A respeito da agressão que a servidora Débora Evelin sofreu na Unidade Básica de Saúde 9, no P Sul, nesta quarta-feira (22/6), Jorge Henrique, presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal (SindEnfermeiro-DF), afirma que falta, por parte da Secretaria de Saúde (SES-DF), fazer o acolhimento de quem sofreu a violência a fim de entender os motivos que levaram um paciente ou até mesmo um agente público a praticar violência. “É preciso que a gestão crie canais de comunicação diretos com os servidores que são violentados e sofrem agressões para que a Secretaria de Saúde identifique e tome medidas para impedir que novos casos aconteçam”, diz.
Por sua experiência — mais de 10 anos como servidor público — ele não enxerga como sendo comum que a população agrida servidores públicos. Portanto, a onda de agressões que esses agentes têm sofrido coincide, segundo suas palavras, com a pandemia. “A gente identifica que há um problema estrutural da Secretaria e que está relacionado à organização da própria rede assistencial”, analisa o presidente do SindEnfermeiro-DF. “Para o sindicato, a violência se expressa por conta da desorganização da rede assistencial da Secretaria de Saúde”, continua.
Segundo o especialista, a estratégia de saúde da família tem, cada vez mais, se responsabilizado por atender emergências e urgências, o que leva a essa superlotação. Débora Evelin, a servidora agredida, conta que eles atendem em média 700 a 800 pessoas por dia, e são responsáveis por todo o setor do P Sul.
De acordo com Jorge Henrique, é de extrema relevância que a SES-DF esteja atenta e receba a demanda do servidor, que muitas vezes fica abalado e não quer voltar para o próprio serviço com medo de ser agredido novamente, como é o caso de alguns médicos que atuaram na Unidade Básica de Saúde 9 e deixaram seus cargos ao longo dos anos. De acordo com Jorge, uma das soluções seria prestar, além desse suporte, o serviço de medicina do trabalho, bem como de psicólogos, para entender quais motivos estão levando a população a agredir servidores da Saúde.
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Para ele, muitos pacientes têm encontrado, ultimamente, dificuldade em receber assistência, seja nas Unidades Básicas de Saúde, ou nas de Pronto Atendimento, e isso gera essa “fúria” da população. Há, muitas vezes, a incapacidade de ofertar serviços, exames, medicações e cirurgias.
Ele ainda diz que é preciso entender a situação, uma vez que a população “não é nossa inimiga”. “A princípio, a gente precisa também resguardar e proteger os servidores enquanto a gente faz uma discussão de planejamento estratégico, a nível de gestão e assistência para que todos esses problemas de déficit de pessoal, de falta de infraestrutura e condições de trabalho sejam resolvidos”, afirma.
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