O céu no Brasil será palco de uma grande tempestade de meteoros na noite de segunda-feira (30/5) e na madrugada de terça (31/5). O espetáculo Tau-Herculídeas, assim como outras chuvas do tipo, é fruto de um grande fluxo de entrada dos meteoros na atmosfera e estima-se que, no pico, consiga ser vista em todo o país.
Fabricio Pereira Colvero, diretor executivo do projeto Bate-Papo Astronômico, explica o fenômeno comparando com uma longa estrada com um grande número de carros vindo na mesma direção. "A chuva de meteoros ocorre da mesma forma, porque são diversos deles, geralmente algumas dezenas ou centenas por hora, que são esperados num mesmo ponto radiante."
O primeiro pico da chuva está estimado para ocorrer a partir da meia-noite, na virada do dia 30 para o dia 31. Já o segundo ocorrerá de forma mais intensa a partir das duas da madrugada.
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As chuvas de meteoros são detritos que passaram próximo da órbita de algum cometa ou asteroide, principalmente se o astro em questão sofreu com uma grande degradação durante aproximação com o Sol. Às vezes, pode ocorrer uma fragmentação neste astro, gerando assim uma quantidade maior de detritos. "Não precisa ser necessariamente o astro ou cometa ou asteroide ao qual ele está próximo, basta que a Terra atravesse a órbita dele, porque é comum que esses objetos deixem um rastro em toda a extensão da sua órbita", complementa Fabricio.
A Tau-Herculídeas é causada por detritos do cometa 73P/Schwassmann-Wachmann 3 (SW3), que está se despedaçando e terá dois picos durante a madrugada do dia 31 de maio e outro em junho. No entanto, na previsão para junho, estima-se um fluxo menor de meteoros. De acordo com Marcelo Zurita, diretor técnico da Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (BRAMON), é importante reforçar que, como é a primeira vez em que a terra vai atravessar essa trilha de detritos gerada pela fragmentação deste cometa, não dá para confirmar como a chuva vai acontecer de fato. "O que a gente vai poder ver é que as previsões são baseadas em estimativas e elas podem estar erradas", indica ele. "Deve ser uma chuva intensa, porque a fragmentação desse cometa foi bastante significativa. Mas a gente não sabe exatamente quantos meteoros por hora a gente vai observar", pontua.
Apesar das condições para observar a chuva no Brasil serem boas, na América do Norte, mais especificamente no México e nos Estados Unidos, poderá ser vista com mais clareza. "Aqui, em grande parte do nosso país,deve ver algo entre 10 e 30% dos meteoros da quantidade observada por lá. A expectativa é que, se confirmados os melhores cenários, já é uma quantidade de meteoros fantástica e que vale a pena a gente ficar acordado de noite para ver", destaca Zurita.
Visualização no Brasil
A Rede Brasileira de Observação de Meteoros está monitorando a chuva de meteoros e elaborou um mapa que mostra a quantidade por hora em cada região do Brasil, caso as condições nesses lugares estejam favoráveis para assistir.
"Digamos que tudo dê certo e aconteça a super chuva, aqui ela deve durar cerca de 20 ou 30 minutos, então, nesse período veríamos mais ou menos 10 mil meteoros. Existe uma grande faixa de incerteza ai, ela pode ter somente 700 meteoros/hora no hemisfério norte, ou seja, aqui teríamos "apenas" cerca de 150 meteoros/hora, o que já é um bom número", explica Marcelo Domingues, diretor editorial do Clube de Astronomia de Brasília (CAsB).
Fabricio ressalta que, pela posição do Brasil, há uma previsão máxima de meteoros por hora. "Na região Norte, a gente vê entre 57 e 42 mil meteoros hora. Aqui, do Brasil pega toda a faixa leste do país, inclusive envolve o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e o Rio de Janeiro, com uma previsão de 9 mil meteoros por hora". Ele lembra ainda que, caso a previsão se confirme, essa incidência e esse número de meteoros será espetacular.
Saiba Mais
Em Brasília, a previsão é que a chuva alcance cerca de 20 mil meteoros por hora, caso o céu esteja limpo. As previsões do Instituto Nacional de Meteorologia para a terça-feira indicam que a madrugada será de poucas nuvens e a tendência é de que não tenha chuva. A temperatura esperada nas primeiras horas do dia 31 é de 15ºC.
"Se o tempo estiver fechado, se tiverem muitas nuvens no céu, é provável que você não enxergue os meteoros, então a melhor condição meteorológica para se observar uma chuva de meteoros é uma noite com céu aberto, sem nuvens no céu e sem muita umidade. É isso que a gente torce para que as pessoas possam observar esse fenômeno aí na madrugada do dia 31", pontua Zurita.
Fabricio ressalta ainda que as previsões podem até ser animadoras, no entanto, é importante lembrar que são possibilidades. "Toda chuva de meteoros é uma incógnita até que ela ocorra. Muitas vezes elas decepcionam, às vezes surpreendem. Mas não tem como a gente dizer com certeza que vai ter mil meteoros, dois mil meteoros, enfim, não tem como saber", ressalta. Mas vale a pena conferir e talvez ganhar uma bela surpresa no céu.
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Saiba a melhor maneira de assistir
Para assistir ao show no céu não preciso usar nenhum equipamento como telescópios ou binóculos, no entanto as condições precisam ser favoráveis, ou seja o céu precisa estar limpo e sem nuvens para uma melhor visibilidade.
Os melhores lugares para assistir são longe das luzes das grandes cidades e fugir o máximo possível da poluição luminosa.
Para quem quiser registrar a chuva vale o lembrete de que ela acontece muito rápido e que, pessoas com facilidade com câmaras, devem usar fotografias de longa exposição e câmeras mais sensíveis.
Para melhor visualização, os especialistas recomendam ainda olhar para o noroeste, na direção da constelação de Boieiro.
Você sabia?
A nomenclatura da chuva de meteoros não é em função da quantidade de meteoros e sim do ponto radiante dela — a linha que indica de onde esses meteoros estão vindo. Quando há mais de uma chuva de meteoros com radiante na mesma constelação, atribui-se o nome também à estrela mais próxima do radiante, pertencente a essa constelação.
No caso da Tau-Herculídeas, originalmente o radiante dela estaria mais próximo da estrela Tau da constelação Hércules, no entanto, a chuva do dia 31 será em direção à constelação de Boieiro pois há um deslocamento da trilha de detritos em função da fragmentação que ocorreu do cometa e também por algumas influências gravitacionais de outros astros como Júpiter, por exemplo.