"A gente tem essa discussão se é efetivamente e simplesmente um aumento da violência ou se, por exemplo, um caso como esse a gente consegue identificar a existência do crime que a gente nomeia de feminicídio de fato e não um assassinato como tratado anos atrás, que as mulheres entravam na estatística geral. Era tido como assassinato. Enquanto, na verdade, não eram pura e simplesmente um assassinato. É um feminicídio. As mulheres morrem por serem mulheres, pela relação de posse em uma sociedade ainda extremamente patriarcal e machista e que as relações entre homens e mulheres são pautadas por esse desequilíbrio e por essa relação de posse.
Hoje a gente consegue nomear isso. Hoje a gente tem base legal. Tem lá na Maria da Penha, tem toda a reformulação penal, tem o aparato judiciário compreendendo isso. Então, já é uma mudança no Estado. Porque até então o próprio estado não enxergava isso. Mas ainda precisa muito para que as mulheres primeiro consigam compreender o ciclo de violência, depois elas tenham efetivamente os espaços para denunciar e para ter o suporte. E aí é por isso que quando a gente fala na importância dessa discussão nas escolas, porque é um dos principais vetores que atinge a todo mundo. As escolas discutirem isso, o estado promover em vários espaços de discussão junto com a sociedade dizendo tipos de violência".
Moema Bragança, Coordenadora do curso de serviço social da Universidade Católica de Brasília (UCB)