Com gasolina por R$ 5, Dia Livre de Impostos tem grandes filas em postos

Brasilienses aproveitaram a iniciativa, principalmente, para abastecer os veículos. No DF, 32 estabelecimentos participaram do projeto, que tem o objetivo de conscientizar consumidores e empresários sobre a carga tributária

Deborah Hana Cardoso Carlos Silva*

postado em 02/06/2022 22:35

O Posto Jarjour, na 206 Norte, diminuiu o preço do litro da gasolina de R$ 7,79 para R$ 5. Veículos fizeram fila - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

O comércio brasileiro promoveu, nesta quinta-feira (2/6), o Dia Livre de Impostos (DLI), que busca conscientizar os consumidores e os varejistas a respeito do quão pesada é a carga tributária sobre os produtos. Pelo menos, 40 mil estabelecimentos em todos os estados e no Distrito Federal participaram da ação, segundo a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e a Câmara de Dirigentes Lojistas Jovem (CDLJ).

Na capital do país, 32 estabelecimentos participaram da iniciativa e ofereciam produtos diversos, desde alimentos, botijão de gás, remédios, cosméticos, itens de higiene pessoal e limpeza, de diversas regiões administrativas. O destaque foram os combustíveis. O Posto Jarjour, na Asa Sul, até as 11h atendeu cerca de 250 motoristas que buscavam aproveitar os preços baixos. O litro da gasolina comum caiu de R$ 7,79 para R$ 5, sem os tributos.

Dono do posto, Wonder Jarjour participa da ação há 11 anos. Para ele, expor para a população a quanto se paga de impostos no país é fundamental. "O intuito da campanha também é conscientizar o consumidor acerca da carga tributária. Protestamos para mostrar que o real motivo do preço elevado de alguns produtos é devido aos altos impostos", afirma. De acordo com o empresário, o imposto estadual é o de maior impacto, chegando a cerca de 42% sobre o valor final da mercadoria.

O garçom Maciel dos Santos, 33 anos, foi um dos que aproveitou o DLI para abastecer o veículo. Ele mora em São Sebastião, e veio com a moto, na reserva, até o posto da Asa Norte. "O Brasil é um país que tem uma carga tributária muito alta. Isso impacta em muita coisa, como na alimentação, por exemplo, mas sinto principalmente nos combustíveis", relata.

O aposentado Donato de Carvalho, 63, saiu de Planaltina para abastecer o carro. Ele considera que a conscientização da sociedade sobre os valores dos produtos e dos impostos deveria ser maior, principalmente acerca dos combustíveis. "Eu entendo parte da política de preços, porém seria melhor orientar mais a população sobre como ela funciona. Deveria ter iniciativas mais eficazes nesse sentido", conclui.

O coordenador da Câmara de Dirigentes Lojistas Jovem (CDL Jovem), Hugo Leite, destaca a adesão de lojistas à campanha. "O imposto tem que existir, mas não da forma que está agora. Hoje, ele é complexo, complicado de calcular, e demanda muito tempo do empresário para fazer todo o cálculo e auditoria. Isso pesa na ponta do consumidor", avalia.

Perda de renda

A tributação no país é feita em três pilares: renda, patrimônio e consumo — o do consumo é considerado regressivo, ou seja, penaliza de menor rendimento e com o aumento da inflação, diminui os salários, aumentando o empobrecimento. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), 40,82% do rendimento médio do brasileiro é tributado.

A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) mostra que até maio deste ano, a população do país desembolsou mais de R$ 1 trilhão com os tributos. O Impostômetro destaca que o Distrito Federal arrecadou cerca de R$ 75 bilhões em impostos desde janeiro.

*Estagiário sob a supervisão de Guilherme Marinho