Violência

Em Planaltina, técnico de enfermagem é agredido por acompanhante de paciente

Após técnico de enfermagem do Hospital Regional de Planaltina (HRPL) não considerar o caso de uma paciente como urgente, acompanhante deu socos no servidor público

Pedro Marra
postado em 16/05/2022 14:39 / atualizado em 16/05/2022 14:39
Técnico em enfermagem do Hospital Regional de Planaltina (HRPL), Fúlvio Lavareda, 36 anos, foi agredido com socos por acompanhante de paciente -  (crédito: Arquivo pessoal)
Técnico em enfermagem do Hospital Regional de Planaltina (HRPL), Fúlvio Lavareda, 36 anos, foi agredido com socos por acompanhante de paciente - (crédito: Arquivo pessoal)

O técnico de enfermagem do Hospital Regional de Planaltina (HRPL) Fúlvio Fernando da Silva, 36 anos, foi agredido, na madrugada de domingo (15/5) à noite, com socos pelo acompanhante de uma paciente. A motivação teria sido o fato de o servidor público, que estava de plantão, informar que a mulher não era considerada um caso urgente durante avaliação na triagem.

  • Técnico em enfermagem do Hospital Regional de Planaltina (HRPL), Fúlvio Lavareda, 36 anos, foi agredido com socos por acompanhante de paciente Arquivo pessoal
  • Técnico em enfermagem do Hospital Regional de Planaltina (HRPL), Fúlvio Lavareda, 36 anos, foi agredido com socos por acompanhante de paciente Arquivo pessoal
  • Técnico em enfermagem do Hospital Regional de Planaltina (HRPL), Fúlvio Lavareda, 36 anos, foi agredido com socos por acompanhante de paciente Arquivo pessoal

A briga começou quando o agressor, que é amigo da paciente, chegou com ela no colo, e queria que ela fosse atendida logo, o que gerou discussão com Fúlvio por conta da demora no atendimento. A equipe de segurança do HRPL teve que conter o homem até a chegada de policiais militares.

Em entrevista ao Correio, Fúlvio conta que os dois amigos chegaram no hospital de uma festa e o acompanhante afirmou que a mulher passava muito mal. Em seguida, o técnico verificou os sinais vitais da paciente e conferiu que estava tudo normal com o estado de saúde da moça. "Fui explicar para ele, que não aceitou, e disse que eu iria deixar ela morrer, e começou a me agredir verbalmente", conta.

O profissional relata que foi solicitado que o acompanhante saísse do HRPL e que viesse outra pessoa para ficar com a mulher, mas ele se recusou. "Em determinado momento, ele fingiu que iria sair, passando por trás de mim, quando eu terminava o atendimento dela, e já puxou meu braço e desferiu o soco", recorda.

Fúlvio, então, chamou a Polícia Militar enquanto os seguranças do hospital contiveram o agressor. Perguntado sobre o estado de saúde da paciente, o profissional informou que ela estava com uma crise de ansiedade, e foi liberada após dez minutos. 

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) registrou boletim de ocorrência na 16ª DP (Planaltina) para a realização de um exame de corpo de delito no técnico por conta das agressões sofridas. O caso é investigado como injúria e lesão corporal.

Segundo a Polícia Civil do DF (PCDF), o profissional de saúde alegou agressão física e ofensas verbais por parte do agressor. “Este alegou que vários seguranças o empurraram na parede, motivo pelo qual encaminhou as partes envolvidas a esta delegacia”, detalha a corporação.

Em nota, a Secretaria de Saúde informa que a paciente chegou a ser atendida de imediato pela equipe médica da unidade. A pasta repudia este e os demais episódios de agressão e depredação de hospitais e unidades de saúde. “É inadmissível que servidores públicos sejam tratados desta forma no desempenho de suas funções em prol da assistência à Saúde no Distrito Federal”, diz um trecho.

No texto, a SES-DF argumenta que, devido à alta demanda que os hospitais têm registrado nas últimas semanas, pacientes classificados com quadros menos graves, ou que não demandam atendimento de emergência podem procurar, inicialmente, as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) ou Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).

Após as agressões, Fúlvio teve o braço enfaixado e vai ficar sete dias afastado do trabalho de atestado médico. Em nota oficial, o Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF) chamou a atenção para casos de violência contra profissionais da área em unidades públicas de saúde do DF.

O presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF), Elissandro Noronha, acredita que falta segurança e sistemas de monitoramento. “Os profissionais estão expostos e os agressores estão à vontade”, comenta.

Elissandro sugere que o governo precisa apresentar um plano de segurança urgentemente. “Todos os meses, estamos registrando casos de agressões físicas contra colegas de profissão. Isso é um absurdo, é inaceitável, não pode continuar acontecendo”, afirma Elissandro.

Outro caso

Em 21 de março deste ano, outro caso de agressão ocorreu contra uma profissional de saúde do DF. Na Unidade Básica de Saúde (UBS) nº 5, de Taguatinga, uma enfermeira foi agredida com tapas no rosto pela esposa de um paciente. A violência aconteceu após a profissional alegar que não poderia prescrever medicamentos tarja preta para o paciente e que o mesmo deveria procurar o médico responsável. A acompanhante do homem não gostou da resposta e partiu para cima da mulher.

Dentre os remédios solicitados estavam Rivotril e Clonazepam, que são utilizados no tratamento de vários tipos de distúrbios de ansiedade e devem ser prescritos após consulta médica, conforme protocolos clínicos. De acordo com uma das enfermeiras que trabalha no posto — e pediu para não ter a identidade divulgada —, a UBS mencionada não abrange o endereço do paciente, que teria passado em outro posto de saúde, há cerca de 15 dias, para pegar a mesma medicação. “Um centro de saúde se comunica com outro. Ele já havia pego as medicações há um tempo, estava querendo uma nova prescrição, ou seja, superdosagem”, constatou a profissional. 

Com informações do Coren-DF

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