Investigação

Suspeito de comandar golpe do empréstimo consignado tem rosto divulgado

Segundo o delegado da 9ª DP (Lago Norte), que cuida do caso, trata-se de Carlos Juliano, 36 anos. O acusado está com mandado de prisão em aberto e encontra-se foragido

Pedro Marra
postado em 28/04/2022 15:21 / atualizado em 28/04/2022 15:22
 (crédito: PCDF/Divulgação)
(crédito: PCDF/Divulgação)

Um dos suspeitos de envolvimento no golpe do empréstimo consignado teve a imagem divulgada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) nesta quinta-feira (28/4). Segundo o delegado da 9ª DP (Lago Norte), que cuida do caso, trata-se de Carlos Juliano Souza dos Santos, 36 anos. O acusado, indiciado por lavagem de dinheiro e estelionato, está com mandado de prisão em aberto e encontra-se foragido

A investigação mostra que os indivíduos fazem parte de uma associação criminosa responsável por golpes do consignado, fazendo vítimas no DF e em outras unidades de Federação. Na manhã de terça-feira (26/4), em Canoas, no Rio Grande do Sul, três pessoas foram presas temporariamente. 

Além dos três mandados de prisão temporária, a equipe da 9ª DP, com o apoio da Polícia Civil do Rio Grande do Sul (PCRS), cumpriu outros oito mandados judiciais, sendo cinco de busca e apreensão e três de sequestro de bens. 

Como funcionava o golpe

De acordo com as investigações, o esquema funcionava por meio de uma empresa de fachada montada pelos criminosos para efetivar contratos com grandes instituições financeiras e funcionar como correspondentes bancários. Com o acesso à informação privilegiada dos próprios bancos e da "darknet", os suspeitos descobriam os dados pessoais de pessoas que já possuíam empréstimos consignados.

Com os dados das vítimas em mãos, a quadrilha fazia contato por WhatsApp para oferecer a portabilidade dos créditos para outros bancos com taxas de juros reduzidas. As vítimas eram iludidas pelas propostas, autorizavam a transação e repassavam os dados e cópias de documentos aos criminosos. Com isso, os golpistas contratavam a liberação de outros empréstimos consignados.

Os valores dos novos empréstimos eram depositados na conta da vítima, que era induzida a pagar um boleto sob o pretexto de quitação do crédito original com taxas mais atrativas. Os golpistas mandavam um boleto falso com os dados do banco, mas o código de barras indicava a conta de "laranjas'.

Sem perceber ou desconfiar, a vítima pagava o boleto pensando que estava quitando o consignado original para portabilidade, mas estava transferindo os valores dos novos empréstimos para a conta dos criminosos.

Depois de aplicar o golpe, os criminosos bloqueavam a vítima no WhatsApp, deixando-a com duas dívidas: a original e as outras obtidas pelos criminosos. Uma das vítimas do DF acabou com uma dívida de R$ 200 mil, por conta do consignado original de R$ 50 mil e outros dois feitos pelo grupo nos valores de R$ 50 mil e R$ 100 mil.

Os descontos do empréstimo consignado são efetivados diretamente na folha de pagamento. Com isso, as vítimas acabavam com a própria subsistência comprometida. Elas não conseguem cancelar o empréstimo no banco e são obrigadas a pagar algo que não contrataram.

Saiba como começou a investigação

Ao localizar a origem das mensagens, a PCDF descobriu que o grupo estava em Canoas (RS), a mais de 2 mil km de Brasília. Segundo a investigação, os criminosos sempre escolhiam vítimas de outros estados, justamente para dificultar a apuração policial. Em Canoas, os golpistas tinham uma sala alugada e funcionários. Os suspeitos usavam o local para procurar as vítimas em todo território nacional.

Os agentes que cumpriram os mandados de prisão informaram que os criminosos custaram a entender que os policiais que entravam nas casas eram da Polícia Civil em decorrência de vítimas do grupo que residem na capital.

Na operação, foram cumpridos mandados contra o proprietário da empresa de fachada e contra as duas principais pessoas responsáveis pelo recebimento dos valores desviados. Ao todo, foram efetivamente bloqueados nas contas encontradas cerca de R$ 130 mil, além de documentos e celulares apreendidos que serão analisados pela polícia para dimensionar o tamanho do grupo e localizar eventuais outras vítimas.

Os criminosos serão indiciados pelos crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro e fraude eletrônica. Com as penas somadas, os golpistas podem pegar 21 anos de reclusão.

Alerta

De acordo com a PCDF, os golpes do consignado têm se tornado epidêmicos no DF e em outros estados. Seguindo o modelo utilizado pelos criminosos, existem diversos grupos efetuando o mesmo golpe. De posse de informações privilegiadas, os estelionatários passam a assediar as vítimas com promessas de melhores taxas de juros e parcelas mais baixas.

A polícia alerta a sociedade para esses contatos via WhatsApp, destacando a importância de buscar, pessoalmente, no banco, a confirmação dessas propostas antes de efetivar transferências. É também muito importante não se deixar enganar pelas aparências. Em um boleto bancário, o que vale são as informações contidas no código de barras. Antes de pagar, o indivíduo deve verificar no leitor o verdadeiro beneficiário.

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