O Estacionamento da Administração Regional de Ceilândia recebeu no último final de semana, 18 e 19 de junho, a segunda etapa do 22º Circuito de Quadrilhas do Distrito Federal e entorno. Com arquibancadas lotadas, 14 juninas do grupo especial apresentaram espetáculos que abordaram a fé, literatura, amores impossíveis, contos de fadas e até assombrações. A próxima etapa da categoria será nos dias 9 e 10 de julho, no Estacionamento da Castelo Forte, em Samambaia.
De acordo com os organizadores, mais de 10 mil pessoas estiveram presentes no evento. Quem não conseguiu lugar para sentar na plateia, fez como o enfermeiro Leonardo Molina, de Taguatinga, que assistiu às apresentações em pé, bem próximo a grade. “Vale muito! Eu acho que a dança junina toca muito fácil o coração porque fala de amor. Me falaram que eles ensaiam o ano inteiro e dá para ver. Eu fico imaginando a história de vida de cada um, ensaiando, tirando um pouquinho da vida dele para fazer esse show gigante”, disse.
A grande vencedora da 2ª etapa foi a Quadrilha Formiga da Roça com o espetáculo “A promessa”. Na encenação apresentada no domingo (19/06), a junina de São Sebastião fez o grande público viajar até o Sertão de Pernambuco para conhecer a história do fazendeiro Chico Moqueca, interpretado pelo marcador Daniel Brito, que após ter uma graça atendida por São José, casa a própria filha Rosinha (vivia pela pela noiva Eduarda Lemos) com uma assombração.
Um dos grandes destaques da apresentação foi o personagem do noivo, o “Gusmão”, interpretado pelo educador físico Dimas Moraes. A maquiagem bem produzida e os olhos expressivos chamaram atenção dos espectadores. Ao Correio, o brincante revelou que investiu mais de R$ 2 mil somente no figurino da quadrilha. “Sem contar com o sapato, o cinto e outros adereços. O traje foi assinado pelo figurinista Júnior Almeida, do Tocantins e a maquiagem foi feita por um maquiador daqui de Brasília. A gente gasta muito, mas tudo é feito com muito amor pelo movimento e pela quadrilha”, reforçou.
Celebração em dobro. A Formiga da Roça está de malas prontas para representar o Distrito Federal no São João de Campina Grande, na Paraíba, onde fará uma apresentação especial no Parque do Povo e Pirâmide Jackson do Pandeiro na próxima sexta-feira (24/06). Além da apresentação, a Formiga irá participar de um intercâmbio cultural na cidade cenográfica Sítio São João e visitará os principais pontos turísticos do Estado.
O segundo lugar ficou com a quadrilha Si Bobiá a Gente Pimba, da Samambaia Sul, que também se apresentou no domingo (19/06). Através do tema “Retalhos: contos, histórias e memórias de São João”, os quadrilheiros falaram os sentimentos humanos, contradições do dia a dia e a beleza presente nas ações de quem vive, levanta, cai, vence, é derrotado, se fortalece e recomeça. Este ano, a Pimba celebra três décadas de história.
O presidente Claudeci Martins falou que este ano foi desafiador. “Quem olha esse espetáculo acha que é muito fácil, mas não é. É muito difícil e muita dedicação. Esse ano começamos a ensaiar muito tarde. Tivemos dias onde começamos a ensaiar pela manhã e só terminamos no final da noite. É muita luta. Você abre mão de muitas coisas. De momentos familiares. Você deixa de viver momentos de lazer com amigos. Mas aqui somos uma família”.
A Arroxa o Nó, do Paranoá, ficou em terceiro lugar com a apresentação “No picote do papel picado”, que trouxe lembranças dos 23 anos de história no ciclo junino. Eles trouxeram no último sábado (18/06), lembranças afetivas do ciclo junino e homenagearam a fundadora Dona Lourdes que faleceu no dia 6 de novembro de 2019, aos 69 anos, após lutar contra um câncer no intestino.
“Essa senhora aqui, Dona Lourdes, era a mulher que se você chegasse lá em casa, ela sempre iria colocar um pouquinho de água no feijão”, disse o marcador Vagner de Souza, o Vaguinho, apontando para o desenho da mãe. “Uma pernambucana arretada que veio de Itapetim, no Sertão de Pernambuco, para morar em Brasília e sustentou a família com o suor da costura. Quando chegou aqui, disse que iria montar uma quadrilha junina boa porque não gostava de quadrilha feia. Em 2019 quando ela descobriu o câncer e sentiu que talvez não pudesse estar conosco em 2020, fez questão de repassar tudo o que sabia para a nossa quadrilheira Vivian Nogueira. Antes de falecer, ela chegou a ver o nosso figurino e abençoou”, recordou.
Avaliação
Em cada etapa, as quadrilhas são avaliadas em coreografia, marcação, casal de noivos, figurino, trilha sonora e harmonia. A coordenadora de avaliação, Alexa Guerra, explicou que o júri tem caráter formativo e em cada edição, os representantes recebem algumas análises por escrito para melhorias. “As observações servem para que as equipes possam melhorar a qualidade do trabalho que estão executando. A gente encara essa avaliação como uma grande responsabilidade da gente para fazer crescer esse movimento e fazer crescer a própria profissionalização das quadrilhas. É fazer com que as quadrilhas olhem para o próprio trabalho e busquem se profissionalizar cada vez mais”, reforçou.
Veja o álbum com todas as quadrilhas do Grupo Especial
Confira a classificação geral da segunda etapa
1. 179,9 Formiga da Roça
2. 179,9 Si Bobiá a Gente Pimba
3. 179.8 Arroxa o Nó
4. 178.8 Paixão Cangaço
5. 178.8 Rasga o Fole
6. 178.6 Sabugo de Milho
7. 178.0 Ribuliço
8. 177.8 Xamegar
9. 177.7 Amor Junino
10. 177.4 Arraiá dos Matutos
11. 177.4 Sanfona Lascada
12. 175.3 Xém Nhem Nhém
13. 174,6 Xique Xique
14. 170,5 Pula Fogueira
O evento é organizado pela Liga de Quadrilhas Juninas do Distrito Federal e Entorno e conta com incentivo da Fundação de Apoio à Cultura (FAC). Todas as apresentações foram transmitidas ao vivo através do canal da organizadora. A próxima edição será realizada no Estacionamento da Administração Regional de Samambaia, nos dias 8 e 9 de junho.
Próximas etapas:
3ª ETAPA “ARRASTA PÉ”:
Data: 09 e 10 de julho
Endereço: Samambaia – Quadra 302 Conjunto 8 – Estacionamento da Castelo Forte;
4ª ETAPA “ZÉ PEREIRA”
Data: 23 e 24 de julho
Endereço: Taguatinga – Taguaparque – Arimateia
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