De olho nas eleições de outubro, o ex-senador Paulo Octávio confirmou que pretende lançar-se novamente como candidato ao Senado. Presidente do PSD no Distrito Federal, o empresário aposta que, neste ano, a população tende a escolher opções conhecidas, ao contrário do que ocorreu no último pleito, e evitar nomes de fora da política. "O eleitor de Brasília é exigente e, por isso, não acredito em candidaturas novas", afirmou ontem, à jornalista Ana Maria Campos, no programa CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília. Confira trechos da entrevista.
Qual é o panorama deste momento pré-eleitoral?
O mundo pensou que, com a vacinação, a covid-19 tivesse sido vencida. De repente, vemos a guerra da Rússia com a Ucrânia, o que também mexe com o comércio e com as relações internacionais. Hoje, temos um quadro com a China vivendo uma nova (fase da) pandemia e fechando cidades. Estávamos respirando há dois meses, quando todos estavam felizes e, de repente, temos esses sustos que marcam bastante. Não vejo que a guerra tenha um fim rápido, o que é triste no mundo moderno. Não esperava que minha geração enfrentasse um quadro como esse.
Chegamos perto das eleições com muitas incertezas.
Não sabemos se a pandemia acabou, se o cenário de guerra pode ser ampliado nem se as consequências podem ser mais graves para a economia…
Exatamente. Por isso, o quadro político no Brasil vai depender da situação econômica. O cidadão quer ver como está a economia, se está crescendo ou não. As pessoas estão assustadas com a inflação. Tudo está subindo, os insumos estão com uma velocidade maior que os indicadores. Cria-se muita incerteza. Há um ano e meio, o setor produtivo pagava juros de 2%, 3%. Agora, eles estão a 13% e vão chegar a 15%. As incertezas da política econômica brasileira logicamente fazem com que o setor produtivo se sinta inseguro. O dólar vai a quase R$ 6; desce para R$ 4,50; de repente, volta a subir por causa das questões políticas. Esse é o quadro que, infelizmente, vivemos. Acho que o eleitor vai ter muitas dúvidas e quem apresentar candidatos com melhores propostas conseguirá arrebatar o coração do povo.
O senhor é pré-candidato ao Senado em um grupo com
pré-candidatos. Como vê isso?
É bom para a democracia. Não vejo problema em termos dois ou três pré-candidatos. Cada partido, hoje, pode lançar o próprio candidato. Lógico que é interessante ser candidato ao Senado tendo um ao governo, para haver coligação e estimular a disputa política. A eleição fica mais confortável.
Há muito tempo, não se viam pessoas na rua, pedindo esmola, dizendo que passam fome.
É reflexo da pandemia,
da crise econômica…?
Logicamente, há um pouco da covid-19, que sacrificou muito as pessoas mais carentes, com menos qualificação. Hoje, Brasília tem um quadro de quase 300 mil pessoas desempregadas. O pior é que temos um quadro semelhante no Entorno. Essa população que vem pedir emprego e esmola vem porque sabe que, principalmente no Plano Piloto, temos pessoas com mais renda. Brasília tem a maior renda per capita do Brasil. A vocação da cidade é de ser um polo logístico muito grande. E temos de incentivar muito as questões do desenvolvimento nas regiões administrativas.
Não vimos ainda um nome forte para se contrapor a Ibaneis Rocha. Há o senador Izalci Lucas, que é candidato; a senadora Leila Barros; além de uma movimentação do PT com o PV, o PCdoB e o Psol, mas ainda não são nomes que se polarizam com o governador. Quem tende a ter mais força nestas eleições?
Seguramente, Ibaneis. Por estar conduzindo um governo aprovado pela população. Além disso, ele tem seis, sete partidos fortes ao lado. Nas eleições passadas, ele venceu em uma campanha quase solitária do MDB com o PP. Apoiamos a eleição vitoriosa e digna do trabalho dele, que soube tratar a população e teve uma boa aprovação. Queremos que a cidade trilhe o caminho do desenvolvimento; por isso, temos estes partidos apoiando-o: PSD, MDB, PL e PP. Siglas fortes, politicamente, em Brasília. Ele (Ibaneis) vai ter de chamar para si a condução (da campanha). Terá de escolher o candidato ao Senado, a vice-governador, a suplentes de senador, para compor algo que agrade às legendas maiores.
Só saberemos de tudo no último minuto, e o eleitor só começará a se interessar quando souber quem participará das eleições?
Não sei o que vai acontecer com as candidaturas colocadas. Mas é o tempo para colocar em prática a democracia, ouvir projetos, conceitos, ver a ficha dos candidatos, os serviços prestados à cidade. Muitas vezes, na campanha, o eleitor analisa o candidato, os debates, e o daqui (de Brasília) muda muito. Candidaturas pequenas, de repente, disparam. A política é dinâmica, e nada melhor do que mostrar um serviço prestado. Candidatos menores a postos majoritários terão muita dificuldade. O eleitor de Brasília é exigente e, por isso, não acredito em candidaturas novas.
*Estagiário sob a supervisão
de Jéssica Eufrásio