Em evento que celebrou o Dia Mundial do Tai Chi e Chi Kung, neste sábado (30/4), o secretário de Saúde, Manoel Pafiadache, anunciou que o GDF estuda um plano arquitetônico para criar, nas entrequadras 104/105 Norte, um centro de vivência e referência em práticas integrativas. O local é conhecido atualmente como a Praça da Harmonia Universal (PHU), e lá, ocorrem diversas atividades voltadas para a saúde e o bem estar, a exemplo das práticas diárias de Tai Chi Chuan com o Mestre Woo, fundador da Associação Being Tao (ABT).
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"Ontem (29/4), foi levado até mim um projeto arquitetônico para fazer uma modificação muito interessante nesta praça preservando todos os espaços de convivência e a parte ambiental. Eu vejo como uma obrigação nossa avançar com esse projeto. A proposta é transformar a praça em um local de práticas integrativas de todas ordens, e não só do Tai Chi", explicou, ao Correio, o secretário Manoel Pafiadache, que esteve presente no evento realizado pela Associação Being Tao (ABT) para celebrar o Dia do Tai Chi e Chi Kung.
A proposta em questão foi elaborada no último ano por um grupo de trabalho formado por representantes da ABT, das prefeituras da 104 e 105 Norte, da Administração do Plano Piloto, e da Gerência de Práticas Integrativas da Secretaria de Saúde. O grupo se reuniu na última sexta-feira (29/4) na Secretaria de Saúde, e na ocasião, a pasta autorizou o encaminhamento do estudo aos demais órgãos de competência.
O plano arquitetônico de diretrizes para a Praça da Harmonia Universal foi desenhado pela arquiteta, conselheira cultural da ABT, Janete Freiberger, como trabalho voluntário. "Busquei sintetizar, neste desenho, os desejos e anseios da comunidade, e agora o grupo doou esse plano à Secretaria de Saúde", disse Janete. O plano de ocupação da praça prevê a construção de uma estrutura multiuso com cobertura para práticas integrativas e socioculturais com palco; salões de vivências; praça de ginástica; jardins temáticos, sensoriais e terapêuticos; horta; quadras esportivas e skate; entre outros espaços.
De acordo com Cristian Silva, assistente social e gerente de práticas integrativas da Secretaria de Saúde do DF, agora a proposta está em fase de análise na Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SEDUH). “Está sendo estudada a transferência desse terreno, da praça, para o patrimônio da Secretaria de Saúde, e estão sendo cumpridos requisitos legais para que isso ocorra. Hoje, o espaço está no patrimônio geral do DF”, explicou Cristian. “Uma das próximas fases também é trazer o quantitativo de valor, o custo do projeto. Ainda será feito o projeto orçamentário”, acrescentou.
Segundo Cristian, o estudo não deve passar pela tradicional consulta pública porque o grupo de trabalho já está desenvolvendo a proposta com participação da comunidade local. "Todas as associações foram convidadas a participar, e é muito importante dizer que outras associações ainda podem procurar a nossa pasta para protocolar o interesse em participar do projeto”, destacou o gerente.
Cristian ainda reforçou que muitas reuniões e debates ainda serão realizados com a comunidade local. Ele prevê que as obras sejam lançadas oficialmente em 2023 e que o novo Centro de Vivência esteja pronto em aproximadamente seis anos: “São várias etapas de implantação do projeto. A gente calcula que toda estrutura da praça leva uns seis a oito anos para ficar completa”.
O gerente de práticas integrativas da Secretaria de Saúde também lembrou que a lei proíbe o espaço de ser utilizado de forma comercial. Para ele, moradores, turistas e toda comunidade do DF serão beneficiados com a nova área, que será exclusiva para atividades direcionadas à saúde e ao bem-estar. “Ainda temos problemas nessa praça. Existe um mal uso da área, com depredação, lixo e uso de drogas na madrugada, e precisamos enfrentar isso com a presença do Estado, trazendo um ambiente mais saudável e orgânico”.
Jeann Cunha, morador e prefeito comunitário da quadra 105 Norte, acredita que a construção vai contribuir para que a população e o poder público dê mais atenção à região. “Isso resolve o problema de mau uso, porque o lugar fica muito jogado. Nós, da prefeitura, é quem cuidamos da limpeza. E tem muito vandalismo, estão sempre depredando a quadra de esporte”, conta Jeann. “O uso do espaço ficaria mais controlado com o projeto, além de melhorar a infraestrutura local e fortalecer os laços comunitários”.
Tai Chi e Chi Kung
O anúncio do projeto arquitetônico ocorreu neste sábado (30/4) em evento realizado pela Associação Being Tao (ABT), na Praça da Harmonia Universal, para celebrar o Dia Mundial de Tai Chi e Chi Kung. As práticas são celebradas nesta data não apenas no DF, mas em todo o mundo, com exceção dos últimos dois anos, quando os eventos foram suspensos por causa da pandemia de Covid-19.
Aberto ao público, o evento contou com uma prática coletiva de Tai Chi, liderada por Aristein Woo, e com aulas de Kung Fu para crianças. Também foram realizadas, simultaneamente, atividades de pintura chinesa pelo Instituto Confúcio de Brasília. Na ocasião, o especialista em práticas de Tai Chi Being Tao, conhecido como Mestre Woo, também recebeu agradecimentos e homenagens da ABT. Além de ter fundado a associação, Mestre Woo ficou conhecido em Brasília por ter sido pioneiro na prática de Tai Chi Chuan na capital do país.
Moo Shong Woo, o “Mestre Woo”, tem 90 anos e nasceu em Chiayi, Taiwan. Em 1968, o monge mudou-se para Brasília, onde reside até hoje, na 105 Norte. Além de professor de Tai Chi Chuan e outras artes marciais, Woo é médico, monge, poeta e arquiteto. “O Tai Chi é uma forma de trazer saúde, fraternidade e paz para a sociedade. Não é só corpo, é mente e espírito também. E todos podem praticar, crianças, adultos, idosos, todo mundo. Existe muita cultura exterior hoje em dia, mas falta cultura interior, e é isso que o Tai Chi promove: o cultivo do interior”, diz Mestre Woo.
Nas palavras da diretora presidente da ABT, Márcia Brandão, o Tai Chi Being Tao é importante sobretudo para a saúde e longevidade da população. De acordo com ela, "Being Tao" significa "o caminho para o bem viver". “É uma arte marcial de cunho meditativo, então ao mesmo tempo em que trabalhamos com alongamentos e aquecimentos, também trabalhamos com a produção de energia do corpo”, explica.
Atualmente, as práticas de Tai Chi Chuan ocorrem todos os dias da semana na Praça da Harmonia Universal, localizada na entrequadra da 104/105 Norte. As aulas são gratuitas e acontecem de 8h às 9h.
Veja vídeo da prática conjunta realizada neste sábado (30/4):