Mesmo diante de uma crise econômica agravada pela pandemia da covid-19, o comércio do Distrito Federal dá sinais de otimismo em relação às vendas para o feriado de Dia das Mães — segunda data mais importante para o comércio em todo o Brasil. Levantamento prévio, feito pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-DF), espera aumento de 26%, se comparado com o ano passado. O dado é maior do que o registrado em 2021, que teve um crescimento efetivo de 22,5% sobre a data comemorativa no primeiro ano de pandemia.
De acordo com o instituto, o Dia das Mães, em termos de faturamento, perde apenas para o Natal e a boa expectativa para esse ano vem acompanhada do menor índice de pessimismo, em que somente 3,4% dos lojistas da capital esperam que as vendas na data sejam piores que no ano passado. A pesquisa aponta que 57,1% dos comerciantes acreditam nas boas vendas para o período. Em 2021, menos de 40% estavam otimistas, segundo a Fecomércio.
Realidade diferente
Para o presidente do instituto, José Aparecido Freire, não seria uma surpresa se as vendas desse ano superassem as expectativas. De acordo com o gestor, isso também aconteceu nas datas comemorativas de 2021, especialmente no segundo semestre. "Acreditamos que isso represente, de fato, um movimento de retomada da economia, provocado pelo avanço da vacinação, pela reabertura definitiva do comércio em todo o Distrito Federal e também, agora, pelo fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em locais fechados", analisa.
Assim como José Aparecido, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista-DF), Sebastião Abritta, afirma estar com boas expectativas para as vendas do Dia das Mães, em 2022. "Com a regressão da pandemia, a realidade é diferente. Uma mãe pode sair com sua família para comemorar a data em um restaurante, por exemplo. Além disso, boa parte do funcionalismo público está trabalhando presencialmente. Tudo isso ajuda, pois o consumidor volta às ruas e faz com que a cadeia produtiva esteja a todo vapor", comemora Abritta.
De acordo com o presidente do Sindvarejista, os preparativos para o feriado do Dia das Mães se iniciam logo após o Natal do ano anterior, quando as indústrias começam a fabricar produtos e os lojistas a preparar o estoque para o Dia das mães. O sindicato dos varejistas ainda está fazendo um levantamento mais detalhado sobre as expectativas e, de acordo com Sebastião, a pesquisa deve ser divulgada ainda nesta semana.
Preferências
Para esse Dia das Mães, a pesquisa realizada pela Fecomércio aponta que as roupas lideram o gosto dos consumidores do DF, com 28,55% da preferência. O produto é vendido na Zinzane, loja em que Emmanuelle Keldani, 44 anos, é gerente há seis meses. Segundo a gestora, a expectativa é que o movimento em seu estabelecimento cresça entre 30% e 50%, em relação a 2021. "A gente está vindo de uma pandemia, que fez com que as pessoas ficassem mais em casa, muitas vezes tendo que comemorar o Dia das Mães por meio de chamada de vídeo. Agora, com esse relaxamento, acho que presentear a mãe — que é o símbolo da família — é a melhor coisa que pode ser feita", considera.
Emmanuelle diz que uma sugestão de presente é o vestido estampado. "Não tem erro, é o nosso carro-chefe! Sempre que chegam remessas, (esse vestido estampado) acaba em uma ou duas semanas", revela. "Outra dica que eu poderia dar, é que comprem com antecedência, pois, quanto mais próximo da data, maior o movimento. Então, para não perder numeração, tamanhos e o modelo que a pessoa gostaria de levar, o melhor é comprar logo", destaca a gerente.
Assim como Keldani, a vendedora Janaina Amorim, 30, também está animada para a data. A Constance, loja onde ela trabalha vende, em sua maioria, calçados — produto que aparece no levantamento com 22,75% da preferência da população brasiliense. "A campanha começou na semana passada e esperamos alcançar a meta tanto da loja — que é de R$ 100 mil — como a meta de cada vendedor", ressalta. Ela afirma que, para isso, funcionários temporários devem ser contratados. "Nosso gerente vai fazer as entrevistas durante esta semana, com previsão de que, quem for escolhido, comece em 1º de maio", revela Janaina.
Apesar de estar somente na quarta colocação da pesquisa feita pela Fecomércio, com 14,35% de preferência entre os consumidores do DF, as vendas de cosméticos e perfumes também prometem bombar. É o que afirma a gerente da Lord Perfumaria Lázara Maria Ferreira, 54. Ela aponta que a melhora nas vendas já está sendo percebida. "A procura por produtos para presentear no Dia das Mães está acontecendo. Está tudo bem adiantado", observa.
A gerente conta que o estoque está preparado, e com novidades. "Fizemos várias compras de lançamentos, principalmente de produtos para o público feminino, justamente para o dia das mães. A preparação começou um pouco antes da Páscoa, em meados de março, fazendo a reposição do estoque e deixando apenas os lançamentos, porque mãe, merece", destaca Lázara, que revela qual deve ser o produto mais vendido. "Estamos focando bastante na cosmetologia. Ficamos muito tempo utilizando máscaras e, por isso, a 'mulherada' deixou de usar produtos como o batom, por exemplo. Agora, com a desobrigação do uso da proteção facial, elas voltaram a comprar esse tipo de produto, dessa forma, ele se tornou o nosso foco para o Dia das Mães", conclui a gestora.
Hora do presente
Consumidores que passeiam pelos shoppings, estão de olho nas vitrines, em busca do presente ideal para suas mães. No entanto, a técnica em radiologia Eduarda Rosa, 23, nem precisa se preocupar em pensar no que vai presentear. De acordo com ela, a matriarca da família deixou bem claro o que pretende ganhar. "Ela é bem objetiva. Assim que começou a se aproximar da data, ela deixou claro que queria um secador de cabelo e especifica até a marca", destaca aos risos Eduarda, afirmando que prefere que seja assim, porque acaba facilitando as coisas na hora de comprar.
O único problema, segundo a radiologista, é que o planejamento de gasto para a data só pode ser feito quando sua mãe escolhe o que pretende ganhar. "No começo ela se faz de difícil, mas acaba sempre dizendo o que quer. Além disso, minha mãe é bem esperta. Tenho mais dois irmãos e um deles ainda tem oito anos. Para minha outra irmã, que também tem condições de comprar presente, ela pede algo diferente", brinca.
Eduarda estava com sua cunhada Jucélia Caetano, 34, e conta ter uma mãe de personalidade completamente oposta. "Ela é muito difícil de dar presente. Geralmente, todos os irmãos se juntam e dão um só presente ou juntam os valores e entregam o dinheiro para ela pagar uma conta, por exemplo", esclarece. A assistente administrativa confessa que ainda não planejou para esse ano. "Sei que eu tenho que comprar alguma coisa para a minha mãe, mas não tenho nada em mente, por enquanto", completa Jucélia.
A estudante Millena Gomes, 22, percorrer lojas e shoppings para pesquisar um presente ideal. "Estou pensando em dar algo relacionado a plantas, pois minha mãe gosta muito", revela. "Outros tipos de produtos estão bem caros, principalmente roupa e sapatos", reclama a estudante. A estudante encerra falando sobre como é feito o planejamento de gastos na família. "Eu e meus irmãos costumamos gastar uma média de R$ 100, cada um. Este ano, estamos conversando sobre a possibilidade de juntar os valores e comprar um só presente", finaliza.