Após anos de atrasos e interrupções, o Sistema Produtor Corumbá IV finalmente será inaugurado em 6 de abril. Lançado em 2006, pelo então governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, o projeto passou por diversas dificuldades até chegar à sua conclusão e é apontado como fundamental para a garantia do fornecimento de água no DF e Entorno nos próximos 30 anos. A obra foi realizada em conjunto pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) e pela Companhia Saneamento de Goiás (Saneago). Cada um dos órgãos construiu uma parte do novo sistema hídrico.
Dados divulgados pelo consórcio firmado entre as companhias, revelam que cerca de 1,3 milhão de habitantes do DF e do estado goiano terão o abastecimento de água tratada reforçado e ampliado pelo sistema — em Goiás, os municípios de Luziânia, Valparaíso de Goiás, Cidade Ocidental e Novo Gama. Já na capital federal, as regiões de Santa Maria, Gama, Recanto das Emas e Riacho Fundo II, além do Setor Habitacional Ponte de Terra e Setor Meirelles serão atendidas. Ainda de acordo com os órgãos, toda a região oeste do DF e a cidade de Águas Lindas de Goiás serão beneficiadas de forma indireta, por conta da geração de excedentes no Sistema Descoberto.
A partir da etapa atual, a água captada no reservatório Corumbá IV passará pela elevatória de água bruta, que fica na cidade de Luziânia, e será transportada, por meio de adutoras, até a Estação de Tratamento de Água (ETA) de Corumbá. Em seguida, ela será distribuída em redes que abastecem os estados. "O Sistema Corumbá vem suprir a necessidade de adoção de novos mananciais de abastecimento de água para o DF, diante do crescimento da população, possibilitando à região dar continuidade ao seu desenvolvimento", informam, em nota, a Caesb e a Saneago.
O investimento total da obra foi de R$ 500 milhões, de acordo com o consórcio. As companhias também revelaram que a tubulação da adutora de água bruta possui 1,2 mil milímetros de diâmetro. Com isso, o sistema da ETA Corumbá terá capacidade para tratar 2,8 mil litros de água por segundo, que será bombeada até a cidade de Santa Maria para ser distribuída à população do DF.
Solução paliativa
O professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília (UnB) Sergio Koide comemora a conclusão do Sistema Corumbá. "Essa obra vai reforçar a água de várias regiões", opina. Para ele, no entanto, existe um contraponto. "A questão é que existem alguns lugares que ainda não estão ligados a esse sistema, como Sobradinho, Planaltina e Brazlândia", lembra. "Para os dois primeiros, há um projeto para fazer essa interligação com o sistema. Já Brazlândia, possui um sistema próprio, que é muito afetado no período de estiagem", detalha Koide.
Em 2019, quando os trabalhos estavam 95% prontos — na parte conduzida pela Caesb —, o especialista da UnB disse que o longo atraso não traria problemas de abastecimento aos brasilienses. Na mesma época, porém, alertou que o GDF precisaria trabalhar em soluções além do Sistema Corumbá IV. "Isso porque o abastecimento de Corumbá tem altos custos", destacou.
Em 2022, o cenário permanece o mesmo, na opinião de Koide. "O sistema está a uma distância muito grande do DF. E o gasto de energia para trazer a água até aqui vai encarecer os custos para a Caesb, algo que deve se refletir — mesmo que num valor mínimo — nas contas do consumidor", aponta. Sergio também afirma que, em um planejamento a longo prazo, a melhor solução para a capital seria construir uma estação mais próxima à população — como por exemplo na barragem Lago Paranoá. "É um projeto de uma estação convencional. E o terreno, a Caesb já tem", conclui o especialista.