Jornal Correio Braziliense

Palavra de especialista

Novas variantes

Não tem como uma pandemia chegar ao fim em um país só. Se o mundo inteiro ainda está em alerta, o Brasil não pode relaxar. Os indicadores são favoráveis, sim, mas precisamos ter cautela ainda. Não é adequado, do ponto de vista científico, decretar que a pandemia acabou. A China, por exemplo, está em um momento complicado ainda. Com a globalização e a rapidez na movimentação de pessoas, não se pode baixar a guarda.

Hoje, principalmente, deve-se olhar as hospitalizações por covid-19 e, como consequência, a capacidade hospitalar de absorver esses potenciais casos, além de, obviamente, acompanhar o número de casos novos. Esses indicadores estão em níveis confortáveis, mas devem ser monitorados, para evitar uma nova sobrecarga no sistema de saúde, caso surja uma nova variante. Há consenso no mundo científico de que outras cepas vão aparecer. É uma questão de tempo. Quando acontecer, se tivermos (no DF) baixa cobertura das vacinas de reforço, como temos hoje, pode haver a superlotação das unidades de saúde, mesmo que não cause casos graves, se a eventual variante for altamente transmissível.

A flexibilização das medidas de segurança é compreensível e aceitável até certo ponto. Acredito que o uso de máscaras deveria continuar obrigatório em locais fechados. A vida normal não vai ser como era em 2019, será uma nova realidade, onde vamos ter de aprender a conviver com o coronavírus. Algumas medidas, eventualmente, terão de ser reforçadas e, em outras épocas, poderão ser afrouxadas, mas o monitoramento desse tipo de situação será constante.

Neste momento, em que a pandemia não acabou mas temos de ficar atentos, pelo menos o comprovante de vacinação e o distanciamento social deveriam ser mantidos mesmo em locais abertos.

Mauro Sanchez, epidemiologista e vice-coordenador da Sala de Situação da Universidade de Brasília (SDS/FS)