Um motorista de aplicativo da plataforma Uber foi agredido por uma passageira, 66 anos, na madrugada desta quinta-feira (12/5), por volta das 2h, próximo ao Memorial JK. Gabriel Costa Ferraz, 28 anos, aceitou a solicitação da corrida, que iria da 5ª Delegacia de Polícia (Asa Norte) até um endereço em Vicente Pires. Ao entrar no carro, a passageira reclamou que o destino estava incorreto.
De acordo com o relato da vítima, na Via N1, trecho que liga o Eixo Monumental à Epia, a passageira questionou a rota. “Na altura do Memorial JK, ela começou a perguntar e, todas as vezes, eu dizia que estava seguindo o caminho selecionado pelo aplicativo, conforme o destino que ela inseriu. Na terceira vez que ela perguntou, não deu tempo de responder. Ela foi para trás do banco do carona e me deu uma gravata no pescoço. Avançou e começou a me agredir dentro do carro mesmo”, recorda Gabriel.
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Socos e tapas foram desferidos no rosto do motorista, que tentou se defender. “O carro permaneceu em movimento, então com uma mão tentei manter o controle da direção enquanto com a outra, segurei o braço dela para impedir que me enforcasse. Quase bati o carro várias vezes”, diz. “Ela gritava dizendo que estava alterando a rota, e eu pedi pra ela olhar o GPS, mas não adiantava. Ela estava completamente alterada”, diz.
Enquanto tentava manter a direção do carro, Gabriel decidiu fazer o retorno e voltar para a 5ª DP, para pedir socorro. “Quando estava próximo da delegacia, ela começou a me dar coronhadas com o celular na minha cabeça. Foram vários. Ela chegou, inclusive, a puxar o freio de mão do carro e rodamos na pista”, recorda. Para impedir que fosse mais ferido ou que a passageira tentasse algo ainda mais grave, o motorista a segurou pelo cabelo. “Foi a forma que encontrei para imobilizá-la. Ela me machucou, mas não queria agredir, pelo fato de ser mulher, então só me defendi”, explica.
Ao chegar na delegacia, Gabriel buzinou até que a equipe de plantão foi em seu socorro. “Desci, chamei uma viatura do Corpo de Bombeiros, porque não estava me sentindo bem devido às pancadas na cabeça. Recebi o pedido para ir ao IML (Instituto Médico Legal), fazer exame de corpo e delito, e agora estou aguardando o boletim de ocorrência sair para entrar com um processo”, reitera. “Tudo o que aconteceu foi gravado, a corrida está registrada no aplicativo".
Em nota, a Polícia Civil do DF informou que a mulher não prestou depoimento "por estar, aparentemente alcoolizada".
Perigo nas ruas
Motorista há cinco anos, Gabriel diz que, além do episódio da madrugada desta quinta-feira (12/5), já sofreu, ainda, uma tentativa de sequestro no ano de 2020. Desde então, tomou cuidados redobrados. “Eu sempre vejo se a pessoa vai pagar em cartão ou em dinheiro. Por ser mulher, até nos sentimos mais seguros, mas depois de passar por isso vejo que não é bem assim”, pondera.
Para Gabriel, as duras e perigosas situações vividas durante o horário de trabalho colocam em xeque a segurança dos motoristas de aplicativo. “Se estamos na rua é porque precisamos trabalhar. O mercado de trabalho não é uma maravilha, e o aplicativo de corridas é uma forma que as pessoas encontram de levar o sustento para dentro de casa. Passar por uma situação dessas em seu ambiente de trabalho é horrível. Eu não sei se essa mulher tem algum problema, se estava em sã consciência. Mas é constrangedor lembrar a forma como fui agredido”, lamenta.
O Correio procurou a empresa Uber para posicionamento. Em nota, a Uber informou que considera inaceitável o uso de violência. "Esperamos que motoristas parceiros e usuários não se envolvam em brigas e discussões e que contatem imediatamente as autoridades policiais sempre que se sentirem ameaçados. Esse tipo de comportamento configura uma violação aos termos de uso da plataforma e a conta que solicitou a viagem já foi desativada, enquanto aguardamos pelas apurações". A empresa disse, ainda, que permanece à disposição das autoridades para colaborar com as investigações, na forma da lei.
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