Jornal Correio Braziliense

Cidadania e amor

Médico André Watanabe, 39 anos, supervisor do programa de transplante de fígado no Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal

Qual a importância do transplante?

Vou contar o caso do paciente que eu operei ontem pela manhã. Ele é jovem, tem 19 anos, e precisou ser internado no Hospital de Base com uma gastrite fulminante. A doença evoluiu em menos de uma semana, e o fígado começou a perder sua capacidade de funcionamento. Se ele não recebesse um transplante, morreria em alguns dias. O caso estava como prioridade nacional na fila. O transplante salva e recupera a vida das pessoas.

Em média, quanto tempo dura a cirurgia de transplante?

Uma cirurgia costuma durar em torno de 6 horas. Hoje, no Instituto de Cardiologia e Transplantes, nós realizamos, por semana, entre duas e três operações. Por mês, conseguimos salvar entre 8 e 10 vidas. O Distrito Federal é uma referência regional e nacional.

Porque uma pessoa deve ser doadora de órgãos?

Nós temos que conscientizar a população sobre a doação de órgãos. Muitos pacientes podem doar, mas a família não autoriza. E eu posso afirmar que nós temos mais pacientes na fila do que a oferta de órgãos. Doação é um ato de amor ao próximo, porque no momento de uma perda (mesmo dolorosa para quem ficou), uma pessoa pode salvar diversas vidas.

O DF é referência em transplantes de órgãos?

Começamos o trabalho em 2012, e eu estava lá. É uma coisa interessante, pois antes não existia o serviço de transplante em Brasília e na região Centro-Oeste. Os pacientes tinham que se deslocar para conseguir tratamento em outros estados. Hoje, nós recebemos pacientes do Brasil todo. O Distrito Federal é o Estado número 1 em transplantes de fígado por milhão de habitantes.