Os olhos contemplam, encantados, os estandes cheios de livros; as mãos folheiam as páginas recheadas de histórias; e os ouvidos passeiam atentos a trajetórias narradas e cantadas. Sejam adultos ou crianças, os visitantes se perdem na magia das obras literárias ao andarem pelos corredores da 36ª Feira do Livro de Brasília (Felib), no Complexo Cultural da República, na Esplanada dos Ministérios. Com o tema "O quadradinho, o quadrinho e a leitura… Sempre em frente", em homenagem ao ilustrador e escritor Roger Mello, o evento tem previsão de receber cerca de 80 mil pessoas até domingo (26/6).
A edição deste ano começou na última sexta-feira (16/6), no Complexo Cultural da República, na Esplanada dos Ministérios. Entre os recursos para atrair o público, além dos itens à venda, há bate-papos e contação de histórias. Curador literário e coordenador de comunicação do evento, Marcos Linhares comenta que a organização fechou parceria para levar estudantes da rede pública de ensino à Felib. "Temos quase 70 expositores e cerca de 180 mil títulos. Em nossa parceria com a Secretaria de Educação, vamos receber, entre os 80 mil visitantes esperados, 14 mil alunos", calcula.
Saiba Mais
Marcos menciona outro diferencial de destaque neste ano: as histórias em quadrinhos — ou HQs. "Temos um espaço para isso e, no fim de semana passado, trouxemos ao evento o Hugo Canuto, que tem se destacado nos cenários nacional e internacional depois que produziu a HQ Conto dos Orixás, com (essas divindades como) super-heróis. Há um local enorme na feira com as ilustrações da obra dele. Em outros dias, teremos conversas sobre ilustração e a importância delas no mercado de publicação. A Felib está muito rica, com uma programação que atrai todo tipo de público. Quem for vai encontrar algo de que gosta", reforça.
Contadora de histórias há mais de 20 anos e participante da 36ª edição da feira, Letícia Mourão é uma das responsáveis por oferecer oportunidades para que os jovens se apaixonem pela leitura. "O livro fechado é apenas um objeto, mas, quando você usa o meio da contação de histórias, ele se torna um portal, um caminho para encantar os leitores. Isso permite que os mais novos se apaixonem pela magia da obra e se surpreendam com o que a literatura é capaz de fazer", destaca.
Integração
Para Arlene Muniz, 66 anos, a feira apareceu como oportunidade para realizar o sonho de publicar um livro. No entanto, a professora aposentada não quis produzir só uma história infantil; no livro O Meguinho sapeca, ela trabalha temas como a integração de pessoas com deficiência auditiva por meio da Língua Brasileira de Sinais (Libras). "Há poucas obras adaptadas para alunos com deficiência, e decidi atender a essa demanda. Além do alfabeto, a história tem palavras e sinais em Libras nas páginas, para as pessoas aprenderem. E as ilustrações foram feitas pela minha neta, Giulia Leão, de 6 anos", orgulha-se a escritora.
O desejo de abordar o assunto surgiu devido ao trabalho de Arlene como professora de alunos surdos, no Gama. "Percebia como é importante permitir que ocorra essa inclusão. Libras é a primeira língua que eles aprendem; depois, vem o português. Se eles aprendem a linguagem de sinais, fica bem mais fácil trabalhar o restante dos conteúdos. Meu foco é permitir que o livro tenha essa acessibilidade, muitas vezes esquecida. A obra que pretendo publicar no ano que vem é voltada a deficientes visuais, com audiodescrição. Caso consiga apoio do FAC (Fundo de Apoio à Cultura), quero incluir outros recursos desse tipo", adianta.
Expectativas
Ana Carolina Felix, 21, de Ceilândia, e Mariana de Sá, 22, do Gama, combinaram de visitar a 36ª Felib juntas. "Ela (Ana Carolina) ficou sabendo do evento e me chamou para acompanhá-la. Demos uma olhada e procuramos o que compensava", detalha Mariana, que prefere livros de ficção científica, enquanto a amiga gosta mais de clássicos da literatura. "Viemos à feira outras vezes, mas quando éramos crianças. Faz muitos anos. Ainda assim, o passeio de hoje (segunda-feira) está muito bom. Só que pesquisamos bem os preços, para comprar algo em conta", completa Ana Carolina.
A universitária Bruna Oliveira, 34, está no Distrito Federal de passagem, mas não perdeu a chance de visitar a Feira do Livro. "Estou em Brasília como turista. Sou de Belo Horizonte. Dei uma olhada nos livros acadêmicos que o evento oferece, mas também busquei leituras de distração, mais leves. O que procuro sempre são preços mais atrativos. Os livros do meu marido e da minha sogra estão separados, mas, os meus, costumo selecionar com mais tempo. Procuro saber qual é a edição, se o texto é integral ou não. Dou uma garimpada antes de comprar alguma obra", detalha.
A busca pelos livros aumenta as expectativas de venda dos expositores. José Maria da Silva, dono da Livraria Aplicada, diz que espera aumento do lucro em relação a 2021. "Já participamos de umas cinco feiras do livro e, neste ano, nossa projeção é vender 10% a mais do que no ano passado. Em nosso estande, tentamos diversificar bastante. Temos livros técnicos, de saúde, de educação. Fazemos isso para que o leitor tenha escolha", conta.
Coordenadora da livraria Leitura, Graziette Cristina Bertho afirma que a loja aposta em livros infantis e infanto-juvenis para o público Felib, em virtude da quantidade de visitantes dessas faixas etárias. "Durante a semana, grande parte dos frequentadores são alunos trazidos pelas escolas. E, com base no primeiro fim de semana (da feira), esperamos uma venda 20% superior se comparada ao ano passado", projeta.
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O Correio Braziliense também está na 36ª Felib, com um estande que exibe as principais capas publicadas pelo jornal ao longo dos 62 anos de história da capital do país. Visite o espaço, faça uma foto e marque o Correio nas mídias sociais.