Obituário

Morre, aos 88 anos, a professora de português Íris de Castro

Além da docência, Íris de Castro dedicou a vida ao catolicismo. Devota de São Miguel Arcanjo, ela não resistiu a uma infecção generalizada e morreu nesta terça-feira (21/6)

Rafaela Martins
Jáder Rezende
postado em 21/06/2022 23:59 / atualizado em 22/06/2022 00:12
Dona Íris nasceu em Formosa (GO) e veio para Brasília em 1968 para casar com Paulo Ferreira da Costa -  (crédito: Arquivo pessoal)
Dona Íris nasceu em Formosa (GO) e veio para Brasília em 1968 para casar com Paulo Ferreira da Costa - (crédito: Arquivo pessoal)

Católica praticante, mas aberta a todas as religiões, professora de português exigente, filantropa e com o dom da premonição, Íris de Castro,de 88 anos, morreu nesta terça-feira (21/6), deixando uma verdadeira legião de amigos e admiradores. A docente morreu às 10h50, em um leito do hospital Santa Lúcia Norte, onde estava internada há duas semanas para tratar uma infecção generalizada. O quadro de pneumonia evoluiu e o último suspiro veio por insuficiência respiratória.

Natural de Formosa (GO), Íris foi a sexta entre 13 filhos de Jonas de Castro e Anna de Jesus Melo. O pai foi prefeito da cidade por duas vezes, além de promotor, delegado e juiz de paz. A mãe, dona de casa, ocupava-se com a educação dos filhos, todos criados rigidamente, em escola católica, onde aprenderam a falar francês e latim fluentemente.

Em 1968, Íris veio para Brasília para casar-se com o servidor público Paulo Ferreira da Costa, falecido há quatro anos, de infarto, aos 92 anos. A moça conheceu e se apaixonou pelo marido ainda em Formosa. Com ele teve dois filhos, Paulo e Pauliris, que lhes deram quatro netos e dois bisnetos. Fixou residência na quadra 105 da Asa Norte, que se transformou em ponto de peregrinação, sempre em busca de orações e conselhos.

Nora de dona Íris, a servidora pública Isabel Cristina Rodrigues Costa, 48, conta que a sogra sempre pautou suas ações pela fé e esperança de dias melhores. "Era um vaso precioso do Senhor. Se doava às pessoas como nunca havia visto antes. Uma mulher de fibra, franca, honesta e lutadora. Distribuiu muitas curas Brasília afora, por meio de suas orações poderosas", recordou.

Devota de São Miguel Arcanjo, dona Íris era frequentadora assídua da Capelania Militar de São Miguel Arcanjo e Santo Expedito, na Asa Norte, onde conviveu anos a fio com o pároco Júlio César Silva Mônaco, 56, que tomou posse na paróquia em 2002. "Era uma mulher de fé, carismática, que se dedicava a orações e ao trabalho de cura e libertação. Muitos acorriam a ela e sempre eram prontamente atendidos. Chegavam a fazer fila para rezas", lembra padre Mônaco. "Dona Íris ia às missas todos os domingos e também em dias da semana. Sempre foi uma pessoa muito bondosa, disposta, nunca negava acolhimento aos outros", completou.

Gratidão

Ministra da eucaristia e membro da Pastoral da Misericórdia da paróquia, a médica pediatra Eunice Araújo, 74 anos, é mais uma a falar, com muito carinho, de dona Íris. Ela disse que foram 25 anos de convivência que deixarão saudades eternas. "Íris orava muito por todos. Tinha o dom da profecia, verdadeiras visões. Alertava as pessoas sobre riscos de roubos, acidentes. Quando alguém estava em dificuldade sabia a quem recorrer", afirma, relembrando um episódio de um senhor que teve um irmão assassinado e jurou vingança.

"Íris viu que aquela atitude iria provocar ainda mais dor para todos e conseguiu demovê-lo dessa ideia", relatou, destacando, ainda, o trabalho voluntário abraçado por anos pela benfeitora. "Sempre ajudava as pessoas com alimento, roupas e o que fosse preciso. Eu, como médica, a auxiliava quando alguma criança precisava de atenção imediata”, completou.

O policial civil Marcelo Souza, 51, era uma espécie de pupilo de dona Íris. "Foi uma das pessoas mais maravilhosas que conheci. Era como se fosse minha mãe. Sempre a acompanhei em suas consultas de orações e testemunhei verdadeiros milagres. Vi ela curar inúmeras pessoas, inclusive com câncer, por meio de suas orações, até mesmo o meu irmão Márcio, que tinha câncer no intestino", lembrou.

Sua esposa, a contadora Karen Castro, 46, foi testemunha dos milagres de dona Íris. "Era uma mulher ímpar, resiliente em todos os sentidos. Dona de uma bondade e sabedoria incomum. Era também muito engraçada. Fazia piada de tudo. Nos ensinou que rir é o melhor remédio”, ressaltou.

Velório

Dona Íris deixa os filhos Paulo Júnior, 51, e Pauliris Costa, 49, os netos Isabela, 31, Isadora, 19, Enzo, 13, Samuel, 5, e os bisnetos Daniel, de 2 anos, e Manoela, de 7 meses. O corpo da devota será velado a partir das 14h, na capela 6 do cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. O sepultamento será às 16h30.

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