O CB.Saúde de ontem, Dia Nacional do Combate ao Glaucoma, recebeu a especialista em glaucoma do CBV — Hospital de Olhos, Núbia Vanessa. Em entrevista ao programa, parceria do Correio Braziliense e da TV Brasília e conduzida pela jornalista Carmen Souza, a especialista abordou temas como sintomas do glaucoma, além do acompanhamento indicado para prevenção e controle da doença. Segundo Núbia, o glaucoma é a primeira causa de cegueira irreversível no mundo e se trata de uma doença silenciosa, que muitas pessoas têm e não possuem conhecimento do diagnóstico. Além disso, não tem cura e exige consultas para saber o tratamento indicado.
O que é o glaucoma?
O glaucoma é a primeira causa de cegueira irreversível no mundo. É uma doença silenciosa e muitos não sabem que possuem o diagnóstico, geralmente porque não fazem um exame completo e adequado. Muitas pessoas, infelizmente, vão ao médico apenas para trocar os óculos ou só fazem exames quando vão tirar a carteira de motorista. O exame oftalmológico, além de descobrir se o paciente precisa de óculos, examina a pressão do olho e investiga o estado do nervo óptico. No caso do glaucoma primário de ângulo aberto, a doença gera um aumento da pressão ocular, que resulta em uma lesão do nervo e isso, consequentemente, diminui o campo visual. Mas existe um glaucoma, que é o de pressão normal, que a pressão do olho está sempre normal, porém o nervo está doente. Então, se só é feito uma análise da pressão também não está certo.
Esse segundo exame é mais complicado ou também pode ser feito num check up rotineiro de saúde ocular?
Pode ser feito por um oftalmologista e exige avaliação do nervo óptico. Caso um oftalmologista tenha a suspeita de que aquele paciente tem alguma lesão, ou algum dano no nervo óptico, ele vai solicitar exames complementares para ser feito uma análise do nervo óptico e da sua função por meio desses exames e pode, ele mesmo, se for capacitado para tal, fazer o diagnóstico correto ou encaminhar para outro médico especialista em glaucoma para fazer o seguimento e o acompanhamento desse paciente.
Existe algum sintoma ou sinais que o próprio paciente pode identificar?
É uma doença silenciosa que não tem cura e isso é o mais perigoso. Mas alguns pacientes podem apresentar sintomas como fotofobia, dificuldade para enxergar no claro, lacrimejamento e dor nos olhos, mas, mesmo assim, é inespecífico, pois você pode ter tudo isso, ir ao médico e não identificar nada. Os casos na família são um sinal de alerta e exigem investigação, assim como histórico de diabetes e alta miopia. Os pacientes que possuem histórico familiar são os que mais exigem cuidado e atenção.
Como estão os casos de glaucoma com o advento da pandemia?
Nós notamos que durante a pandemia, alguns pacientes, principalmente da terceira idade, foram internados por algum motivo e os familiares não sabiam quais eram os colírios e medicações que eles tomavam diariamente. Isso foi um fator impactante no acompanhamento e no controle dessas doenças, porque muitos pacientes não relataram sobre a utilização desses colírios e ficaram internados um mês ou mais sem a medicação. E agora que eles estão retornando para os consultórios médicos, estamos tendo o descontrole de algumas comorbidades que antes estavam controladas, assim como a progressão de algumas doenças, dentre elas o glaucoma.
O Ministério da Saúde estima cerca de um milhão de pessoas com glaucoma no Brasil, mas provavelmente é uma doença subnotificada. Estamos falando de um universo muito grande de pessoas acometidas por uma doença que é incapacitante em alguns momentos, certo?
Sim, com o advento do envelhecimento da população e uma expectativa de vida maior e como a doença acima de sessenta anos, tem uma manifestação maior, nós temos uma população que possivelmente possa ter a doença. Como não temos o nosso histórico familiar porque eles não tinham o hábito de fazer os exames rotineiros, precisamos fazer os exames corretamente e anualmente para detectar a doença. No entanto, o número de pacientes com glaucoma é realmente subnotificado no Brasil. Ele é em torno de um milhão, mas a gente acha que deve ter mais de dois milhões.
Como prevenir a doença?
A prevenção das doenças oftalmológicas exigem um acompanhamento anual com o médico oftalmologista, exceto em casos de doenças sistêmicas, que podem ser realizadas com mais frequência. No caso de crianças, é importante um acompanhamento anual ou até mesmo semestral, devido a fase de crescimento. A higiene dos olhos é muito importante, além de um maior controle do uso de computadores e celulares, pois a luz causa micro lesões na córnea.
*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira
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