Saúde

Casos de dengue sobem no DF e se aproximam de um novo recorde

Levantamento mostra que a quantidade de casos prováveis de dengue nos primeiros quatro meses do ano se aproxima dos índices de 2020 e 2019, quando foram registrados as maiores altas da década

Apenas nos primeiros quatro meses deste ano, o Distrito Federal registrou uma triste marca do avanço da dengue. Entre 3 de janeiro e 8 de maio, a Secretaria de Saúde (SES-DF) identificou 43.104 casos da doença na capital, o que representa um aumento de 528,2% no número de infectados, em comparação ao mesmo período de 2021, quando foram registrados 6.593 casos prováveis. O Correio fez um levantamento com os Informativos Epidemiológicos publicados pela SES-DF desde 2012 e verificou que a quantidade de casos de 2022 já se aproxima dos totais de 2020 (47.575) e de 2019 (44.311), quando foram registrados os maiores números da última década. Vale destacar que, em 2020/21, o isolamento social impactou para baixo o número de casos.

Além disso, o mais recente Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, divulgado em 13 de maio, aponta que a Região Centro-Oeste teve a maior taxa de incidência de dengue neste ano, com 1.171 casos por 100 mil habitantes. E entre as 27 unidades da Federação (UF), o DF teve a segunda maior taxa nos primeiros quatro meses do ano, com cerca de 1.223 casos por 100 mil habitantes. Neste levantamento, o DF ficou atrás apenas de Goiás, que registra 1.714 casos de dengue por 100 mil habitantes.

Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - Priscila Menezes: "O exame para dengue deu positivo e indicou que era um caso reincidente"
Divulgação/CBMDF - Cerca de 300 bombeiros ajudam nesta guerra contra o mosquito
Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - Priscila Menezes: "O exame para dengue deu positivo"
ED ALVES/CB/D.A.Press - Núcleo de Vigilância Ambiental faz vistoria na Estrutural
ED ALVES/CB/D.A.Press - O avanço da dengue preocupa a Secretaria de Saúde, que aumentou ações para conter o Aedes aegypti em regiões como a Estrutural

A servidora pública Priscila Menezes, 43 anos, é uma das pessoas que foram acometidas pela dengue neste ano. Ao ser diagnosticada, em fevereiro, ela também descobriu que já teve a doença em outra ocasião. "Fui ao hospital com minha filha, porque ela estava doente, com febre, e eu também pedi um atendimento porque sentia muito cansaço e dor no corpo, achei que seria só gripe ou covid. Mas, na hora, o exame para dengue deu positivo e indicou que era um caso reincidente. Fiquei chocada, porque nunca suspeitei", conta.

Felizmente, a doença não evoluiu para um quadro mais grave, e com muita hidratação e acompanhamento médico, Priscila se curou em pouco mais de uma semana. Moradora da Asa Norte, a servidora ainda não sabe como foi infectada. "Sempre tomei cuidados específicos contra a dengue em casa, e na minha família ninguém mais pegou, então realmente acho que não tinha o vetor no meu apartamento. Mas eu ando muito pela rua, e sei que uma atitude errada de algum vizinho, por exemplo, pode ter colocado em risco a saúde de todos", diz Priscila.

Para outras pessoas, porém, a doença pode ser fatal. Segundo o infectologista do Hospital Brasília André Bon, os quadros mais graves da dengue, caracterizados por dor abdominal intensa, vômitos persistentes, sangramentos e febre alta, devem receber atendimento médico com urgência e podem evoluir a óbito. Ele recomenda que o paciente também procure ajuda se sentir cansaço, dores nas articulações e ao redor dos olhos. "A principal forma de se evitar a dengue é evitando a proliferação do mosquito. Mas além disso, outras medidas podem ser tomadas, como a utilização de repelentes, especialmente aqueles com concentração acima de 20% ou 50%, e a instalação de telas nas janelas de casa", reforça o especialista.

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Combate constante

Em nota, a  SES-DF a pasta ressaltou que os casos de dengue passaram a aumentar em todo o país, e não apenas no DF, desde dezembro de 2021. O órgão também listou fatores que podem ter contribuído para esse aumento: as mudanças climáticas e a adaptabilidade do mosquito Aedes aegypti a essas mudanças; as fortes chuvas registradas no fim de 2021 e início de 2022; e o comportamento da população, que passou a ficar mais em casa devido a pandemia de covid-19, o que gerou o acúmulo de lixo e outros materiais favoráveis a proliferação do mosquito.

A secretaria também informou que o GDF tem se esforçado para executar, diariamente, em todas 33 regiões administrativas (RAs), atividades de prevenção e combate à dengue. "Foram 500 novos agentes contratados no fim do ano passado. Todos os dias, os agentes de vigilância ambiental estão nas ruas vistoriando os imóveis do DF, e recentemente, 300 militares do Corpo de Bombeiros (CBMDF) foram capacitados para colaborar nas vistorias. De janeiro até o início de maio, foram vistoriados 1,4 milhão de imóveis no DF", acrescentou.

As ações do GDF têm surtido efeitos, de acordo com a pasta. Segundo o último Levantamento Rápido de índices para o Aedes aegypti no DF, divulgado neste mês, o índice de infestação predial na capital chegou a classificação de "satisfatório" em abril. Em janeiro, porém, a situação constava como "em alerta". Além dessas duas classificações, a outra, mais grave, é a de "risco de surto". A pesquisa sobre infestação predial analisa a quantidade de imóveis que possuem recipientes com larvas em todas as RAs.

De acordo com a pasta, o governo local tem realizado, semanalmente, uma análise da incidência de casos por região e das cidades em que há maior presença do mosquito. Após essa análise, as ações são intensificadas nas regiões com maiores aumentos, com o uso de equipamentos de fumacê, por exemplo. "As equipes da Vigilância Ambiental se dividem nas quadras das cidades e realizam as inspeções nos quintais dos imóveis, além da vistoria em imóveis abandonados e locais chamados de ponto de controle, em que são vistoriados diversas vezes para monitoramento constante, como borracharias e piscinas abandonadas", informa a secretaria.