Um menino de 11 anos morreu ao ser atingido por um tiro acidental de espingarda disparado pelo próprio pai, na casa da família, em Formosa (GO). A tragédia ocorreu no momento em que o homem, identificado apenas pelos apelidos de "Gauchinho" e "Alecrim", de 41 anos, manuseava o armamento, na noite da última sexta-feira. Após a fatalidade, ele tentou tirar a própria vida. O caso está sob investigação do Grupo de Investigação de Homicídio (GIH) da Polícia Civil do Estado de Goiás (GO).
Gauchinho é trabalhador autônomo e tem quatro armas, com autorização para desempenhar a atividade de atirador desportivo, caçador ou colecionador (CAC). De acordo com o delegado Danilo Meneses, chefe do GIH, a família não estava bem financeiramente e, por isso, o homem teria decidido vender um dos armamentos.
"No momento que foi mostrar a espingarda para realizar a venda, a criança estava perto e ele possivelmente sem perceber acionou a tecla do gatilho e acabou atingindo o menino", explica o investigador. "A hipótese preliminar é de que realmente tenha sido um disparo acidental. E que acabou levando a criança a óbito. O pai, após isso, ficou desesperado. Chegou a pegar o filho no colo e correr pela casa até o espaço da calçada", acrescenta.
Conforme a linha de investigação, assim que Gauchinho constatou que a criança estava sem vida, o trabalhador foi aos fundos da residência com o corpo do menino. No local, ele escreveu um bilhete pedindo perdão: "Foi acidente, matei meu filho. Deixa eu morrer. Matei meu filho, matei por acidente. Pede perdão para meu pai."
O papel foi encontrado por socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e pela Polícia Militar do Estado de Goiás (PMGO), acionados por vizinhos que escutaram o primeiro disparo. Quando os militares chegaram na casa, ouviram o segundo tiro dado por Gauchinho, com o objetivo de tirar a própria vida.
"A polícia militar foi acionada para uma suposta ocorrência de arma de fogo que teria atingido alguém. Assim que chegaram ao local, ouviram o segundo disparo. Os militares acabaram por encontrar uma cena muito triste, o homem com disparo de arma de fogo na face segurando o filho sem vida no colo", lamenta o delegado Danilo Meneses.
Inicialmente, o pai foi socorrido em estado grave ao Hospital Regional de Formosa, mas precisou ser transferido para o Hospital de Base de Brasília, em decorrência da gravidade dos ferimentos. Até a publicação desta edição, o trabalhador passava por cirurgia.
Forte ligação
De acordo com a Polícia Civil, a vítima era o único filho de Gauchinho com a esposa. A mãe tomava banho na hora em que o menino faleceu e o marido tentou cometer autoextermínio. Pai e filho tinham um laço emocional forte, o que reforça a tese de homicídio culposo, a qual deve ser confirmada com depoimento de testemunhas e laudos periciais.
"O menino era filho único, e todos com quem conversamos relataram uma ótima relação familiar. Eles estavam sempre juntos. O pai fazia questão de estar presente na vida da criança, dando muito amor e carinho. É um fato muito lamentável", afirma o investigador Danilo Meneses.
O Correio conversou com um amigo de Gauchinho, Anderson Rocha, 38, que confirmou as informações. "Eram um grude um com o outro. Por onde ele andava o piá estava atrás", disse. Ainda segundo Anderson, o homem era um excelente pai e se dedicava à criação do menino. "Ele como o pai era um amor, não tem palavra para descrever a relação dos dois. A atitude que ele teve não seria diferente ao ver o filho sem vida, acho que não poderia ser outra. Ele amava demais aquele menino", acrescenta.
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