Frequentadores do Parque Nacional de Brasília — mais conhecido como Água Mineral — estão convivendo com inúmeros problemas como o fechamento de piscina e das lanchonetes, a demissão de salva-vidas e a preservação do meio ambiente . Desde que foi autorizada a abertura do processo de concessão do local à iniciativa privada, em agosto de 2020, as queixas não param. O espaço é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
A reportagem do Correio esteve no parque para ouvir os frequentadores e as denúncias sobre o suposto descaso no espaço de preservação ambiental. O aposentado Gustavo Adolfo, 75 anos, usa as piscinas da Água Mineral desde que chegou em Brasília, há mais de 50 anos. "Se privatizar, vai encarecer a prestação de serviço e não melhorar", analisa.
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O parque foi criado logo que Brasília foi construída, em 1961, a partir da necessidade de proteger os rios que forneciam água potável para a capital, além de manter a vegetação em estado natural. A unidade de conservação ocupa uma área de mais de 42 mil hectares e abriga as bacias dos córregos formadores da represa Santa Maria, que é responsável pelo fornecimento de 25% da água potável que abastece a cidade. Duas piscinas com água corrente atraem um grande público ao local.
Além das piscinas, o espaço também é ótimo para quem gosta da prática de esporte em contato com a natureza. O parque tem duas trilhas de pequena a média dificuldade. A Capivara, indicada para crianças, tem duração aproximada de 20 minutos. Já a Cristal Água tem duração de 1h a 3h40, no caso de caminhada, e de 20 minutos a 1h30, se feita de bicicleta, conforme percurso escolhido. O parque tem diversos tipos de vegetação. A fauna também é rica em diversidade com espécies raras ou ameaçadas de extinção. Quem caminha pelo local, pode se deparar com cobras, lobo-guará e várias outras espécies.
Piscina fechada
Os frequentadores locais também questionam a abertura apenas uma piscina — a velha — aos fins de semana e feriados, momentos em que o parque recebe um público maior. Conselheiro da Associação de Amigos da Água Mineral (Afam), entidade que reúne 498 integrantes, o professor Max Lucich, 54 anos, ressalta que "estão reclamando que não tem recursos para manter a segunda piscina aberta. Isso aqui é uma questão de saúde pública e lazer".
Para Max, outro problema que afasta o público são as lanchonetes fechadas. "Quando a família chega aqui, depois quer comer alguma coisa fora e voltar, não permitem o retorno mesmo com o ingresso caro de R$16 por pessoa", avalia. O valor da entrada é pago por pessoas abaixo de 59 anos. Acima de 60 anos é gratuito.
O presidente da Afam, Moacir Putini, 82 anos, destaca que o incômodo maior dos membros da associação é em relação à demissão dos salva-vidas antigos. "Demitiram quatro socorristas quando fechou uma das piscinas. Eles estão aqui há cerca de 13 anos e é um pessoal altamente capacitado", comenta o aposentado que sugere a recontratação do pessoal pela empresa que for contratada. "Já conhecem o local e têm prática".
Outro lado
Em resposta ao Correio, o ICMBio destaca que, ao longo dos últimos sete anos, o instituto verificou que o funcionamento de uma piscina por vez é suficiente para atender a demanda de visitantes do parque. Segundo o órgão, a média, mesmo em dias de muita movimentação, é de cerca de 500 visitantes durante todo o dia. Em abril, o parque registrou a média de 725 visitas por dia. Já em maio, foram 321 visitantes diários e, nos quatro domingos do mês de junho, 504 visitantes estiveram no local, em média.
"O ICMBio é responsável pela gestão das piscinas da Água Mineral e os cuidados ficam por conta das empresas terceirizadas contratadas para serviços como limpeza, recepção e bilhetagem etc. O Instituto pode buscar melhorias na oferta de serviços de apoio à visitação no parque por meio de permissões, autorizações e concessões, instrumentos próprios que não se confundem com a privatização, proibida em Unidades de Conservação Federal", ressalta em nota.
A respeito dos questionamentos sobre demissão de funcionários, o instituto respondeu: "Demissões de colaboradores devem ser apuradas junto à empresa terceirizada, que tem autonomia para essas decisões", comunica. Em relação à alimentação no local, os visitantes "têm a possibilidade de entrar com alimentação própria, seguindo as devidas orientações. As lanchonetes não estão operando por tempo indeterminado, até que uma nova operação seja definida para a gestão do uso público".
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