Uma conselheira tutelar foi presa, na manhã desta quarta-feira (4/5), por envolvimento em organização criminosa com integrantes do Distrito Federal e de outros quatro estados do país. A Coordenação de Repressão às Drogas (Cord), juntamente com o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), cumpriu 20 prisões temporárias no DF e sete prisões em flagrante contra pessoas que não tinham mandados judiciais na Operação Sistema. A suspeita é ex-esposa do traficante líder da quadrilha, que atuava na Vila Tele Brasília.
Diretor da Cord, o delegado Paulo Francisco Pereira começou a investigação há três anos e meio, tempo necessário para comprovar a existência de uma quadrilha voltada para o tráfico de drogas. O investigador afirma que o líder do grupo tinha uma conduta mafiosa e conseguiu eleger a conselheira tutelar com transporte de eleitores. "O mais espantoso é que várias pessoas se vangloriavam de ter influenciado e ter conseguido votos para a ex-esposa dele", detalha Paulo Francisco.
Traficante promovia Festa do Dia das Crianças na via Tele Brasília
Segundo Paulo Ricardo, a investigação mostrou que há outro núcleo, além da Tele Brasília, representado por dois irmãos. Esse outro núcleo ficaria em Samambaia. "Apuramos que o pessoal da Tele Brasília promovia eventos dentro do bairro, chegando a distribuir alimentos e promover festa do Dia das Crianças e distribuir bombons para as crianças na Páscoa (do ano passado)", relata o delegado. Outros 60 mandados de busca e apreensão foram feitos nos estados de São Paulo (1); Goiás (3); Mato Grosso do Sul (9) e no DF (47).
Os agentes cumpriram 35 mandados de sequestro judicial de bens móveis como jet-skis, veículos e cinco imóveis. A operação ainda bloqueou 21 contas bancárias. Veículos de passeio, armas longas, pistolas, coletes balísticos, munições, dois Porsches de cor branca, motocicletas e R$ 100 mil, em espécie, foram apreendidos nas residências dos alvos nesta manhã. O diretor da Cord acrescenta que o grupo providenciava carregamentos de cocaína em regiões de fronteira no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul para o DF.
Veja o vídeo dos carros e motos apreendidos na investigação.
"Uma apreensão foi realizada pela operação, no mês de fevereiro, de aproximadamente 200 kg de cocaína, que também demonstrou a astúcia desses indivíduos, porque adquiriram um veículo de manutenção eletrônica e elétrica, adquirido no Paraná", informa Paulo Ricardo. O carregamento de cocaína vinculado à quadrilha foi feito em Uruaçu (MG), antes de chegar a Brasília.
Confira um vídeo das armas apreendidas na operação.
A segunda quantidade de cocaína apreendida foi de 300 kg, feita pela Polícia Rodoviária Federal do DF (PRF) e Coordenação de Operações de Divisas (Cod) da Polícia Militar de Goiás (PMGO), também em Uruaçu, com destino o DF. "Tinha como destino o mercado do DF e Entorno", assegura o diretor da Cord.
O investigador diz que o veículo usado no transporte da droga foi vendido por uma pessoa do estado do Sul do Brasil. "Foi trazido ao Distrito Federal e teve a estrutura reforçada para que fosse adaptadas as antenas de telefonia celular, que foi onde fizeram o transporte da droga", complementa Paulo Francisco.
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O diretor da Cord descreve a quadrilha do DF conseguiu lavar R$ 2 milhões por meio de empresas de fachada de outro grupo, de Minas Gerais, mas entre os bandidos, as movimentações financeiras chegam a quase R$ 10 milhões. "Então, os criminosos de Brasília se utilizaram dessa estrutura para a finalidade de lavar dinheiro e de adquirir drogas em grande quantidade", descreve o delegado.
Oficina de lanternagem fez movimentações financeiras
A operação também identificou movimentações financeiras realizadas por funcionários de uma oficina de lanternagem, de propriedade do líder do grupo criminoso, para contas de empresas e de pessoas físicas em áreas de fronteira com a Bolívia. Por meio da análise das transações, foi possível identificar denso núcleo de traficantes oriundos de Mirassol do Oeste, no Mato Grosso. Os investigados foram identificados como responsáveis por atos de logística do tráfico de drogas fornecendo transporte e batedores para os carregamentos.
O promotor do MPDFT Luiz Humberto de Oliveira afirma que o trabalho junto à Cord é feito desde 2021 em várias operações. "O nosso trabalho é essa aproximação das instituições de trazer informações sigilosas, o que acaba fazendo uma compreensão melhor da investigação, o que favorece a efetividade do cumprimento da operação", opina.
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A operação desta manhã contou com a participação de 330 policiais, sendo integrantes da Polícia Civil do DF, com todo efetivo da Divisão de Operações Especiais (DOE) e equipe da Divisão de Operações Aéreas (DOA), Coordenação de Operações de Divisas (Cod) da Polícia Militar de Goiás (PMGO), Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deinter 4) da Polícia Civil de São Paulo (PCSP), Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil do Mato Grosso do Sul (PCMS), Delegacia Especializada de Repressão à Entorpecentes da Polícia Civil do Mato Grosso (PCMT), Polícias Civis de Luziânia e Águas Lindas de Goiás. O trabalho em conjunto desarticulou o grupo criminoso indiciado por organização criminosa, tráfico de drogas interestadual, lavagem de dinheiro e práticas mafiosas como ações sociais para angariar o apoio da comunidade.
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