Entrevista / Valter Casemiro / Secretário de Mobilidade

Passagem sem aumento em 2022

Ao CB.Poder, titular da pasta confirma compromisso do governador Ibaneis Rocha em manter o atual valor da tarifa do transporte público. Além disso, ressalta a importância do subsídio extraordinário de R$ 500 milhões para não repassar os custos aos usuários

Eduardo Fernandes*
postado em 19/05/2022 00:01
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

O transporte coletivo da capital federal é um dos temas mais debatidos pelos moradores. O secretário de Mobilidade do DF (Semob), Valter Casemiro, garantiu, ontem, que a tarifa de passagem do usuário permanecerá no valor de, no máximo, R$ 5,50. Isso, graças ao crédito extraordinário de R$ 500 milhões aprovado na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), que ajudará na permanência do preço, além de dar um reequilíbrio financeiro, fator prejudicado pela pandemia. "A decisão do governador foi de não aumentar essa tarifa", diz o titular da pasta, em entrevista à jornalista Ana Maria Campos. 

Semana passada a CLDF aprovou um crédito extraordinário para as empresas de ônibus.
Por que isso foi necessário?

O dinheiro faz parte da recomposição orçamentária, que é colocada para pagamento do subsídio, no qual chamamos de equilíbrio econômico financeiro do contrato. Brasília optou por uma metodologia na qual o sistema possui a tarifa usuário e uma tarifa técnica. Com essa tarifa técnica, você diminui a necessidade de aumento para o brasiliense. Ele paga um pedaço e o governo o outro. Optamos por não ter um aumento nesse preço, e o brasiliense continua pagando o valor de, no máximo, R$ 5,50 e o restante é pago pelo governo.

O sistema é remunerado pelas duas tarifas e, quando necessário, o governo precisa de um subsídio extra para custear o serviço, se não a tarifa sobe. É isso?

 A tarifa técnica paga uma parte, enquanto a usuária paga outra. A tarifa técnica é o somatório do subsídio com a do brasiliense, no qual ele paga R$ 5,50, e o GDF o restante. Isso acontece, justamente para não aumentar o valor da passagem. Muitas vezes as pessoas comentam que estamos dando dinheiro para empresários, mas, na verdade, estamos dando dinheiro para a população. Se eu não tivesse a tarifa técnica, como acontece em outros municípios, o preço médio estaria em R$ 10.

Quanto menos passageiros, mais o governo precisa pagar?

Exatamente. Se nós não reduzirmos o custo do sistema, o governo precisa complementar. Isso é uma equação que está relacionada aos gastos do sistema. Como não diminuímos o número de ônibus, pagamos essa diferença, para que não tenhamos impacto pro usuário. O dinheiro, esses R$ 500 milhões, não é para as empresas de ônibus, e, sim, para a população.

O senhor acredita que esse seja o melhor modelo?

Sem dúvidas, é a melhor forma. Hoje, toda a Europa usa esse tipo de sistema. Inclusive, lá, a média de utilização de subsídio é de 50% para as tarifas de ônibus e para o transporte público no geral.

As gratuidades encarecem o sistema, tornando esse subsídio maior paro governo?

Exatamente. No DF, por exemplo, o estudante não paga nada. Todo esse recurso é pago pelo governo, ele vem pelo sistema por meio de subsídio. A mesma coisa para pessoas com deficiência, o governo custeia por cada pessoa que vem pelo sistema.

A pandemia gerou uma redução no número de passageiros. Agora, esse sistema também está retomando a normalidade?

Hoje estamos com os números em 100% em relação a antes da pandemia. Chegou em um ponto que apenas 25% da população andava em coletivos, com dois ou três passageiros.

Este ano podemos confirmar que não teremos aumento na tarifa?

Não teremos. Esse é um compromisso do governador Ibaneis Rocha (MDB), preocupado com a condição da população. E a decisão do governador foi de não aumentar essa tarifa.

* Estagiário sob a supervisão
de Guilherme Marinho

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