Emocionada, Jéssica Dantas, 29 anos, vítima de tentativa de feminicídio na última terça-feira (10/5), gravou um vídeo agradecendo as orações e a preocupação de amigos. Com diversos curativos no pescoço e no rosto, a moradora do Itapoã garante: "Estou muito machucada, muito fraca. Mas vou sair daqui, vou ficar bem".
Jéssica diz que recebeu a chance de viver de novo. "Deus me deu a oportunidade de mais uma vez estar viva, respirar. O trauma a gente leva para o resto da vida. Mas é um aprendizado. Vou levar essa data como se tivesse nascido de novo", afirma. No fim, ela agradece a preocupação e a oração dos amigos e familiares.
15 facadas
Jéssica foi esfaqueada pelo companheiro, Antônio Renato Moura, 33 anos, após uma discussão em casa. A agressão aconteceu entre 21h e 21h30. A mulher levou cerca de 15 facadas, algumas na região do rosto, do pescoço, tórax e braços. Para escapar com vida da violência, ela precisou se fingir de morta.
Uma amiga de Jéssica, que não será identificada para sua proteção, detalhou à reportagem os momentos de tensão. "A gente começou a ouvir os pedidos de socorro, mas eu nunca poderia imaginar que vinha da Jéssica. Quando sai de casa, vi ela aqui na frente da calçada, segurando o pescoço, toda cheia de sangue. Foi uma cena de horror. Nunca tinha visto algo assim", lamenta.
"Tudo isso aconteceu na frente dos filhos deles, que têm sete, cinco e um ano e nove meses. O filho dela chegou a contar que ele bateu nela diversas vezes, batendo a cabeça dela contra a parede", conta.
As crianças presenciaram a violência até o momento de fuga do pai, que deixou o local em uma bicicleta. Os vizinhos e pessoas que passavam na rua interviram e afastaram os três filhos de Jéssica, para que não a vissem tão machucada. "Não queríamos que eles ficassem traumatizados. Ela (a vítima) já estava deitada na calçada, os olhos revirando. Eu ficava tentando conversar com ela para que ela não dormisse até os bombeiros chegarem", salienta.
Jéssica foi encaminhada ao Hospital do Paranoá em estado grave e passou por cirurgia. O caso é investigado pela 6° Delegacia de Polícia (Paranoá), e o agressor segue foragido.
Aniquilação da identidade
Doutora em Sociologia e pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas Sobre as Mulheres (UnB), Ana Paula Antunes detalhou, em entrevista ao Correio, características marcantes do crime. "Uma questão é a utilização de práticas que podem ser entendidas como tortura, porque se observou um intenso sofrimento físico e psicológico, em primeiro lugar pela presença dos filhos no local, que amplia a violência imposta, e pelo número de facadas e outras agressões", destaca.
Sobre os golpes no rosto, a especialista destaca o simbolismo envolvido. "Diversos pesquisadores têm estudado que esse nível de conflitualidade ou essa escalada de violência pelas próprias lesões cometidas. Por exemplo, as facadas e agressões no rosto que indicam tentativa de aniquilação da identidade, da expressão da vítima. São atos de uma gravidade física, mas também simbólica e que demonstram o que nós chamamos de misoginia, que é o ódio às mulheres", finaliza.
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Como pedir ajuda:
- Ligue 190: Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Uma viatura é enviada imediatamente até o local. Serviço disponível 24h por dia, todos os dias. Ligação gratuita.
- Ligue 197: Polícia Civil do DF (PCDF).
E-mail: denuncia197@pcdf.df.gov.br
WhatsApp: (61) 98626-1197
Site: https://www.pcdf.df.gov.br/servicos/197/violencia-contra-mulher
- Ligue 180: Central de Atendimento à Mulher, canal da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres. Serviço registra e encaminha denúncias de violência contra a mulher aos órgãos competentes, além de reclamações, sugestões e elogios sobre o funcionamento dos serviços de atendimento. A denúncia pode ser feita de forma anônima, 24h por dia, todos os dias. Ligação gratuita.
- Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher (Deam): funcionamento 24 horas por dia, todos os dias.
Deam 1: previne, reprime e investiga os crimes praticados contra a mulher em todo o DF, à exceção de Ceilândia.
Endereço: EQS 204/205, Asa Sul.
Telefones: 3207-6172 / 3207-6195 / 98362-5673
E-mail: deam_sa@pcdf.df.gov.br
Deam 2: previne, reprime e investiga crimes contra a mulher praticados em Ceilândia.
Endereço: St. M QNM 2, Ceilândia
Telefones: 3207-7391 / 3207-7408 / 3207-7438
- Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos
Whatsapp: (61) 99656-5008 - Canal 24h
- Secretaria da Mulher do DF
Whatsapp: (61) 99415-0635
- Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT)
Promotorias nas regiões administrativas do DF
https://www.mpdft.mp.br/portal/index.php/promotorias-de-justica-nas-cidades
Núcleo de Gênero
Endereço: Eixo Monumental, Praça do Buriti, Lote 2, Sala 144, Sede do MPDFT
Telefones: 3343-6086 e 3343-9625
E-mail:pro-mulher@mpdft.mp.br
- Defensoria Pública do DF
Núcleo de Assistência Jurídica de Defesa da Mulher (Nudem)
Endereço: Fórum José Júlio Leal Fagundes, Setor de Múltiplas Atividades Sul, Trecho 3, Lotes 4/6, BL 4 Telefones: (061) 3103-1926 / 3103-1928 / 3103-1765
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(61) 9 8314-0622 - Horário: 08:00 às 17:00 - Planaltina
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Site: https://www.sejus.df.gov.br/pro-vitima/ - Brasília
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Além disso, a Secretaria de Justiça e Cidadania (SEJUS), conta com o número, o 125, para receber denúncias de violação de direitos de crianças e adolescentes no Distrito Federal. A ligação é gratuita e o serviço é realizado pela Coordenação do Sistema de Denúncias de Violação dos Direitos da Criança e do Adolescente – CISDECA.
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