O céu azul e que toma um colorido em tons rosa, laranja e amarelo, no crepúsculo, somado ao horizonte panorâmico de Brasília chama a atenção de visitantes e moradores do Distrito Federal. A cidade construída com o abraço da cultura de todos os cantos do país, tem sua história de 62 anos narrada pelo primeiro jornal da nova capital, desde o início. Na exposição Brasília e Correio Braziliense 61 1 anos de história, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), os visitantes são convidados a mergulharem em um túnel do tempo pelas capas publicadas, ano a ano, no aniversário da cidade, em 21 de abril.
Há quase dois anos em Brasília, Gabriel Eich, 24 anos, deixou o interior do Rio Grande do Sul para ter mais oportunidades na carreira de designer gráfico. "Aqui, tem mais chance de desenvolvimento, trabalho com a questão de marcas e identidade visual. Acabei gostando muito, por ser uma cidade grande, diferente de onde morava, além do clima, que me agradou", ressalta. Gabriel foi ao CCBB convidado pela amiga Natalia Rezende, 22, para conhecer o que ela considera ser um local bem brasiliense.
Moradora do Guará 2 e estudante de medicina, Natalia nasceu na capital, mas ainda na infância, mudou-se com a família para Florianópolis. "Voltei para o DF há quase quatro anos, por opção, porque prefiro aqui, em relação à oportunidade, as exposições, os eventos e a diversidade de pessoas, de diferentes culturas e gostos", detalha.
O CCBB atrai pelas exposições culturais, pelos brinquedos para as crianças e pelo espaço amplo. A empresária Ana Flávia Oliveira, 37, revela que já foi ao local para fazer uma prova on-line, devido a tranquilidade que ele proporciona. Nessa sexta-feira (29/4), a moradora do Jardim Botânico, aproveitou a grama e a sombra das árvores para um piquenique com a sogra, enquanto admirava a Ponte JK e descobria as capas do Correio Braziliense na exposição. "Amo o Lago e essa vista aqui é incrível. Sempre que preciso de um lugar mais tranquilo, para respirar, eu venho aqui. Cheguei em Brasília faz quase 20 anos, vinda de Anapólis (GO), e não penso mais em voltar. Sou apaixonada pela cidade. A minha vida se construiu em Brasília", confessa.
De 1983 e ainda atual
Apesar do pouco tempo para visitar e conhecer todas as belezas de Brasília, nesta primeira viagem que o assistente técnico Gustavo Paiva, 38, conseguiu ver algumas atrações da capital. Nascido em 1983, o morador de Divinópolis (MG) parou para ler a capa do Correio Braziliense publicada no ano de seu nascimento. "Essa notícia, do Reagan dizer que as armas iriam explodir a democracia, é algo que eu concordo. Acho que gentileza gera gentileza, e armas acabam por gerar somente guerra", pondera o visitante. Vindo a trabalho, Gustavo conseguiu curtir com os colegas um passeio no Pontão e tirou fotos no Lago Paranoá. Mas a tarde dessa sexta-feira tinha destino certo: o CCBB. "O que acho mais extraordinário é a vista de Brasília, o céu tão azul e a forma como podemos ver o horizonte: essa vista tão panorâmica. É algo que me fascina muito", confessa.
Ralação desde o nascimento
As amigas Mônica Cruz (D) e Bárbara Rodrigues, ambas com 28 anos, aproveitaram a exposição e conferiram, também, a capa publicada no ano em que nasceram. Em 1993, o plano econômico de Itamar alterou o cruzeiro. No entanto, a notícia que as moradoras do Lago Sul acharam mais curiosa era a de que "brasilienses terão metrô em 365 dias". "Depois de tanto tempo, o metrô não mudou muito, porque ele não abrange tantas regiões", opina Bárbara. Nascidas e criadas no DF, as duas afirmam que a arquitetura e a qualidade de vida são pontos positivos. "Acho que para o futuro, para os outros aniversários de Brasília, a nossa expectativa é que a cultura chegue a outras regiões do DF, não fique apenas focalizada em alguns pontos, ou com o acesso limitado a algumas classes", defende.
Amor por gerações
A notícia de destaque de 1976, ano em que nascia Veronica Jordão, 45, apontava que uma greve do setor ferroviário afetava 17 milhões de japoneses. A servidora pública lembra que chegou a Brasília em 1999, vinda do Rio de Janeiro. "No começo, sentia muita falta e queria voltar (para a cidade natal), mas, depois que tive meus filhos — Sophia, 10; e Dante, de 7 —, percebi toda a segurança que a cidade traz e o lazer que temos aqui para as crianças. Brasília é uma ótima cidade para se criar os filhos", destaca. De uma metrópole litorânea, a moradora da Asa Norte pondera: "o mar de Brasília é esse céu, acho incrível que ele tem todas as cores. É lindo demais". Depois de quase 23 anos morando na capital, Veronica brinca: "se eu ganhar na Mega-Sena, viajo o mundo inteiro, mas volto para morar em Brasília".
Um refúgio da correria
A capa publicada no ano de nascimento de Sabrina Ottani, 42, em 1980, traz a notícia da greve dos metalúrgicos na região da ABC Paulista. Sabrina é natural de Brasília e morou dez anos na Espanha e na Inglaterra. "O que mais senti falta durante esse período foi o verde que temos em Brasília, quando estamos aqui, pensamos que o verde é muito natural e não valorizamos. Espero que as próximas gerações mantenham essa tradição de preservar os espaços que temos aqui", avalia. A economista utiliza os locais abertos como um refúgio, principalmente devido à pandemia. "Depois de tanto tempo isolados, percebemos a importância que tem esses locais de vegetação, com grama e árvores. Todo domingo venho ao CCBB e fico aqui, no gramado, utilizo esse tempo para ler; escrever; pensar. É uma rotina. É maravilhoso poder ter esse espaço", garante.
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Visite
Exposição Brasília 61 + 1 anos de história
» CCBB Brasília, de 21 de abril a 20 de
maio de 2022
» De terça-feira a domingo, das 9h às 21h
» Localização: SCES, Trecho 2, Lote 22, Brasília, DF
» Telefone: (61) 3108-7600
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