Saúde pública

Família do DF vende a própria casa para custear cirurgia particular

Jovem ficou duas semanas na ortopedia do Hospital de Base. Com risco de trombose e de diminuição da perna, a família vendeu a própria casa, no Gama, para arcar com o procedimento cirúrgico, no valor de R$ 30 mil

Pablo Giovanni*
postado em 29/04/2022 17:30 / atualizado em 29/04/2022 20:45
Paciente aguardou por duas semanas no HBDF para cirurgia. Com a demora, família decidiu vender a própria casa, no Gama, e arcar com os custos da cirurgia, em um hospital particular de Águas Claras -  (crédito: material cedido ao Correio)
Paciente aguardou por duas semanas no HBDF para cirurgia. Com a demora, família decidiu vender a própria casa, no Gama, e arcar com os custos da cirurgia, em um hospital particular de Águas Claras - (crédito: material cedido ao Correio)

A família de Lukas Amorim, de 23 anos, precisou vender a própria residência onde moravam, no Gama, para custear a cirurgia no fêmur e no ombro do jovem, após ficar duas semanas na ortopedia do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) e não ser submetido a procedimentos cirúrgicos.

De acordo com a família, o jovem estava andando entre o Conjunto Nacional e a Rodoviária do Plano Piloto, em 15 de abril, por volta das 0h30, quando foi abordado por três suspeitos, um deles com um facão. Ao tentar fugir dos assaltantes, Lukas caiu do viaduto, fraturou o fêmur esquerdo, quebrou o ombro direito e acabou tendo os pertences levados. Ele foi resgatado por uma viatura da Polícia Militar do DF (PMDF), que passava no local na hora.

Pela situação do jovem — que foi levado ao HBDF pelos policiais — ser de extrema urgência, o pai e a mãe de Lukas decidiram vender a residência onde moram, no Gama, para custear a cirurgia em uma clínica hospitalar, em Águas Claras. Havia a possibilidade da diminuição da perna e o risco de trombose. “Ele ficou no Base por duas semanas. O valor da cirurgia em um local particular estava em torno de R$ 31 mil”, contou a mãe do jovem, bastante abalada, ao Correio. Ela preferiu não se identificar.

Segundo a mãe de Lukas, com a residência vendida pela metade do preço de mercado para custear a cirurgia, a família, agora, alugará um imóvel para morar. O jovem recebeu alta no início da tarde desta sexta-feira (29/4), e ficará na casa da avó, em Taguatinga, para o pós-operatório.

  • Paciente aguardou por duas semanas no HBDF para cirurgia. Com a demora, família decidiu vender a própria casa, no Gama, e arcar com os custos da cirurgia, em um hospital particular de Águas Claras material cedido ao Correio
  • Exame de imagem feito no HBDF mostra fêmur do jovem material cedido

O que diz o Iges-DF

Responsável pela gestão do Hospital de Base, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF) pontuou que existem 42 pacientes internados aos cuidados da ortopedia na emergência e mais outros 42 internados nas enfermarias, aguardando cirurgia.

O instituto ainda alegou que “as equipes da ortopedia operam ininterruptamente os pacientes da emergência, além de atender a fila regulada pela Secretaria de Saúde de cirurgias eletivas”. Sobre o paciente Lukas, que ficou na ortopedia do HBDF por duas semanas, o Iges, às 19h01, atualizou a nota afirmando que o jovem estava na lista para cirurgia, contudo deixou o Hospital de Base na tarde de quinta-feira (28/4). A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) trabalha para identificar os envolvimentos no assalto contra o jovem.

*Estagiário sob a supervisão de Sibele Negromonte

 

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