Cerca de 50 moradores de Taguatinga foram à Praça do DI na manhã deste sábado (2/4) para protestar contra a venda de parte do terreno da praça. Famílias, crianças, animais de estimação, artistas e moradores da cidade de todas as idades se reuniram em defesa do espaço coletivo com faixas e caixa de som.
A mobilização começou depois que a comunidade foi informada de que, aproximadamente um terço da praça, uma área de 800 m², foi vendida pelos Correios para uma instituição de iniciativa privada.
O medo — e a suspeita — dos moradores é que a empresa em questão construa um posto de gasolina ou prédio comercial no local. “Vamos trocar área verde e encontros culturais por carros que só vão passar e abastecer?”, questiona Marconi Scarinci, 61 anos.
O professor de filosofia e vice-presidente do Conselho de Cultura de Taguatinga mora na cidade desde 1969 e afirma que a privatização do espaço é inadmissível. Marconi acrescenta que a praça é um dos poucos pontos de encontro que resistem na região e é preciso lutar por ela.
O skatista Jonathan Sucupira, 38, é outro defensor do espaço e garante que foi ali, na pista de skate que hoje não existe mais, que começou sua trajetória no esporte. “Precisamos reverter essa situação e dar vida de novo para a praça, encher de gente, criança, esporte e cultura”.
Uma das organizadoras do movimento, Leda Gonçalves, 57, chama a população para ocupar a praça e afirma que a luta não está perdida. “Não podemos permitir que o poder econômico e o poder político transforme o pulmão de Taguatinga em uma poluição insuportável”, diz.
Entenda o caso
Ao Correio, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) informou que o lote em questão é propriedade privada dos Correios. E acrescentou que a Praça do DI é um equipamento público. Isto significa que a mudança de destinação do terreno, deve, antes, passar pela análise dos técnicos da pasta, assim como ser submetida a uma audiência pública para receber o aval da população.
É necessário um aval prévio do Conselho de Planejamento Territorial e Urbano do DF (Conplan) antes que a proposta seja votada na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Até o momento, a empresa que comprou o lote não fez contato com a Seduh para formalizar a proposta de ocupação do espaço.
Os Correios esclareceram à reportagem que o imóvel localizado no Setor A Norte PCA CNA, em Taguatinga Norte, com área de 800 m² foi alienado, por meio de licitação pública, em 19 de janeiro de 2021. O terreno foi vendido por R$ 2,3 milhões, conforme disposto na Escritura Pública de Compra e Venda. A destinação da área será definida pelo atual proprietário do imóvel. O nome dos compradores não foi informado.
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