Um incêndio ocorrido na madrugada desta segunda-feira (30/5) atingiu caminhões e o container de uma empresa de reciclagem na Cidade Estrutural. De acordo com o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF), o incêndio começou por volta das 3h e teria sido causado por um vazamento de combustível na rede pluvial do local, a qual também ficou inflamada. No local, fumaça saia pelos bueiros.
Crime?
O dono da empresa, Jerson Vieira, 54 anos, trabalha no local desde 2008 e diz que o incêndio foi criminoso. "Esse incêndio não foi um acidente. Acordamos por volta das 3h, depois que nos avisaram. Teve um primeiro incêndio e apagamos com uma mangueira. Depois acendeu de novo e o fogo já estava alto. Não demos conta", relata.
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Jerson estima o prejuízo em cerca de R$ 650 mil. Dos quatro caminhões, um havia sido comprado na sexta-feira (27/5). "Compramos esse na sexta por R$ 250 mil. Ele ia ser colocado no seguro hoje. Chegou de São Paulo no sábado (28/5). Pintamos no domingo (29/5) e ia começar a trabalhar hoje", contou com tristeza. Apenas um dos caminhões foi salvo.
A esposa de Jerson, Dalila Sousa, 24 anos, também acredita que o incêndio tenha sido criminoso. “Ainda não temos suspeita de quem foi, mas vamos registrar boletim de ocorrência. Temos quatro câmeras aqui também e vamos achar a causa. Creio que a Justiça está aí”, afirma.
Manhã depois do incêndio
Na rua dos Conjuntos 6 e 5 do Setor Oeste, da Quadra 2 da Cidade Estrutural, o resultado do incêndio era visível. Até o fim da rua era possível ver as marcas do fogo nos bueiros, que estavam pretos. As carcaças dos caminhões ainda exalavam fumaça e vizinhos saíram de suas casas sem acreditar no ocorrido. Jerson, sua mulher e alguns funcionários e amigos ainda tentavam iniciar os reparos na tentativa de um recomeço.
Reginaldo Guedes, 43 anos, dormia em um caminhão no pátio do local e ainda processava o ocorridona manhã desta segunda (30/5). Ele viu o incêndio e avisou ao dono dos caminhões sobre o fogo. “Estava dormindo quando ouvi um estouro. Quando vi o que estava acontecendo, corri para chamar o dono, que é um conhecido meu. Ele chamou os bombeiros, mas o fogo já estava muito adiantado. Fiquei com medo. Só peguei a coberta que tenho aqui dentro e fugi”, relembra.
Outro que estava no local no momento do incêndio é Rodrigo Francisco, 24 anos. Ele dormia em um colchão, debaixo de um dos caminhões, quando o incêndio começou. “Só senti o fogo quando pegou no colchão em que eu estava deitado. Quando pegou na minha cabeça me assustei e corri. Ainda tentei apagar o fogo, mas acabei me queimando e tive que fugir também”, conta, ainda com receio.
Susto nos moradores
Os moradores das casas próximas também falaram do susto. Manuel de Jesus, 41 anos, mora no local há cerca de 20 anos e relata que, quando os estouros começaram, todos saíram para as ruas. A fumaça também começava a causar efeitos nos moradores, que tentavam se proteger a todo custo. “Estava tudo pegando fogo. Ninguém aguentava ficar em casa. Todos estavam quase intoxicados. Eu peguei minhas três filhas, enrolei em cobertores e saí de casa. Era ficar dentro de casa e morrer”, relembra.
Outra que também sofreu os efeitos da fumaça do incêndio foi a dona de casa Maria Auxiliadora, 43 anos, que acordou com problemas na garganta. “A fumaça era preta. Pensei que era alguma casa pegando fogo. Também fugi com meus filhos, mas comecei a passar mal. Fiquei com dificuldades para respirar e minha voz está rouca assim”, afirma.
Edna Soares, 42 anos, também mora na Cidade Estrutural há cerca de 20 anos. Ela conta que viu o momento de uma das explosões. “O fogo estava muito alto. Quase pega nos fios elétricos dos postes. Quando vi o clarão, saí correndo. Foi algo muito feio. Fiquei com muito medo. Parecia uma cena de filme de terror”.
*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel
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