A um mês da chegada do inverno (em 21 de junho) e no dia que teve recorde de menor temperatura registrada na história do Distrito Federal, a preocupação com as doenças respiratórias em crianças é fundamental. Andrea Jácomo, coordenadora do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade de Pediatria do Distrito Federal (SPDF), falou à jornalista Carmen Souza sobre os cuidados necessários para com as crianças nesta época do ano. A médica foi a entrevistada desta quinta-feira (19/5) do CB.Saúde — programa do Correio em parceria com a TV Brasília.
A pediatra define a fase como preocupante devido às doenças que costumam aparecer nessa época. “Desde outubro do ano passado, lidamos com a circulação de vírus fora de época. Passamos pela influenza fora de época, no final do ano passado e em janeiro, simultâneo a mais uma onda de covid, com a ômicron, em adultos e crianças e agora estamos na temporada dos vírus respiratórios. A onda da ômicron passou, mas outros vírus continuam circulando e acometendo as crianças”, garante.
A chegada da estação fria pode potencializar a proliferação de enfermidades respiratórias. “O inverno tem uma peculiaridade que é de aglomerar as pessoas, fechar as janelas, como de ontem para hoje, o que atrapalha a circulação de ar e a ventilação das salas de aula e das brinquedotecas. Isso pode proporcionar um aumento nos casos respiratórios”, afirma Andrea.
Em meio ao frio, a preocupação com recém-nascidos deve ser ainda maior. “É importante prestar atenção nas crianças menores de um ano. A cabeça, como menor parte do corpo, é uma superfície vascularizada e a criança perde muito calor nesta região. É importante o uso de toucas com essa temperatura. Temos uma peculiaridade em Brasília, onde o dia começa frio, esquenta com o passar do tempo e novamente esfria. Nessa onda de frio, a temperatura tem sido mais baixa o dia inteiro”, afirma a especialista.
Relacionado ao coronavírus, a recente alta dos casos preocupa a pediatra. “A nossa taxa de transmissão vem aumentando aos pouquinhos, desde o início de maio. Tivemos dois feriados em abril, flexibilização do uso de máscaras em locais fechados, o retorno das festas também, comemorações infantis e tudo isso contribui para o aumento no número de casos, favorecendo essa disseminação. Esta semana a taxa de transmissão chegou a 1.33: aumentamos cerca de 150 casos novos por semana e na semana passada foram mais de 350 casos. Acende-se o sinal de alerta para todos”, aponta.
No entanto, a chave, para Andrea, segue sendo a vacinação, baseada na eficácia mesmo para crianças e adolescentes. “Temos 43 milhões de doses de vacinas aplicadas nas crianças entre 5 e 19 anos. Foram investigados, no boletim do Ministério da Saúde, mais de 3,4 mil casos de eventos adversos pós vacina, onde 88% foram de forma mais leve, com os 12% restantes sendo acompanhados. Não foi registrado óbito relacionado à vacina”, relata.
*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel
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