CB.Saúde

"Nosso tormento não acabou"

Paulo Martins*
postado em 03/06/2022 00:01

A infectologista Joana D'arc Gonçalves alertou para o aumento no número de casos de covid-19, bem como de outras doenças que circulam no Brasil e no mundo, em entrevista ao programa CB.Saúde — parceria do Correio com a TV Brasília —, ontem. Ela chamou atenção para o risco de reinfecção pelo novo coronavírus mesmo em imunizados, devido à queda de anticorpos. "Lamentavelmente, a vacina não tem a durabilidade que a gente esperava. O vírus tem driblado o sistema imunológico. Além da quebra de anticorpos, novas variantes conseguem escapar também dos imunizantes", explicou à jornalista Carmen Souza.

Joana ressaltou que vírus e bactérias fizeram parte da história, interferindo nas civilizações, como protagonistas. "Existem alguns artigos falando da possibilidade de santuários, onde o vírus se esconde, e a gente tem visto o caso de pessoas que nunca se recuperaram da covid-19, apresentando cansaço e incapacidade laboral. A gente tem que ter cuidado com esse vírus. Infelizmente, o nosso tormento não acabou", lamentou.

Mutações

Sobre a hepatite misteriosa, registrada recentemente no Reino Unido e que tem acometido crianças, Joana D'arc detalhou que a doença no fígado é causada por uma mutação do adenovírus. De acordo com ela, há a possibilidade de casos mais graves em um cenário de coinfecção com a covid.

Há preocupações também com o surgimento de variantes da varíola do macaco, que recentemente tomou os noticiários. "Sempre há a possibilidade de uma mutação. O zika vírus, quando chegou no Brasil, produziu microcefalia, com uma epidemia que ninguém tinha visto no mundo", declara a infectologista.

Joana D'arc destacou, ainda, os perigos do vírus mayaro, que causa uma doença pouco conhecida e transmitida pelo Aedes aegypti. "Sabemos dos casos na Europa e nos Estados Unidos, porque eles têm tecnologia de biologia molecular e laboratorial que a gente não tem. O que se sabe é que é semelhante ao vírus da febre chikungunya, que traz transtornos de saúde, incapacitando as pessoas em período prolongado", concluiu.

*Estagiário sob a supervisão
de Guilherme Marinho

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