A pioneira Maria de Lourdes Junqueira Edreira Esteves morreu, aos 89 anos, no último sábado (28/5). Há quatro anos ela foi diagnosticada com câncer e estava internada há 24 dias no Hospital Daher, do Lago Sul. Familiares e amigos se despediram da goiana na manhã deste domingo (29/5). O sepultamento foi no cemitério Campo da Esperança, na Ala dos Pioneiros.
Em 1958, Maria de Lourdes saiu de Urutaí, em Goiás, aos 26 anos, para abrir um dos primeiros restaurantes da nova capital: o Serra Azul, que servia refeições para os candangos pioneiros e as famílias, na Cidade Livre — hoje Núcleo Bandeirante.
Não demorou muito para a mulher cheia de sonhos e com um enorme desejo de se destacar, mudar o rumo da sua vida. Poucos anos depois, Maria de Lourdes prestou concurso para arquitetura e começou a trabalhar com desenhos de projetos na Companhia Urbanizadora Nova Capital (Novacap).
A pioneira foi uma das primeiras mulheres a deixar um legado na construção de Brasília. Na companhia, ela conheceu o arquiteto Nauro Jorge Esteves, um dos homens de confiança de Oscar Niemeyer. Com ele, ela se casou e eles viveram juntos por mais de cinco décadas, até ele morrer, em 2007.
Maria de Lourdes auxiliou o arquiteto no detalhamento técnico de projetos como o Conjunto Nacional e Palácio do Buriti. Sobrinho-neto da pioneira, o frei Hugo Junqueira, 28 anos, conta que a tia-avó deixa um legado de persistência. “Naquela época, mulheres não podiam fazer muita coisa, mas ela teve garra e conseguiu uma posição de destaque”, afirma.
O frei conta que ela sempre foi uma mulher batalhadora e que não media esforços para dar o melhor aos filhos. “Ela deixa um exemplo de valores para todos nós. Uma mulher determinada e cheia de fé. Devo minha vocação a ela, que teve uma participação muito importante na minha vida ”, destaca. A pioneira deixa 4 filhos, 13 netos e muitos bisnetos.
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