Vizinhos do acusado de estuprar a filha de 29 anos e mantê-la em cárcere privado, no Gama, conversaram com o Correio e ressaltaram que o criminoso, de 60 anos, tem uma extensa ficha, incluindo quatro condenações pela Lei Maria da Penha, roubo, latrocínio e homicídio — o qual foi sentenciado a 30 anos de prisão. As informações foram confirmadas pela Polícia Civil. No entanto não foi divulgado quando ele saiu da penitenciária. "Ele é um cangaceiro", disse um morador da região que não quis se identificar.
Delegado à frente do caso da 14ª Delegacia de Polícia, William Andrade explica que a perícia identificou material biológico do suspeito junto a facas que ele guardava no quarto em que a vítima ficou por seis dias. Segundo as investigações, ela sofreu diversos estupros cometidos pelo pai. Ele está preso preventivamente.
A vítima vive no Peru, desde os 10 anos de idade. Após a mãe falecer, ela resolveu vir à Brasília. Na sexta-feira, desembarcou no Distrito Federal para regularizar documentos, buscar o filho de 5 anos — que mora com uma tia — e rever o pai, uma vez que eles não tinham contato há muito tempo. Foi quando o pesadelo começou. "Ele me controlava em tudo. Não deixava eu sair. Tomou meu celular, não permitia que eu conversasse com ninguém nem com meu tio (irmão do próprio suspeito)", conta a peruana naturalizada. Ela tem outros dois filhos que estão no Peru.
Na quarta-feira, os dois estavam a caminho de uma unidade do Na Hora, em Taguatinga, para regularizar os documentos, mas a moto do pai parou de funcionar. Ela, então, chamou um carro por aplicativo. Quando notou que o atendimento para tirar passaporte e a identidade é feito por policiais, a vítima detalhou todo o abuso que havia sofrido durante seis dias. Antes de chegar no Na Hora, a 14ª DP já havia recebido denúncias anônimas sobre os crimes e prenderam o acusado no momento em que ele chegou à unidade para encontrar a filha.
Medo constante
Ao Correio, a vítima diz que foi muito questionada por não ter "simplesmente ligado para a polícia". Para onde olhava na casa, havia facões pendurados. A lembrança mais marcante é de temer pela própria vida. "Eu pensava com quem meus filhos iam ficar", revela, com lágrimas nos olhos. Segundo ela, o pai a tratava com infantilidade durante os estupros e não parava os ataques apesar dela chorar implorando.
Os abusos começaram no primeiro dia dela em Brasília. Depois de saírem para se divertir, ambos dormiram. Ela acordou com dores e percebeu que o pai a havia estuprado. Se sentindo acuada e vulnerável, a vítima questionou o criminoso sobre os abusos. Ele respondia que "o mundo estava moderno e pais e filhos terem relações sexuais era bíblico".
Por meio de um dos centros de referência e assistência social (Cras), ela deve voltar ao Peru na próxima semana.
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