Reconexão. Com o passado e com o presente. Com as vivências de moradores. Com a natureza. Com a juventude. A ideia dos habitantes que vivem próximo à Praça do DI, em Taguatinga, é essa: movimentar a população para voltar a usufruir do espaço e transformá-lo, outra vez, em local de troca de histórias e de vivências entre a antiga e a nova geração.
O anúncio de que parte da praça seria vendida à iniciativa privada fez esse movimento ganhar ainda mais força. “Gerou aquela comoção, porque é uma praça muito querida, mas que já vinha há alguns anos passando por um processo de ‘esquecimento’”, afirma a bióloga e moradora da região Amanda Coelho.
Os moradores ainda não sabem o que o novo dono do lote — que tem cerca de 800 m² — pretende fazer no local, mas já começam a se articular com a Administração Regional para ressignificar o espaço. “Estamos buscando novas formas de, não só reconquistar a praça, mas de reconstruir a comunidade em volta do lugar”, explica o médico Júlio Carneiro, que participa do coletivo.
Júlio explica ainda que a ideia é que não haja uma liderança e, sim, uma rede de pessoas conversando e tomando as decisões. “Existe a rede, que é aberta e não exclui ninguém, nem as pessoas em situação de rua, nem quem comprou o lote, porque todos são considerados potenciais participantes de uma rede”, complementa.
“Nesse momento nós estamos a lutar para evitar que se construa um prédio no lote que foi vendido na praça”, conta Joaquim Gil, natural de Portugal e que mora em Taguatinga há 10 anos.
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História e vivências
O poeta, professor, jornalista e radialista Ismar Lemos, 68 anos, conta que todos os domingos moradores se reúnem na praça para um café da manhã. “Nós não estamos aqui para brigar, nós estamos aqui para acolher, inclusive o comprador do espaço, se ele quiser participar aqui conosco, para ver que somos pessoas da paz, gentis e que querem apenas fazer a defesa da praça”, afirma. “Como dizia Castro Alves, ‘A praça é do povo como o céu é do Condor’, então o povo tem que ocupar essa praça”, completa.
Para o ativista cultural Eloy Barbosa, que começou a frequentar o local em 1970, a praça é um lembrete afetivo, pois foi pano de fundo para a vida dele. “Eu jogava bola com colegas da empresa onde eu trabalhava. Quando eu casei, vinha com a minha esposa. Depois, com os meus filhos. E, hoje, eu trago os meus netos”, conta.
“A praça é justamente esse espaço do encontro dialógico de pessoa a pessoa, ou melhor: de ser humano para ser humano. As pessoas que vêm aqui podem ser artesãos, advogados, médicos, pessoas em situação de rua, que podem estar com a gente e participar desse diálogo, que abre espaço para a esperança”, pontua o psicólogo João Bezerra, 44, que também participa das conversas no local. A advogada Natacha Ana, 33, ratifica: “A gente conversa muito com os moradores e eles querem preservar isso e viver esse lado da praça novamente”.
Outra ideia para a revitalização do local é reinstalar a pista de skate que existia por lá. Na roda de conversa, eles contam que a pista antes funcionava como uma atrativo para o público jovem. Caio Vinícius Lima tem 25 anos e é dono de uma loja próximo à Praça. Ele conta que o local já foi referência em revelar talentos do skate no Distrito Federal e que, sem o espaço, os skatistas precisam se deslocar a outros pontos para praticar o esporte. “Seria maravilhoso ver novamente, porque daria vida nova para a praça, por exemplo. Famílias viriam com o pessoal, porque o skate não tem idade”, pontua.
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