A cem dias das eleições, o senador José Antônio Reguffe (União-DF) anunciou, nessa sexta-feira (24/6), os planos para o pleito deste ano: vai concorrer ao Palácio do Buriti. A decisão era esperada por todo o mundo político do Distrito Federal. O motivo é que Reguffe foi protagonista nas últimas três eleições que disputou e chega à campanha com potencial de embaralhar o jogo.
Até o momento, o governador Ibaneis Rocha (MDB) caminhava como candidato com potencial de vencer a eleição no primeiro turno. Mas os adversários dele começam, agora, a reunir exércitos. Reguffe tem chance de crescer e disputar o segundo turno. No momento, além de uma base eleitoral forte, ele conta com um bom tempo de televisão, proveniente do partido, o União Brasil, e com aliados consolidados, como o Podemos, o Novo e o Solidariedade.
Está, ainda, perto de conseguir fechar uma aliança com o PSB, o que lhe garantirá um viés à esquerda para equilibrar a influência dos partidos de centro-direita que o apoiam. Reguffe e o pré-candidato do PSB ao governo, Rafael Parente, estão bem afinados.
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Com a definição de sexta-feira (24/6), Reguffe poderá trabalhar abertamente a chapa. Para abrir esse caminho e, em caso de vitória eleitoral, conseguir governar sem guerras, Reguffe propôs um pacto por Brasília. Assim, se eleito em outubro, não concorrerá à reeleição. "Assumo aqui o compromisso de não ser candidato à reeleição, para que tenha um governo de quatro anos que una a cidade, que faça dar certo. Nós precisamos ter um governo que dê certo. Não serei adversário de ninguém daqui a quatro anos", garantiu.
Essa promessa pode facilitar acordos, porque muitos políticos costuram candidaturas e alianças agora pensando em 2026, quando Ibaneis Rocha — se for reeleito — não poderá disputar novo mandato no Buriti. Não chega a ser algo inusitado, pois Reguffe nunca concorreu à reeleição em nenhum dos mandatos que exerceu até agora.
No pronunciamento de sete minutos transmitido nas redes sociais, Reguffe fez compromissos de gestão. Demonstrou que a saúde será prioridade e prometeu mutirões de cirurgias na rede pública. "Nós temos, hoje, muitos problemas, principalmente na saúde. Hoje, nós temos pessoas esperando há mais de um ano por uma consulta na rede pública. Hoje, nós temos pessoas há mais de três anos esperando por uma cirurgia na rede pública. Isso é a vida real das pessoas e, para isso, existe governo, para resolver o problema da vida real das pessoas", afirmou. Em seguida, defendeu o uso de centros cirúrgicos na madrugada e nos fins de semana para atender pacientes que esperam nas filas por um procedimento.
Reguffe prometeu medidas para geração de empregos e assegurou que a educação, a segurança pública e a melhoria dos serviços públicos também serão prioridade. "Nós precisamos de um governo que seja honesto de verdade e um governo que realize, que mude a vida real das pessoas, que seja ágil, que resolva os problemas", disse. Ele acrescentou que não pretende chegar ao Buriti para desfazer as coisas boas de outros governos. Vai manter realizações que deram certo e mudar o que está ruim.
Apostas
Durante meses, políticos do DF discutiam em conversas avaliações pessoais sobre o destino do senador. Alguns apostavam que ele queria ser candidato ao Senado ou até mesmo a deputado federal. Mas, no pronunciamento de sexta-feira (24/6), Reguffe deixou claro que não tem outro caminho nesta eleição, depois de ser o campeão de votos na disputa à Câmara dos Deputados, em 2010, e na corrida ao Senado, em 2014: "Agora, eu devo à população de Brasília uma candidatura a governador. Talvez, não fosse o caminho mais cômodo ou confortável para mim. Mas eu devo à população essa candidatura", afirmou.
Reguffe também deixou claro que não será candidato a qualquer custo. Ele disse que só enfrentará as urnas com uma campanha limpa, sem abrir mão de princípios. "Serei candidato, disputarei as eleições para tentar governar e representar você com a dignidade que você merece", disse. E ressaltou: "Eu preciso ter uma campanha que seja competitiva sem transigir em princípios, que ela consiga ser financiada cem por cento de uma forma limpa, sem dever nada a ninguém, para poder chegar lá e fazer o que é necessário para a população. Senão, não vale a pena. É melhor nem ser candidato".
Os próximos 30 dias serão decisivos para a consolidação da candidatura, até a convenção do União Brasil no fim de julho. Nesse período, Reguffe vai enfrentar adversários que tentarão impedir o sucesso de alianças, da campanha ou mesmo do apoio do próprio partido.
Enquanto isso, ele discute a composição da chapa. Entre os possíveis vices estão Rafael Parente, a deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF), o ex-presidente da Câmara Legislativa Joe Valle (PDT) e o ex-deputado federal Luiz Pitiman (Podemos). No caso de Paula, há uma dificuldade grande, porque o Cidadania está fechado em federação com o PSDB, que tem o senador Izalci Lucas como pré-candidato ao governo. Paula e Izalci estão em guerra pelo controle das decisões.
Joe vinha em conversa com Reguffe, mas, nesse meio tempo, o PDT decidiu lançar a pré-candidatura da senadora Leila Barros (PDT-DF) ao governo. Além da senadora, o deputado distrital Leandro Grass (PV) entrou no páreo como candidato de oposição a Ibaneis, representando a federação
PT-PV-PCdoB, liderada pelo ex-presidente Lula.
Ponto a ponto
Compromissos da eventual gestão
Mutirão de cirurgias
"Nós temos, hoje, muitos problemas, principalmente na saúde. Hoje, nós temos pessoas esperando há mais de um ano por uma consulta na rede pública. Hoje, nós temos pessoas há mais de três anos esperando por uma cirurgia na rede pública. Isso é a vida real das pessoas e, para isso, existe governo, para resolver o problema da vida real das pessoas. Nós temos hospitais, como o (de) Base, que têm 16 centros cirúrgicos. Vocês sabem quantos funcionam na madrugada? Só dois, para urgência. Vocês sabem quantos funcionam nos fins de semana? Só dois, para urgência. Ficam 14 ociosos, vazios. Nós temos de marcar cirurgia eletiva uma da manhã, duas da manhã, três da manhã, quatro da manhã, cinco da manhã, seis da manhã. Fazer mutirão de cirurgias."
Nova matriz econômica
"O Distrito Federal precisa, também, de uma nova matriz de desenvolvimento econômico. Não dá para ficar dependente apenas do serviço público. Nós precisamos escolher nichos de desenvolvimento econômico, induzir o desenvolvimento para as cidades. O conceito de felicidade moderno é a pessoa trabalhar perto de onde ela mora. Nós precisamos atrair empresas para cá. Gerando empregos nas cidades, nós vamos melhorar a qualidade de vida das pessoas, nós vamos melhorar o problema da mobilidade."
Mandato único
"Nós precisamos oferecer ao Distrito Federal uma nova alternativa, uma alternativa que continue as coisas que estiverem boas. Tem muitas coisas boas, também, que precisam ser continuadas. E que (se) mudem as coisas que não estiverem boas. Uma candidatura que não se preocupe com reeleição. Assumo, aqui, o compromisso de não ser candidato à reeleição, para que tenha um governo de quatro anos que una a cidade, que faça dar certo. Nós precisamos ter um governo que dê certo. Não serei adversário de ninguém daqui a quatro anos."
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