É impossível se contar a história cotidiana de Brasília, em seus 62 anos, sem consultar o acervo do Correio Braziliense. Mais de 20 mil edições diárias, mais de 6 milhões de notícias e outro tanto de imagens da cidade que ganhou um jornal no dia em que nasceu. Se haveria uma nova capital, então deveria haver também um diário com as notícias do lugar que estava sendo inventado.
E se era preciso um jornal, Assis Chateaubriand, criador dos Diários Associados, foi buscar um que tinha a força simbólica necessária para dar conta do projeto de Brasília, o Correio Braziliense, primeiro jornal brasileiro, editado e imprenso em Londres. O império português proibia a edição de folhetins noticiosos na colônia.
Brasileiro nascido em Sacramento, então terras da Coroa Portuguesa (hoje uruguaias), Hipólito José da Costa publicou o Correio Braziliense de 1808 a 1823. Defensor de ideias liberais, da independência do Brasil, Hipólito também queria que a capital fosse transferida para o interior do território como forma de ocupar o país continental e se proteger de eventuais ataques estrangeiros.
Depois de 137 anos, o Correio Braziliense renasceu com a força simbólica de sua história e com um nome que expressava inteiramente o lugar onde ressurgia: o gentílico brasiliense. Chateaubriand decidiu manter a grafia arcaica, com z, como uma homenagem ao primeiro jornal brasileiro.
Com as pontas da história reatadas quase magicamente, o Correio Braziliense iniciou sua nova fase na inauguração de Brasília, 21 de abril de 1960, com um esforço de jornalistas, gráficos, pessoal de administração e publicidade que se comparava à dedicação heroica dos candangos na construção da nova capital. Havia dias, logo no início, que era preciso carregar água, onde quer que houvesse, para ser usada na impressão do jornal. E se as torneiras secavam, também faltava energia elétrica e os jornalistas terminavam suas matérias à luz de vela. E, não poucas vezes, se dormia no chão, ao lado das máquinas, de cansaço.
Em 62 anos, o Correio Braziliense colecionou prêmios nacionais e internacionais, de design e de reportagem, fez reformulações gráficas e editoriais, se tornou interativo, criou o site www.correiobraziliense.com.br e telejornais e programas comunitários e de debates.
A história de Brasília com o Correio Braziliense é um caso raro de história de amor e companheirismo entre uma cidade e um jornal. Mesmo em momentos políticos muito graves, o Correio nunca deixou de apoiar o fundador da cidade, Juscelino Kubitschek, o projeto de Lucio Costa para Brasília e o tombamento da capital como patrimônio da humanidade.
Juntos, cidade e jornal desde o nascimento.
E vale lembrar, a notícia no DF ainda conta a produção de conteúdo exclusivamente local, por meio da emissora que nasceu, cresceu e se desenvolveu como alma gêmea da capital: a TV Brasília. Saiba mais sobre a história do canal que informa — diariamente — mais de 4 milhões de telespectadores pelo link.
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