A segurança alimentar infanto-juvenil e os efeitos da pandemia na saúde foram as temáticas abordadas na edição de quarta-feira (27/4) do CB.Saúde — uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília. A endocrinologista Michele Borba foi entrevistada pela jornalista Carmen Souza e falou sobre a forma como os brasilienses e os brasileiros cuidam da própria saúde, mesmo sob a influência do cenário pandêmico.
Michele iniciou a entrevista falando sobre a diferença na balança dos brasileiros. “A pandemia foi um período inusitado e a gente não esperava ficar em casa quase dois anos. Isso trouxe consequências: a média de ganho de peso, em adultos e crianças ou jovens foi de seis quilos, no período. É um ganho importante, que pode afetar a transição da adolescência, no crescimento, e pode atrapalhar direta ou indiretamente nisso, assim como o sedentarismo e as demais consequências dessa situação”, explica.
No cenário local, a situação também é alarmante, segundo a médica. “Hoje, no DF, essa estatística de pessoas acima do peso é de 55%. Ter esse percentual traz outras doenças associadas. No Brasil, a gente já convive com 9% da população com diabetes, que caminha juntamente com a obesidade. A estatística é um pouco assustadora e a gente precisa colocar a realidade para criar políticas de tratamento, saúde e até que a população procure ajuda”, relata.
A aceitação própria também foi tema da entrevista. Michele falou sobre o autocontrole. “Na verdade, é complexo. Entendo que estar acima do peso te leva a consequências futuras, agora ou a médio e longo prazo. Até onde vai a sua responsabilidade consigo mesmo, de cuidar da sua saúde? Não é sobre a busca de um corpo perfeito. Falo, de certa forma, em uma responsabilidade social”, diz.
A disciplina é fundamental nesse cuidado, de acordo com a médica. “É importante que tenhamos aceitação e autoestima trabalhada, o que vai fazer a gente querer se cuidar. Simples é buscar saúde e pensar que a gente precisa ter uma meta que vai além da saúde, o que é muito pessoal. Essas metas devem ser pensadas como algo que faz você ter força e determinação”, destaca.
Michele também falou sobre a genética e os fatores hereditários. “Influencia na manifestação ou nos genes do feto. A obesidade começa na formação do indivíduo, no bebê que chega a uma família com ambiente obeso gênico, o que também faz a modificação no fenótipo, em uma manifestação que se pode ver em gêmeos — duas crianças muito parecidas, uma obesa e a outra, não. É algo a se refletir”, argumenta.
*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel
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