Estado de saúde

Criança atropelada por motorista embriagado recebe alta: 'Milagre', diz mãe

Maria Eduarda, 10 anos, é uma das cinco crianças atropeladas em Ceilândia, no último domingo (22/5). Ao Correio, a mãe dela disse que está aliviada e que a menina não teve ferimentos graves

Uma das crianças que foi atropelada no último domingo (22/5), em Ceilândia Norte, recebeu alta nesta terça-feira (24/5). Maria Eduarda da Silva Moura, 10 anos, saiu do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), onde estava internada, e foi para casa, no Sol Nascente. A mãe da menina, a diarista Francisca Silva, 35, disse ao Correio que a rápida recuperação da filha foi um "milagre". "É um alívio ver que ela está bem e em casa. Ela não teve ferimentos graves, somente alguns hematomas. Mas, pela gravidade do acidente, é um milagre", contou.

Ed Alves/CB/D.A. Press - Manifestação de alunos no Instituto Abraço Solidário, no Sol Nascente, após crianças atropeladas por motorista bêbado
Ed Alves/CB/D.A. Press - Diarista Francisca Silva, 35 anos, mãe de Maria Eduarda, 10, atropelada por motorista bêbado em Ceilândia Norte .
 

De acordo com Francisca, Maria Eduarda se recupera sem dificuldades. A garota não tem reclamado de dores, mas ela e a mãe estão preocupadas com as outras crianças, ainda internadas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). "Mas creio que vai ficar tudo bem com elas", disse Francisca. "Estou só com algumas dorezinhas nos machucados, mas estou bem", relatou Maria Eduarda, ao Correio.

A jovem acrescenta que foi bem cuidada no hospital, mas que está preocupada com suas amigas. "Espero que elas fiquem bem e logo estejam aqui comigo", torce Maria Eduarda. No local do acidente, as marcas do crime ainda podem ser vistas. Mas na lembrança da menina, resta somente o medo que sentiu antes de ser atingida. "Fiquei muito assustada, porque eu não sabia que isso ia acontecer", disse.

Maria Eduarda e a mãe também participaram, na manhã desta terça-feira (24/5), de uma manifestação feita no Instituto Abraço Solidário, no Sol Nascente, para pedir justiça e mais segurança para as crianças da comunidade. No local, cerca de 50 crianças e moradores da região se mobilizaram com placas. A balconista e moradora do Sol Nascente, Mayara Santana, 28 anos, é mãe de amigos das crianças que ainda estão internadas.

De acordo com ela, os filhos estão muito abalados e não conseguem ir à escola desde o acidente. "Eu também não tenho conseguido fazer muita coisa, porque eu sou mãe e me vejo no lugar delas. Sei que é uma dor muito grande, e a gente não pode fazer nada a não ser pedir Justiça, para que isso não fique impune, e que ele pague pelo que fez, pois destruiu a vida delas e a da gente também", contou Mayara, emocionada.

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Relembre o caso

Francisco Manoel da Silva, 53, atropelou as cinco crianças enquanto atravessavam a faixa de pedestres. Policiais militares tiveram que conter a população, que pretendia linchar o motorista. Ele também tentou fugir, mas foi detido por pessoas e motociclistas que presenciaram o crime. Em exame no Instituto Médico Legal (IML), foi constatado a embriaguez do condutor, que afirmou à polícia ter consumido uma dose de uísque. Ele estava sem a carteira de habilitação.

Na manhã desta terça-feira (24/5), o motorista passou por audiência de custódia e teve a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva. A decisão foi da juíza de direito Monike de Araújo Cardoso, do Núcleo de Custódia de Ceilândia. A defesa de Francisco chegou a pedir a liberdade provisória do cliente, mas a juíza entendeu que o crime chocou toda a população do DF pela gravidade, e que houve caráter doloso nas ações do motorista.

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Questionado antes da audiência se queria se pronunciar sobre algo, o pedreiro afirmou que “nunca foi preso na vida”. A juíza, no entanto, reiterou que, em 2015, Francisco Manoel teve uma passagem por outro delito de trânsito. À reportagem, o delegado Fernando Crisci, da 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Norte), que apura o caso, confirmou que o homem já havia sido flagrado dirigindo sem habilitação.

"Ele estava abalado no depoimento, mas confessou tudo e confirmou que estava embriagado. Ouvimos também, como testemunha, o irmão dele, que estava junto com o autor no carro, no momento em que tudo aconteceu. O irmão contou que ele nunca tirou a carteira, que usa o carro da filha, e que ele foi quem convenceu Francisco a parar o carro depois do atropelamento", explicou o delegado.

*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel