Um dos espaços mais belos e procurados pelos visitantes do Zoológico de Brasília reabriu as portas recentemente e com novas atrações. Além dos insetos que dão nome ao espaço, o Borboletário passa a contar com uma Sala de Artrópodes. Agora, o público pode descobrir mais sobre os hábitos e a vida de bichos como aranhas, escorpiões e formigas — assim como dos animais alados, claro. A rotina deles pode ser acompanhada de perto em uma estrutura oval de 10 metros de altura, 26m de comprimento e 10,3m de largura, por grupos de até 10 pessoas (leia Serviço).
Entre as novidades, há 40 exemplares de bicho-pau espinhoso da Austrália, que chegaram ao Brasil pelas mãos de traficantes de animais e foram entregues à instituição, onde receberão os devidos cuidados de agora em diante. Diretor de Répteis, Anfíbios e Artrópodes do Zoológico de Brasília, Carlos Eduardo Nóbrega explica que o foco do trabalho nesse espaço envolve quatro pilares: conservação, pesquisa, educação ambiental e lazer. "O público se atrai por este último, mas acaba conhecendo o local e promovendo os outros pilares", comenta.
Além disso, por meio da educação ambiental, os visitantes incentivam a conservação e a pesquisa das espécies. Por isso, Carlos Eduardo defende a manutenção do zoo aberto à população. "Uma colônia de formiga saúva, por exemplo, é um formigueiro. E elas não se alimentam das folhas que trazem, mas do açúcar produzido pelo fungo trazido na folha. Isso tudo é conhecimento e educação, porque as pessoas, normalmente, acreditam que esses insetos se alimentam da folha. O nome disso é simbiose, uma associação em que o fungo ganha comida, e a formiga também", explica o especialista.
Para acompanhar a organização desse universo minúsculo, basta observar o formigueiro vivo exposto em uma das paredes do Borboletário. A experiência permite presenciar o trabalho dos insetos na prática e para além dos livros de ciência. Há, ainda, venenos de cobra que estão sob estudos e podem ser eficientes em tratamentos contra a covid-19 ou ajudar na diminuição dos efeitos de doenças cardíacas.
Toda visita é guiada por um instrutor, que tira dúvidas a respeito do meio ambiente e, também, promove um trabalho de conscientização sobre a natureza. Outro destaque é que o espaço do Borboletário — que conta, agora, com uma estrutura mais robusta — não serve apenas para abrigar os insetos e permitir o acesso ao conhecimento pela população, mas para criar um banco genético de conservação da espécie, caso alguma delas entre em risco de extinção. "Nós conseguimos repor esses animais na natureza se eles 'acabarem', eventualmente", afirma Carlos Eduardo.
Habitat
O espaço surgiu em 2005 e conta com espécimes brasileiras, australianas e de Madagascar. As borboletas ficam livres para voar em uma estrutura com tela metálica e sombrite, para manutenção da temperatura, da luz e da umidade, para proteção de predadores e para impedir a fuga dos insetos, segundo o zoo. A área reproduz características naturais de três microclimas, para garantir o desenvolvimento adequado dos insetos: mata fechada, área brejosa e área seca.
Um dos setores fechados ao público é o da Casa de Criação, que garante a segurança das borboletas para passarem pelas fases de ovo, larva e pupa. Lá, elas ficam até a saída do casulo e têm condições adequadas de alimentação até chegarem à fase adulta. Na área aberta aos visitantes, ocorrem as etapas de acasalamento e de envelhecimento. Em média, o tempo de vida de um inseto é de três meses e meio.
Os cuidados com o local se dão nos mínimos detalhes: as lagartas são criadas em uma espécie de berçário, na Casa de Criação. Mesmo que os ovos sejam colocados pelas borboletas na área sob a cúpula oval, diariamente, os técnicos do zoo todos retiram-nos para levá-los ao ambiente com temperatura e estrutura adequados. Em relação à parte botânica, cada planta tem um propósito para estar ali. A vegetação do plantel — como também é chamado o Borboletário — é estrategicamente pensada para alimentar os artrópodes e ajudá-los a se reproduzir.
Para saber mais
Conheça algumas das espécies disponíveis no Borboletário
Olho-de-coruja: borboleta que, com asas abertas ou fechadas, assemelhase ao animal de hábitos noturnos que lhe dá nome. Em alguns meios, pode se assimilar, ainda, a uma cobra — estratégia que afasta predadores. Essa espécie pode viver até seis meses.
Barata-de-madagascar: uma das maiores baratas do mundo, está presente na Sala dos Artrópodes do Zoológico de Brasília. O inseto vive de dois a cinco anos e se alimenta de vegetais. Com hábitos noturnos, pode chegar a até 7,5cm.
Aranha caranguejeira: geralmente encontrada em tocas ou cavidades, alguns exemplares desse artrópode podem ser consideradas as maiores aranhas do mundo. São venenosas e se alimentam de outros insetos, além de pequenos animais ou aves.
Bicho-pau espinhoso da Austrália: amigável, inofensivo e com alimentação à base de plantas, esse artrópode tem hábitos noturnos. Têm de 11 a 20 centímetros de comprimento e podem ser encontrados em ambiente natural apenas no país da Oceania.
Serviço
O Borboletário funciona de quarta-feira a domingo, das 9h às 12h e das 13h30 às 16h30. O espaço recebe apenas grupos de até 10 pessoas, acompanhados por um monitor da equipe de educação ambiental do Zoológico de Brasília. Para conhecer esse setor, basta comprar o ingresso para visitar o zoo, que abre de terça-feira a domingo e nos feriados, das 9h às 17h. O horário máximo de entrada é até as 16h, e a capacidade-limite de público é de 5 mil pessoas por dia.
Preço: R$ 10 (inteira). Pagam meia crianças de 6 a 12 anos, pessoas com mais de 60 anos, estudantes, beneficiários de programas sociais do governo, professores, pedagogos, orientadores educacionais e servidores da carreira Assistência à Educação do sistema de ensino do Distrito Federal. Não pagam ingresso pessoas com deficiência e acompanhantes (quando necessário) ou crianças de até 5 anos. Não há venda antecipada.