Uma quadrilha especializada em roubos e extorsões, na modalidade sequestro do Pix, foi desarticulada nesta terça-feira pela Divisão de Repressão a Sequestros (DRS) da coordenação de repressão aos crimes patrimoniais (Corpatri).
O grupo composto por sete indivíduos cometia os crimes há pelo menos 10 meses. As vítimas eram homens homossexuais residentes no Distrito Federal. Eles eram atraídos por meio de aplicativos de encontros amorosos, que ocorriam em residências localizadas em Santa Maria (DF) e Novo Gama (GO).
Após chegar ao encontro, as vítimas eram rendidas pela namorada de um dos envolvidos e líder do grupo — que havia marcado um encontro —, depois eram imobilizadas com uma faca e um simulacro de arma de fogo. Com a liberdade restringida, as vítimas eram obrigadas a fornecer senhas dos celulares e aplicativos bancários, tendo valores roubados por transferência via pix e por máquinas de cartões fornecidas por um dos comparsas. Confira o vídeo de uma das vítimas:
Em um primeiro momento, o líder do grupo atraía as vítimas para a casa em que morava junto com a namorada. Depois, passou a alugar casas, que eram utilizadas somente para os crimes. Em nova fase, a filha de um proprietário de uma imobiliária do entorno se juntou ao grupo. Ela fornecia as chaves das casas usadas pela quadrilha, mediante pagamento de 10% das quantias subtraídas.
Além disso, os celulares eram repassados a um receptador — membro do grupo —, dono de uma banca na Feira de Santa Maria. El eteria ensinado o líder a desabilitar o iCloud — sistema de armazenamento em nuvem — dos celulares iPhone.
Segundo as investigações, o líder do grupo confessou ter cometido cerca de 40 roubos no período de atuação. O delegado Leandro Hitt, diretor da DRS, esclareceu que, até o momento, em pesquisas no sistema do Distrito Federal e de Goiás, foram identificados por volta de 10 desses crimes cometidos.
Luxo que vem do crime
Segundo o diretor do DRS, o montante conseguido pela quadrilha é alto e o líder do grupo era seletivo na escolha dos alvos. “Os valores subtraídos variavam da capacidade financeira das vítimas, chegando em alguns casos a R$ 25 mil. O líder, durante o interrogatório, afirmou que escolhia vítimas que, preferencialmente, postavam fotografias com celulares iPhone”, explica. No aplicativo de mensagens, diversas conversas eram mantidas ao mesmo tempo. Confira:
O resultado disso foi o acúmulo de uma grande quantia em dinheiro, usada para custear regalias pessoais. “Acreditamos que [tenha lucrado] algo em torno de R$ 500 mil. Ele adquiriu um apartamento, pagou cirurgias para a sogra e, nesses meses em que esteve em liberdade, teve uma vida de alto padrão”, afirma.
Mais a ser investigado
Parte do trabalho da polícia segue, agora, na identificação das vítimas. Ainda que a maioria seja residente no DF, apenas uma registrou ocorrência policial. No Distrito Federal, outras duas vítimas também foram identificadas. Segundo o delegado responsável pelo caso, parte disso vem da vergonha em se apresentarem, visto que muitos são casados ou homossexuais não assumidos.
Dos sete envolvidos, os quatro principais integrantes estão presos. Os outros três foram interrogados e confessaram participação nos crimes. Segundo o delegado Leandro Hitt, os criminosos responderão por roubo, extorsão qualificada pela restrição da liberdade das vítimas e associação criminosa, o que pode gerar penas de mais de 30 anos em regime fechado.
*Estagiário sob a supervisão de Sibele Negromonte