O indigenista Bruno Pereira foi homenageado pelo Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (OPI) em cerimônia no Centro de Convivência Multicultural dos Povos Indígenas (Maloca), na Universidade de Brasília (UnB), nesta sexta-feira (24/6). A cerimônia foi realizada no mesmo dia que ocorre o velório do indigenista no Recife.
Durante o ato, marcado por muita emoção, os ativistas presentes cobraram justiça por Dom Phillips e Bruno, que morreram juntos na Amazônia, e lembraram da importante atuação do indigenista. "Sempre contamos com essas pessoas. A partida tão repentina dessas duas pessoas talvez seja um aviso para a gente acelerar nossa luta. Em nome da articulação pedimos justiça por essas pessoas. A Amazônia vai respirar esse luto, mas vai continuar na luta", destacou uma das representantes da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga).
"Nós, lideranças indígenas espalhadas por todo o Brasil, queremos trazer uma palavra de conforto e de esperança", completou o cacique da terra indígena Tupã Nhe'e Kretã, representante da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
O indigenista e ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) Sidney Possuelo também prestou uma homenagem ao colega. "Bruno é um combatente e os combatentes lutam e, às vezes, podem sucumbir. Ele sucumbiu na luta pela defesa dos povos indígenas, pela preservação da Floresta Amazônica. Lamentavelmente veio esse acontecimento. A luta tem que continuar", disse.
"Apesar da perda de Bruno, a luta em defesa da preservação dos povos indígenas vai continuar." Sidney Possuelo, indigenista e ex-presidente da Funai, em homenagem a Bruno Pereira na @unb_oficial. #JustiçaPorDomEBruno! pic.twitter.com/WqxlTnXMg2
— socioambiental (@socioambiental) June 24, 2022
Durante o ato, os indígenas ainda protestaram contra o marco temporal - tese que considera que os povos originários só tenham direito a reivindicar terras ocupadas antes da Constituição de 1988.
Em uma publicação nas redes sociais, a OPI declarou a tristeza e a revolta com a morte de Bruno e do jornalista Dom Phillips. "Agora que os espíritos do Bruno estão passeando na floresta e espalhados na gente, nossa força é muito maior", diz trecho.
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Bruno Pereira atuava como indigenista há 11 anos. Ele era especialista em povos isolados e de recentes contatos. O Vale do Javari, onde ele estava, é a região do mundo que concentra a maior quantidade de povos isolados do mundo.
Velório
O indigenista está sendo velado em cerimônia aberta ao público nesta sexta-feira no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife. O corpo dele será cremado às 15h.
Quatro suspeitos de envolvimento com a morte dos dois foram presos até o momento. Amarildo da Costa, conhecido como "Pelado", o irmão dele, Oseney da Costa, o "Da Costa; Jeferson da Silva Lima, o "Pelado do Dinha"; e Gabriel Pereira Dantas. A polícia não descarta a existência de um mandante. A lancha usada pelos dois passou por pericia. O resultado deve sair em até 30 dias.
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