A Justiça do Distrito Federal determinou, nesta sexta-feira (27/5), a audiência do ex-aluno da Universidade de Brasília (UnB) Marcelo Valle Silveira Mello por ofensas contra o ex-deputado federal Jean Wyllys (PT). Mello foi denunciado em outubro de 2020 pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) por coação, injúria e ameaça contra o ex-parlamentar.
Antes disso, ele já havia sido condenado, em 2018, a 41 anos de prisão por uma série de crimes, como racismo, coação, associação criminosa, incitação ao cometimentos de crime, divulgação de imagens de pedofilia e terrorismo cometido pela internet.
À época, quando ainda exercia a função de deputado federal — cargo que deixou em janeiro de 2019 por causa das ameaças —, Jean Wyllys recebeu vários e-mails com injúrias e ameaças. Ao decorrer das investigações, a Polícia Federal verificou que Marcelo era um dos responsáveis por enviar e-mail com ameaças ao ex-parlamentar, e que utilizava da experiência com informática para enviar as mensagens sem ser descoberto.
Em uma outra situação, Mello chegou a enviar um novo e-mail ao deputado com ameaças de estupro à irmã de Wyllys, além de ameaças de morte a outros membros da família do ex-parlamentar. A audiência de instrução deve contar com a presença das partes envolvidas, advogados de acusação e defesa e testemunhas do processo e, por ora, está marcada para ocorrer em agosto.
Ida para Barcelona
A renúncia do ex-deputado foi oficializada em 29 de janeiro de 2019, e publicada no Diário Oficial da Câmara dos Deputados. O parlamentar, uma semana antes, havia decidido por abandonar o mandato em decorrências das excessivas ameaças. Segundo ele, em mensagem agradecendo aos seguidores, afirmou que manter-se vivo "também é uma forma de resistência". Desde então, o ex-parlamentar faz doutorando em Ciência Política na Universidade de Barcelona, na Espanha.
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Condenação
Marcelo Valle Silveira Mello acumula diversas condenações. Em dezembro de 2018, a Justiça Federal condenou Mello a 41 anos, seis meses e 20 dias por racismo, coação, associação criminosa, incitação ao cometimentos de crimes, divulgação de imagens de pedofilia e terrorismo cometidos na internet.
Marcelo Mello, de acordo com a sentença, também costumava denunciar às autoridades postagens anônimas produzidas por ele mesmo, a fim de tentar de manter longe de suspeitas. A justiça ainda determinou que ele pagasse R$ 1 milhão, além de mais 678 dias-multa (sendo cada um deles no valor de um décimo de salário mínimo em vigor em dezembro de 2016).
Ameaças na UnB
Em março de 2012, Marcelo, que já foi estudante de Letras-Japonês na UnB, foi detido por planejar uma chacina contra estudantes do curso de ciências sociais da universidade. Durante buscas realizadas em Brasília e em Curitiba, os policiais encontraram um mapa apontando uma casa de festas frequentada pelos universitários no Lago Sul. Local onde, segundo a PF, poderia ocorrer a matança.
Por esses crimes, ele foi condenado a seis anos e sete meses de prisão em regime semiaberto. A Justiça do Paraná entendeu que ele havia praticado os crimes de indução à discriminação ou preconceito de raça; incitação à prática de crime; e publicação de vídeos e fotografias de crianças e adolescentes em cenas de sexo.
Ele ficou detido por um ano e seis meses no Paraná, ganhou o direito de cumprir pena em liberdade e voltou a criar páginas com conteúdo racista e discriminatório na internet. Ele também é o autor de um blog misógino que incitava crimes de violência sexual, física, psicológica e moral contra mulheres na UnB.
BolsoCoin
Em janeiro de 2018, Mello voltou novamente aos noticiários por ter criado uma moeda virtual chamada “BolsoCoin”. A criptomoeda foi inspirada, à época, no candidato a presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).
A BolsoCoin estava sendo utilizada em fóruns anônimos como forma de pagamento para usuários que fazem doxxing ou swatting em favor da causa do grupo. O primeiro termo faz referência à prática de conseguir e transmitir dados privados a terceiros. Geralmente, leva a crimes de chantagem ou a tentativas de destruição da reputação da vítima.
Já o swatting é uma tática que consiste, basicamente, em passar um trote às forças de segurança. O hacker aciona os serviços de emergência e os envia à casa de uma pessoa onde não há ocorrência, com o objetivo de causar constrangimento.
*Estagiário sob supervisão de Pedro Grigori.
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