A Associação Parque Ecológico das Sucupiras (Apes) questiona o bom uso por parte de usuários que deixam cachorros soltos no parque situado no Sudoeste. Mesmo com advertência de autoridades e mudanças estruturais, os tutores têm ignorado as indicações, mantendo uma conduta que pode prejudicar demais usuários, além de estar fora da lei.
O problema vem desde o cercamento do parque. Mesmo com a presença de placas, os cuidadores desafiam as autoridades militares, segundo relato da associação. “São recorrentes as situações de risco para famílias, crianças e pessoas idosas, que estão deixando de frequentar esta Unidade de Conservação”, relata o presidente-fundador da Apes, Fernando de Castro Lopes.
Assim como na instalação das placas, o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) soldou portões do parque, instalou cadeados e uma faixa sobre a proibição da prática — todas as ações foram desfeitas e vandalizadas pelos tutores, como relata a associação do parque.
O presidente Fernando de Castro Lopes fala sobre condutas violentas por parte dos responsáveis dos pets. “Os tutores gritam impropérios contra aqueles que reclamam desses atos e voltam a deixar os animais livres no interior do parque. Diante da omissão das autoridades, estamos protocolando ofícios exigindo ações efetivas, na Ouvidoria do Ibram e no Ministério Público”, reclama.
Um plano de manejo foi aberto há aproximadamente um mês para buscar melhorias nas condições de uso do local. Fernando reclama da reação dos tutores quando esses contataram a associação. “Foram muito agressivos, não conseguimos nos comunicar. Se os tutores querem o parcão (espaço próprio para os pets), devem defender sua proposta no Plano de Manejo. Haverá espaço para participação de todos, mas isso não autoriza a ocuparem o parque desde já, antes de qualquer decisão e estruturação para isso, infringindo a lei e ameaçando a segurança dos moradores”, contesta.
A analista de marketing digital e tutora Patrícia Vieira, de 32 anos, discorda da reclamação de Fernando. "O cara reclama porque um monte de gente se junta por volta das 17h30 e vários cachorros ficam lá. Eles deixam dejetos, mas a falta de lixeiras atrapalha. Alguns tutores recolhem as fezes, mas deveria haver lixeira", relata. Patrícia concorda com o espaço dedicado aos caninos. "Isso tem solução, acho que deveria ter um cercados deles. Tinha que fazer um quadradinho por lá", afirma.
Já a dona de casa Aline Amorim, de 30 anos, gostaria de utilizar o parque para passear com sua filha Laura, de um ano. "Não vamos por precaução. Tenho vontade de fazer um piquenique, mas não dá. Um espaço próprio para os cachorros seria a solução. Ninguém usa o parque senão os cachorros, e os donos querem ter razão nisso", explica. Aline conta que o atrito entre os dois lados da história é comum. "De vez em quando a gente vê um bate-boca. Até mesmo a polícia aparece", descreve.
O que diz a lei?
Uma lei aprovada pelo Congresso Nacional, que vigora desde 2019, trata da entrada e da permanência dos pets em parques públicos. No Artigo 3º da lei, o condutor do animal de estimação deve ter idade e força para controlar o bicho, além de cumprir com o uso de coleira ou peitoral com guia de condução adequada à tipologia racial, apresentar carteira de vacinação e vermifugação atualizada e assinada por um veterinário e fixar uma plaqueta de identificação junto à coleira, com o nome do animal e o telefone do responsável.
O artigo considera raças como pitbull, american staffordshire, boxer e rottweiler como cães perigosos, e que podem ser expulsos por um agente fiscalizador em caso de comportamento agressivo. Os descumprimentos de ordens pode acarretar, no pior dos casos, em multa para o tutor do animal, como prevê o Artigo 6º da lei.
*Estagiário sob a supervisão de Adson Boaventura