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Falcatrua em loja de pneus

Especialista explica que golpistas se aproveitam da falta de conhecimento dos clientes em mecânica para tirar proveito da situação e cobrar a mais pelo trabalho oferecido e até por serviços não necessários. Estabelecimentos estão interditados

Darcianne Diogo
postado em 27/05/2022 00:01
 (crédito:  Procon/Divulgação)
(crédito: Procon/Divulgação)

Na hora de levar o automóvel a uma oficina, o receio de ser enganado e cair no calote é grande. No Distrito Federal, a empresa Grid Pneus foi interditada por prazo indeterminado durante uma operação do Procon-DF e da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) por cobrar serviços extras e treinar funcionários para condenar peças de carros e motos. O Correio ouviu especialista que explica porque esse tipo de situação se torna tão frequente e dá dicas de como evitar cair nesse tipo de golpe.

Com duas lojas nas asas Sul e Norte, a Grid tornou-se alvo de investigação da Polícia Civil após um acúmulo de denúncias feitas por consumidores. Entre elas, reclamações de serviços duplicados e preços exorbitantes. Na terça-feira, as unidades foram fechadas. Em entrevista ao Correio, o diretor-geral do Procon-DF, Marcelo Nascimento, deu detalhes de como os funcionários das lojas agiam e enganavam os consumidores.

Além de treinar mecânicos para condenar peças de automóveis de clientes e, como recompensa, oferecer comissão, os donos da Grid elaboravam ordens de serviço sem autorização dos clientes e mantinham uma tabela de preço diferenciada para cada tipo de consumidor. Nas lojas, as equipes encontraram, por exemplo, uma ordem de serviço de "suspensão premium" em que, os preços variavam de R$ 1,6 mil a mais de R$ 2 mil. "Se era mulher, era um valor. Idoso, era outro. Tecnicamente, para mulheres, eles cobravam mais caro por aquele mesmo serviço, fora a lesão que eles criavam ao cliente", destacou Marcelo.

Em algumas ordens de serviço, os mecânicos cobravam ou não a mão de obra, que, por hora, chegava a custar até R$ 600. Além disso, foram constatados serviços em duplicidade e troca de nomes. Por exemplo, em vez de alinhamento ou balanceamento, eles mudavam para "geometria", a fim de confundir o cliente e tirar proveito. O caso tramita em segredo de Justiça.

Orientação

A dentista Rudyane Vlieger, 28 anos, é uma das vítimas que teve prejuízos ao levar o carro na Grid para trocar os pneus. Segundo ela, logo ao chegar, foi encaminhada a uma sala de espera e, em seguida, chamada por um vendedor que lhe mostrou inúmeros danos no veículo. "Eu tinha feito uma revisão em novembro do ano passado, então, o carro estava zerado. Eu sabia que não tinha defeitos", disse. Resistente, Rudyane disse ao funcionário que não tinha interesse em outros serviços, exceto trocar os pneus.

O vendedor disse que, como a cliente não havia aceitado o serviço adicional, complicaria o balanceamento e alinhamento do pneu, que era gratuito. "Diante disso, eles me disseram que não poderia dar a garantia, e eu falei que não queria mais", conta Rudyane. Um outro mecânico interferiu na conversa e afirmou que a garantia era do próprio fornecedor. Mesmo desconfiada, ela deixou terminarem o serviço, mas percebeu que o pneu não era de primeira linha, como o prometido. "Exigi que colocassem o meu, e o vendedor foi supergrosso e ficou com raiva", lembra. Em casa, a dentista percebeu que os mecânicos empenaram as quatro rodas propositalmente.

Ana Luísa Machado, advogada em direito do consumidor, explica que os relatos corriqueiros se justificam, porque os consumidores em geral não detêm informações suficientes para compreender a temática. Para se resguardar dos golpes, a especialista orienta os clientes a formalizarem os orçamentos, buscar oficinas com registro na junta comercial e investigar a credibilidade do estabelecimento em sites de avaliação de serviços. "A vulnerabilidade é o conceito que permeia todo o direito do consumidor, o qual busca proteger a parte mais frágil da relação de consumo, a fim de promover o equilíbrio contratual", destaca.

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