A célebre questão sobre o que veio primeiro, o ovo ou a galinha, se aplica à gastronomia brasiliense. Só que, nesse caso, em se tratando do ensino, primeiro, veio a demanda, conforme revelou a professora Eda Machado, fundadora do Iesb, que um dia me disse: "Liana, a sua coluna também nos inspirou a criar o curso de gastronomia para atender o grande número de alunos interessados a ter um futuro promissor".
Lembrei do fato, porque Favas Contadas completa, neste domingo, 24 anos. Foi em 15 de maio de 1998 que ela circulou, pela primeira vez, em um modesto quarto de página com uma foto em preto e branco e cinco notinhas sobre o ainda incipiente circuito gastronômico da cidade. Foi ganhando músculos e cresceu para meia página. Veio a cor, que tornou ainda mais apetitosos os pratos publicados. Até que deu um salto: passou para duas páginas do suplemento Divirta-se mais.
O nome, tomei emprestado de uma coluna publicada por um jornal do interior do Espanha, onde eu havia estado pouco antes. Comum na Península Ibérica, tanto espanhóis como portugueses usam muito a expressão "ah são favas contadas" para confirmar alguma coisa da qual não se tem dúvida. Além de sugerir que a deliciosa leguminosa tenha sido mesmo contada.
Depois de uma interrupção por conta da crise sanitária, Favas Contadas voltou a ser publicada no caderno Cidades em 1º de outubro do ano passado. Sempre, às sextas-feiras.
Rigor
no ensino
O curso de gastronomia do Iesb, por sua vez, surgiu oito anos depois da coluna. Foi fundado em fevereiro de 2006 e, até hoje, formou mais de 1,6 mil chefs, que atuam na cidade e fora. Muitos restaurantes brasilienses pertencem a ex-alunos da instituição que sempre primou pelo ensino de alta qualidade.
Lembro do entusiasmo do chef Alex Atala ao preparar um filhote, peixe nobre da Amazônia, durante aula, quando confessou que nunca havia encontrado uma escola tão bem equipada quanto a cozinha do Iesb. Nela, passaram Claude Troisgros; o chef suíço Patrice Bressoud; o francês Christophe Pouy, da Escola Ritz Escoffier de Paris; Bela Gil; entre outros.
Por último, o chef Paulo Shin, do restaurante paulistano Komah, ministrou uma master class para os alunos enfrentarem um superdesafio: o concurso de kimchi, um dos preparos mais antigos e tradicionais da culinária coreana, com base em hortaliças e pimenta. Avaliados por três jurados, o chef Sebastián Parasole, coordenador do curso; a embaixatriz da Coreia, Chun Jin-ah; e esta colunista, oito duplas participaram da competição.
Saíram vencedores Eduardo e Tamyres, com um roll de couve com kimchi e molho de amendoim (foto), no primeiro lugar, fazendo jus a R$ 2 mil ofertados pela Embaixada da Coreia. Nívea Maria e Brenda Cintra de Souza, com kimchi de acelga, cebola, alho, molho de peixe e pimenta receberam R$ 1,5 mil. Juliana e Mateus, com uma tábua de petiscos no estilo finger food com kimchi ganharam R$ 1 mil pelo terceiro lugar.