Hely Vicentini, procuradora aposentada do Distrito Federal morreu ontem, aos 83 anos. O velório está marcado para ocorrer hoje, a partir das 9h, na Capela 7, do Cemitério Campo da Esperança da Asa Sul. Conhecida pelo sorriso fácil, ela contagiava a todos ao seu redor. Hely deixa a filha Marianne Vicentini e o neto Arthur — filho do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda.
A procuradora saiu de São Paulo e veio para Brasília na década de 1960 — período da fundação da capital do país — e logo procurou um clube para se associar, escolhendo o Cota Mil, que acolheu e abriu as portas para a servidora. Trabalhou por 20 anos na Terceira Vara Cível e foi a primeira mulher de Brasília a fazer a Escola Superior de Guerra (ESG).
Pioneira
Hely ajudou a quebrar o tabu do uso de roupas femininas na Escola Superior de Guerra, quando fez o curso em 1976. Segundo o ex-secretário de Cultura do DF Silvestre Gorgulho, Hely tinha apenas duas colegas durante o tempo no curso e, em uma das várias viagens que fizeram pelo Brasil, a incomodava o fato de vários homens ficarem tentando olhar por debaixo da saia das jovens — vestimenta, à época, obrigatória para mulheres. Então, Hely fez uma sugestão que foi acatada pelo comandante: que mulheres usassem ternos para entrar no avião.
Em entrevista ao Correio em julho de 2019, em uma série especial sobre os clubes de Brasília, Hely contou sobre a história de vida repleta de conquistas e creditou os melhores momentos dessas décadas ao tempo que passou no Cota Mil. "Quando cheguei a Brasília, vinda de São Paulo, me levaram primeiro a um outro clube. Achei legal, mas não me identifiquei. Logo em seguida, meus amigos me apresentaram o Cota, e eu disse: 'Aqui é o meu lugar'", contou a aposentada à reportagem. Por mais de 50 anos, ela se manteve como sócia do clube.