Investigação

Preso por disparar em motel, jovem relatou ameaça de coronel por mensagem

O caso ocorreu na manhã deste sábado (9/4), em um motel de Taguatinga Norte, e o jovem vai responder por porte ilegal de arma de fogo, disparo de arma e dano. O PM foi autuado por estupro

Darcianne Diogo
postado em 09/04/2022 23:16 / atualizado em 10/04/2022 16:32
Em mensagens trocadas com um amigo pelo WhatsApp, o jovem relatava o que estava ocorrendo.
Em mensagens trocadas com um amigo pelo WhatsApp, o jovem relatava o que estava ocorrendo. "Chama a polícia. Ele está mostrando a arma para mim e me ameaçando, estou com medo", escreveu. -

Mensagens colhidas pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) no celular do jovem suspostamente vítima de um estupro cometido pelo coronel da Polícia Militar (PMDF) Edilson Martins da Silva, 47 anos, foram cruciais para que o diretor de Apoio Logístico e Finanças, do Departamento de Logística e Finanças, do Comando-Geral da PM, fosse autuado por estupro. O caso ocorreu na manhã deste sábado (9/4), em um motel de Taguatinga Norte, e o jovem também está preso e vai responder por porte ilegal de arma de fogo, disparo de arma de dano.

Pela manhã, o jovem voltava para a casa na companhia de um amigo, logo após sair de um curso de mecânica no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Em depoimento, ele contou que o PM passou de carro na via e o ofereceu uma carona. Dentro do veículo, segundo o relato do rapaz, o policial começou a passar as mãos nos órgãos genitais dele e a fazer sexo oral, sem o consentimento. “A todo momento, segundo o rapaz, o militar apontava uma arma para a cabeça dele, chegando até a encostar, em forma de ameaça”, detalhou, ao Correio, o delegado Wolney Quintão, da 12ª DP.

Em mensagens trocadas com um amigo pelo WhatsApp, o colega pergunta: “Já chegou em casa?”. O jovem responde: “Ainda não. Chama a polícia. Ele está mostrando a arma para mim e me ameaçando, estou com medo”, escreveu. No trajeto, Edilson ainda passou em casa, também em Taguatinga, pegou R$ 100, pedindo para que ele usasse o dinheiro para comprar drogas. “Na residência, o rapaz chegou a fazer vídeos da garagem e tirou fotos da placa do carro do PM para enviar ao amigo, além da localização atual”, disse o delegado.

O coronel, então, dirigiu até um ponto de venda de drogas e pediu para que o estudante comprasse cocaína e lança-perfume. Na delegacia, Edilson assumiu ter usado apenas o lança. “O jovem também confessou ter usado cocaína e, depois disso, parou de enviar mensagens ao amigo”, acrescentou o delegado. Em depoimento, a vítima contou que o PM dirigiu em alta velocidade na via, de forma perigosa, até chegar no Motel Fiesta.

Fuga


Ao chegarem no local, Edilson estacionou o carro e deixou a arma dentro do veículo. Os dois subiram até a suíte e, segundo as investigações, se desentenderam, momento em que o PM desceu e buscou o armamento, o que preocupou o rapaz. Quando voltou, o estudante aproveitou o descuido do militar, pegou a arma, a chave do carro do coronel, o trancou no quarto e fugiu.

Enquanto aguardava ser atendido pela recepcionista do motel, o jovem efetuou quatro disparos para o alto. “Ele deu esses tiros para descarregar a arma e não se sentir mais em risco, pois o coronel estava ameaçando. Tanto é que ele não apontou a arma para ninguém, apenas atirou aleatoriamente”, defendeu a mãe do jovem ao Correio, que preferiu não ser identificada. “Estamos muito receosos e correndo atrás dos documentos para a audiência de custódia, porque ele agiu em defesa da integridade física”, acrescentou.


A funcionária do motel acionou a PM. Ao chegarem no local, os policiais foram até a suíte. Edilson se apresentou como coronel. Os dois foram levados à 12ª DP. O jovem foi atuado por porte ilegal de arma, disparo e dano. Enquanto o policial, deve responder por estupro. Ambos vão passar por audiência de custódia neste sábado.

Em nota, a Polícia Militar informou que será aberto processo apuratório para esclarecimento das circunstâncias do fato e que a corporação não coaduna com nenhum tipo de desvio de conduta de quaisquer de seus integrantes. Até o fechamento dessa reportagem, o Correio não havia localizado a defesa de Edilson. O espaço permanece aberto para manifestações.

 

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