Entrevista / Ibaneis Rocha, governador do Distrito Federal

Foco na paridade salarial

Ao CB.Poder, o chefe do Buriti ressalta o reajuste de 10% para as forças de segurança, que aguarda encaminhamento do presidente Bolsonaro. Ele avalia, ainda, que concurso público é a melhor forma de estabelecer políticas de Estado

Ana Maria Campos Denise Rothenburg Eduardo Fernandes*
postado em 20/04/2022 00:01
 (crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)
(crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)

Saúde e segurança são pontos cobrados pela população do Distrito Federal em qualquer governo. Em entrevista às jornalistas Ana Maria Campos e Denise Rothenburg, o governador Ibaneis Rocha avalia que o cenário entre os dois quesitos precisa de melhorias. "Quando assumimos o Distrito Federal, tínhamos metade das delegacias fechadas, que não funcionavam 24 horas. Conseguimos abrir as delegacias do DF e contratamos muitos policiais", destacou, ontem, ao CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília.

Em relação a segurança,
quais são os projetos para essa área? Na última semana, o jornalista Gabriel Luiz sofreu um ataque, mas houve uma resolução rápida. 

Avançamos muito na área de segurança. Basta lembrar que, quando assumimos o Distrito Federal, tínhamos metade das delegacias fechadas, que não funcionam 24 horas. Conseguimos abrir as delegacias do DF e contratamos policiais. A Academia de Polícia Militar trabalha com todos os cargos cheios, desde o início do nosso governo. Melhoramos o efetivo e os equipamentos. Reduzimos quase todos os índices de criminalidade. Mas ainda acontece, e precisamos das soluções. Estão de parabéns a Polícia Civil (PCDF) e o Corpo de Bombeiros (CBMDF), que fez um atendimento rápido;e o Hospital de Base, que realizou todas as cirurgias. Não podemos negar que avançou, mas ainda tem muito que avançar. Os efetivos policiais diminuíram ao longo do anos, em razão das aposentadorias. Temos que recompor todos esses quadros.

Uma demanda das forças de segurança é a recomposição salarial. O senhor anunciou um reajuste de 10%, mas associações avaliam que a Polícia Civil teve um reajuste maior do que a da Polícia Militar.

Essa é uma discussão plástica. Na verdade, o cálculo que foi feito tem uma diferença de descontos. O da Polícia Militar é menor do que o da Polícia Civil. Na hora de fazer os abatimentos previdenciários e das contribuições de tributos, existe uma diferença entre as duas categorias.

A área técnica do governo calculou de uma forma que seja isonômica?

Foi feito para que os dois tivessem os 10% da mesma maneira. Aguardamos que o presidente Bolsonaro encaminhe essa recomposição. É um compromisso nosso com as forças de segurança do DF. Temos carreiras que ganham muito e outras que recebem bem pouco. Caso sejamos reeleitos, vamos trabalhar para dar racionalidade ao serviço público. Temos, dentro do mesmo grupo, pessoas que ganham 18 e outras 10. É preciso ter o nível médio e superior e ter salários equiparados em todas as categorias, para atender a todos da mesma forma, com todos ganhando aquilo que é merecido pelos serviços que prestam.

Isso seria um plano de reestruturação administrativo para um segundo mandato?

Eu quero começar isso agora. Pedi ao secretário Itamar que iniciasse os estudos reunindo as carreiras para que possamos retirar essas distorções. Ele vai sentar com todas as categorias para mandarmos uma proposta orçamentária que contemple alguma diminuição nessas distorções.

Isso pode acarretar novos concursos?

Precisamos de concursos. Todos aqueles que temos necessidades, estamos autorizados. Eu acredito no concurso público como uma forma de dar estabilidade dentro das relações do governo. Você precisa ter políticas de Estado formada, não só com governo. E, para isso, precisamos de servidores estáveis.

O senhor não defende a reforma administrativa que está tramitando na Câmara dos Deputados?

Acredito que tem muito a prejudicar. Ela tem alguns pontos positivos. Acredito que se pode dar, em determinados momentos, uma liberdade para o administrador público. Tivemos, por exemplo, a pandemia, e precisamos criar uma proposta de emenda constitucional (PEC) para autorizar a contratação de servidores da saúde. Você precisa dar uma mobilidade para esse gestor público em casos emergenciais. Se tiver que fazer um concurso público, até chamar um servidor, demora cerca de um ano. Sendo assim, não se consegue cobrir casos emergenciais. Precisa ter algumas aberturas, que a proposta contempla.

Em relação a pandemia, o senhor está mais seguro de que as coisas estão mais tranquilas, de que há leitos nas UTIs, caso sejam necessárias mais internações?

Essa virada de chave no serviço público é muito difícil. Passamos isso entre a primeira e segunda onda. Tivemos momentos de bastante dificuldades, porque você precisa retirar pessoas que estão hospitalizadas, porque não consegue, simplesmente, criar leitos de UTI, eles não saem do nada. O que se pode fazer é remanejá-los para o atendimento da covid-19.

*Estagiário sob a supervisão de Guilherme Marinho

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