A 5ª Vara de Entorpecentes do Distrito Federal negou, nessa sexta-feira (10/6), o pedido de devolução do veículo apreendido pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) durante a operação que prendeu Geovane Gonçalves de Souza, 38 anos, conhecido como “Nego Gel”, apontado como um dos maiores narcotraficantes do Distrito Federal. Ele foi preso em dezembro de 2021 e, na época, o carro foi apreendido.
O pedido de restituição foi impetrado por um homem que alega ser o dono legítimo do veículo. Ele afirmou que adquiriu o carro por meios lícitos. No documento, o autor do pedido pontuou que não teve envolvimento com os fatos que resultaram na apreensão do automóvel. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que também atuou na prisão de Nego Gel, pediu pelo indeferimento da solicitação.
Desde a prisão de Nego Gel, o veículo está apreendido pela PCDF. Em uma das diligências, policiais civis flagraram Geovane saindo da garagem de casa, no Vale do Amanhecer, em Planaltina, com o Jetta alvo do pedido de restituição.
Na residência, os agentes encontraram 37kg de skunk; 500 gramas de cocaína; 10kg de maconha; munições calibre .380, .38 e 9mm, além de um carregador de 9mm vazio dentro de um baú. A casa de Geovanne contava, ainda, com um invejável esquema de segurança, com grades altas e dois cães da raça Rottweiler. Ao que tudo indica, o veículo era utilizado pelo narcotraficante para transportar drogas.
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Decisão
Na sentença, a magistrada negou o pedido de restituição do veículo e sinalizou que os bens apreendidos na operação de dezembro devem permanecer em poder da autoridade policial, para que avance nas investigações e diligências futuras. “Ao término destas, verificar-se-á se o bem era próprio para a prática dos crimes objeto de apuração ou se foi adquirido com os proventos da infração, hipóteses nas quais se mostra inadmissível sua restituição e sua perda em favor da União inevitavelmente ocorrerá”, enfatizou.
Ainda na decisão, a juíza reconheceu a solicitação de indeferimento do MPDFT, que apresentou declaração afirmando que o carro — alvo da operação — foi apreendido em dezembro, e que o único documento apresentado pelo autor da restituição do veículo apreendido aconteceu quase seis meses após a apreensão. Como o veículo ainda interessa ao processo, a juíza decidiu indeferir a solicitação.
Prisão
Apontado como um dos maiores narcotraficantes do Distrito Federal, Nego Gel foi preso durante uma operação deflagrada pela Coordenação de Repressão às Drogas da Polícia Civil (Cord/PCDF) e pelo Ministério Público do DF (MPDFT). O criminoso acumula extensa ficha criminal por crimes de homicídio qualificado, extorsão, ameaça, roubo, tráfico de drogas, posse e porte de armas, além de ser investigado por manter contato com traficantes do Paraguai. A prisão ocorreu na sexta-feira, 10 de dezembro.
As investigações iniciaram ainda em 2020. À época, policiais civis realizaram diligências em Planaltina de Goiás e em Formosa (GO), endereços onde Geovane estaria se escondendo. Neste ano, os agentes receberam a informação anônima de que o criminoso teria voltado a morar no DF, especificamente no Vale do Amanhecer, em Planaltina, em decorrência de uma série de conflitos com rivais de Goiás. Em um vídeo publicado nas redes sociais, Nego Gel aparece atirando para o alto de dentro do carro: a atitude seria uma espécie de ameaça a outros traficantes.
Novas informações repassadas aos investigadores indicam que o traficante armazenava drogas, várias armas de fogo, munições de grosso calibre e até silenciadores. De acordo com a apuração policial, Geovane estaria envolvido na “Guerra dos Milhões” com traficantes de outros países, como o Paraguai. "Ele tinha forte atuação na região Norte do DF, abarcava a região de Sobradinho, Planaltina e Paranoá e difundia pânico e muitas drogas ilícitas e ostentava em redes armas de fogo, efetuava disparos para assustar seus concorrentes. Um indivíduo extremamente perigoso", detalhou o delegado Rogério Rezende.
Captura
Em uma das diligências, os policiais flagraram Geovane saindo da garagem de casa em um Jetta. Durante a operação, os agentes foram recebidos na casa por uma mulher, grávida de nove meses, que relatou não ter conhecimento sobre a existência de drogas no imóvel.
Um homem apontado como comparsa de Geovane, Galvan Souza Silva foi preso dentro da casa, procurado no Estado da Bahia por dois roubos (dois mandados de prisão em aberto). O Correio, à época, apurou que tanto Geovane quanto Galvan tiveram as prisões flagrantes convertidas em preventivas pela Justiça do DF.
*Estagiário sob a supervisão de Guilherme Marinho
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