O aumento dos preços de insumos e a demanda por alta produção exigem tecnologias que permitam ao produtor obter o máximo rendimento sem aumentar a área de cultivo. A equipe do Correio acompanhou algumas novidades apresentadas na Feira AgroBrasília que tem contribuído para o sucesso das lavouras, como o uso da biotecnologia na criação de sementes de soja resistentes a pragas e a pulverização por meio de drones, que alcançam locais que outros meios de aplicação têm dificuldades.
A AgroBrasílai é a maior feira do segmento do Centro-Oeste. Este ano, a expectativa é de que movimente R$ 3 bilhões em negócios. O evento é realizado no Parque Tecnológico Ivaldo Cenci, no km 5 da BR-251, no Programa de Assentamento Dirigido (PAD-DF), até sábado. A entrada é gratuita.
Com capacidade de até 30 litros, os drones podem sobrevoar uma área distante, em linha reta, de até três quilômetros do controlador. Sócio-proprietário da AgroDrones Unaí, Mariozan Mota Fernandes destaca as vantagens do equipamento. "O uso do equipamento evita, por exemplo, que, no manejo da pulverização, ocorra o amassamento do solo, regiões de atolamento e de exposição inadequada em trechos que recebe mais pulverização que outro. O drone consegue fazer de 12 a 14 hectares no prazo de 8 a 10 minutos, e utiliza 10 litros por hectare. O equipamento sobe até 100 metros acima do nível mar", explica o empresário.
Mariozan ressalta que o controle operacional dos drones é simples. "Em um curto prazo, as pessoas pegam o funcionamento e conseguem aprender sobre ele. Para quem comprar os drones, aqui, na feira, estamos dando o curso para aprenderem como funciona de brinde. O drone tem um sistema inteligente que avisa quando a bateria está acabando. Além de recursos como voltar exatamente para o mesmo ponto da plantação em que parou a pulverização ou retornar sempre ao local de decolagem", acrescenta.
Jussara Moreira, sócia de Marizon no negócio, conta que a empresa estuda o mercado segmento agropecuarista há um ano para oferecer o equipamento adequado à necessidade do produtor. "O Kit do modelo T-30, de um drone com capacidade de 30 litros, com baterias e carregador, pode chegar a R$ 153 mil, enquanto o kit T-10, de 10 litros, chega a R$ 88 mil", detalha.
Resistência
A biotecnologia é outro recurso inovador utilizado nas lavouras. A Corteva Agriscience apresenta o Sistema Enlist para sementes de soja. Líder regional no DF e em Goiás, Fernando de Ávila afirma que a tecnologia é o resultado de uma pesquisa que vem sendo desenvolvida há dez anos. "Temos as sementes Enlist E3, que são tolerantes a três tipos de herbicidas diferentes, e as sementes Conkesta E3, que além da tolerância aos herbicidas, trazem duas proteínas para o manejo das principais lagartas na cultura de soja", exemplifica.
Segundo Fernando, o método garante mais resistência à planta e diminui os custos de manutenção da lavoura. "Isso tudo gera um melhor resultado ao produtor. O que também se relaciona com a questão da sustentabilidade, porque não tem um gasto desnecessário com o controle de pragas, por exemplo", avalia. Fernando adianta que a biotecnologia é um recurso que será muito explorado pela agricultura. "Ela oferece uma performance e um uso eficiente dos defensivos agrícolas, além de um melhor uso da terra", opina.
Perfil de solo
Explorado nos painéis de debate promovidos pelo evento, os rumos da agricultura equilibrada foi tema de debate na manhã de ontem. Sobre o assunto, o técnico em construção em perfil de solo Ivo Frare frisou que a revolução verde veio para mostrar que a população mundial demanda uma agricultura mais regenerativa e sustentável. "Pesquisas mostram que mais de 40% do que é produzido se refere aos cuidados que a planta recebe, enquanto em ano de seca o manejo passa a ser responsável por até 83% da produção. Ou seja, o fertilizante químico é importante, mas não é ele que dita tudo. A forma como o produtor lida com a compactação de terra, a quantidade de ar e água no solo e quanta matéria orgânica está presente são questões fundamentais a serem analisadas", alerta.
O especialista defende que a atividade biológica do solo é primordial, pois se relaciona à saúde e ao valor nutricional dos alimentos. "Um problema é que acabamos herdando muito a questão da cultura europeia de usar fertilizante em tudo, mas estamos em outra região e, no nosso hemisfério, não dá para adotar a mesma postura. Estamos aprendendo e vendo que temos outras possibilidades", finaliza.
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