O espancamento de um adolescente, de 14 anos, no Núcleo Bandeirante, pelo vizinho Victor de Sales Batista, 27, chocou os moradores da Vila Nova Divinéia. O caso aconteceu no sábado, quando o homem deu vários chutes e socos no garoto, com a vítima caída no chão, em uma quadra esportiva do bairro. Até o fechamento desta edição, o acusado era considerado foragido da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Ao Correio, a mãe da vítima, Vera, 44, relata que os assobios que o filho dava para ela abrir o portão de casa irritavam o agressor e teriam motivado o ataque. O suspeito esteve envolvido em outros episódios de violência, de acordo com a Polícia Militar do DF (PMDF). Em 2016, a corporação foi acionada para atender a uma ocorrência de vias de fato entre irmãos, em que Victor deu um tapa no rosto da irmã após uma discussão. Em agosto do ano passado, a PM atendeu a uma chamada de crime de ameaça com os mesmos envolvidos.
Com olhar tenso e de indignação, Vera pede que a polícia capture o agressor do adolescente. "Quero que a justiça seja feita", exige a cuidadora de idosos. Vera contou que o vizinho ameaçou o filho dela há uma semana. "Ele estava xingando meu menino porque estava incomodando, dizendo que o menino ficava assoviando", lembra a mãe da vítima.
Em seguida, Vera ouviu do vizinho uma ameaça de morte contra o filho. "Se você não matar ele, quem vai matar ele sou eu, dizendo que não tem medo de polícia", detalha. Vera ressalta que o filho ficou com as marcas do sapato de Victor nas costas. "O meu menino é uma criança normal, que gosta de brincar, e tem hiperatividade", explica a mãe do adolescente.
Outros vizinhos afirmam que o homem não costuma cumprimentar os moradores e, normalmente, sai para fazer caminhadas. Sobre o menino, dizem ser uma criança normal, como qualquer outra. "Nós temos um grupo no celular e vamos aos fins de semana para o campo brincar, mas, dessa vez, aconteceu isso (o espancamento)", conta um homem, que não quis se identificar.
Cabeleireiro da região, Henrique Eduardo Ferreira da Silva, 40, nunca falou com o agressor, só o avistou de andando pela área. "Pode esperar que ele vai arrumar um problema se for visto na rua, porque eu conheço a minha quebrada, e os caras vão cobrar isso aí. Se ele tem problema psicológico, tem que se tratar, porque não dá para gente ficar convivendo com um cara desse aqui, porque isso é covardia pura", protesta Henrique. Ontem, um grupo de pessoas foi à casa do acusado para cobrar que ele se entregue à polícia.
Em depoimento na 11ª Delegacia de Polícia (Núcleo Bandeirante), o adolescente contou aos policiais civis que Victor o havia ameaçado outras vezes e sempre falava que "não ia com sua cara". O sargento da Polícia Militar do DF Rafael Gormid atuou na ocorrência, sábado, e ressalta que a equipe do 25º Batalhão de Polícia Militar (BPM) do Núcleo Bandeirante fez varredura para encontrar o agressor na região, mas sem sucesso. "Essa área é muito tranquila, e realmente a gente ficou perplexo com tamanha violência empregada nessa situação, principalmente na Vila Nova Divinéia", avalia o militar.
A Polícia Civil informou que Victor iria se apresentar na unidade policial para prestar depoimento. A vítima foi encaminhada ao Instituto de Medicina Legal (IML) para o exame de corpo delito. O adolescente está bem e frequentou a escola, ontem.
Apoio na CLDF
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa Distrito Federal (CLDF), Fábio Felix (Psol), pediu prioridade absoluta de responsabilização do agressor e de acompanhamento psicossocial do adolescente. "Precisamos dar um recado para a sociedade de que esse tipo de violência é intolerável", declarou o distrital, ontem.
Segundo o parlamentar, a brutalidade com quem um adolescente foi atacado pelo vizinho é absurda. "Na Comissão de Direitos Humanos, temos recebido com preocupação denúncias de violações a crianças e adolescentes", concluiu Felix.
Colaborou Darcianne Diogo
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