a atuação do religioso como presidente da CNBB de 2015 a 2019. Em 19 de novembro de 2016 foi criado cardeal e recebeu o título da basílica de Santa Cruz na Via Flaminia, em Roma. É membro do Conselho da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos (Vaticano) e da Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL) e da Congregação para o Clero (Vaticano).
Dom Leonardo Steiner
Além de Dom Paulo Cezar da Costa, faz parte da lista de nomes dos novos cardeais, divulgada no último domingo (29/5), Dom Leonardo Steiner, arcebispo metropolitano de Manaus, que também tem sua história ligada à capital. O religioso já foi bispo auxiliar em Brasília. Leonardo nasceu em Forquilhinha, Santa Catarina, e tem 71 anos. Estudou filosofia e teologia nos Franciscanos de Petrópolis. Formado em filosofia e pedagogia pela Faculdade Salesiana de Lorena (UNISAL), foi ordenado sacerdote em 1978. Tomou posse como arcebispo de Manaus em janeiro de 2020 e será o primeiro cardeal da Amazônia brasileira.
Saiba mais: o que um cardeal faz?
De acordo com o anuário pontifício de 2013, o Colégio dos Cardeais foi formado em 1150, contando com o Bispo de Ostia (decano) e um Camerlengo ( responsável por administrar os bens da Igreja). O número de cardeais variou ao longo dos anos, estando atualmente em 208. A principal função dos Cardeais da Igreja Católica é eleger pontífice, de acordo com as normas previstas no direito peculiar. Além disso, os sacerdotes também atuam auxiliando o Papa, seja agindo colegialmente para tratar de questões de maior importância, ou individualmente para tratar do cuidado cotidiano da Igreja.